Publicado

2011-01-01

“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014

“A new cup in a new country”. Urban Interventions and the Creation of Cities for the World Cup Brazil 2014

Intervenções urbanas para “uma nova copa em um novo país”: criando as cidades para a copa 2014 no Brasil

Palabras clave:

ciudad, urbanización, marca país, mega eventos, globalización. (es)
city, urbanization, nation brand, events, globalization (en)
cidade, urbanização, marca país, megaeventos, globalização. (pt)

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Autores/as

  • Any Brito Leal Ivo Universidade Federal da Bahia
  • Giselle Andrea (traducción) Osorio Universidade Nacional da Colômbia
Este artículo discute las intervenciones contemporáneas de remodelaciones urbanas intensas y legitimadas, que han contribuido para la construcción de la “marca país” y su impacto en la ciudad y sus espacios. Es así que la arquitectura de las ciudades pasa a tener valor instrumental, estratégico para la construcción de la imagen nacional, visando el mercado globalizado contemporáneo –lo que puede constituir una verdadera amenaza para la autonomía de las ciudades, pues da lugar a nuevos patrones de poder entre las estructuras nacionales, internacionales y locales. Los mega eventos se convierten en estrategia para nuevas prácticas de intereses económicos nacionales en un ámbito global, y las intervenciones urbanas pasan a ser tácticas clave para la resignificación de la nación en ese contexto. La Copa del Mundo de 2014 en Brasil, ejemplo vivo de esas dinámicas globales, legitima una “idea de nación” positiva y fuerte en todo el mundo, reconocida internacionalmente como Brasil alza vuelo –“Brazil takes off”–. Trataremos de demostrar que esas estrategias de mercado constituyen un campo abierto, paradójico y dinámico, sujeto a la reversión de los valores –el sector privado sobre el público y la comunidad internacional sobre el lugar– con los riesgos reales y a largo plazo para la autonomía y la legitimidad de la construcción permanente de ciudades.
This article discusses the intense interventions of contemporary urban restructuring that have contributed to the construction of the National Brand and their impact on the city and its spaces. The architecture of cities is of strategic importance in the construction of a national image which seeks to benefit from the contemporary global market. At the same time it can also constitute a threat to the autonomy of cities, giving rise to new centers of power between local, national and international structures. Mega-events become the new strategy for national economic interests in a global sphere, and urban interventions become key tactics in the rebranding of the nation in this context. The 2014 World Cup in Brazil is a living example of these global dynamics which legitimize a positive and strong “idea of the nation”, recognized internationally as “Brazil takes off”. We seek to demonstrate that the implications of such market strategies remain open to debate. They are paradoxical, dynamic and subject to the reversal of values. They imply the succession of the private over the public and the international over the local, with real risks over the long-term autonomy and legitimacy of the permanent construction of cities.
Este artigo discute as intervenções contemporâneas de reestruturação urbana, intensas e legitimadas, que têm contribuído para a construção da “marca país” e suas repercussões sobre a cidade e seus espaços. Assim, a arquitetura das cidades passa a ter valor instrumental estratégico para a construção da imagem nacional, visando a mercado globalizado contemporâneo, o que pode constituir-se em um risco real à autonomia das cidades, fazendo surgir novos jogos de forças entre as estruturas internacionais, nacionais e locais. Os megaeventos tornam-se estratégicos para as novas práticas e interesses econômicos nacionais em uma esfera mundial, e as intervenções urbanas passam a constituir táticas fundamentais na ressignificação da nação nesse contexto. A Copa de 2014 no Brasil, exemplo vivo dessas dinâmicas globais, legitima uma “ideia de nação” positiva e forte no âmbito mundial, reconhecida internacionalmente como o “Brasil que decola” – “Brazil takes off”–. Buscaremos demonstrar que essas estratégias de mercado constituem um campo aberto, paradoxal e dinâmico, passível à inversão de valores –o privado sobre o público e o internacional sobre o local–, com riscos reais e de longo prazo para a autonomia e a legitimidade da construção permanente das cidades.

“Una nueva copa en un nuevo país”*
Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014

“A new cup in a new country”
Urban Interventions and the Creation of Cities for the World Cup Brazil 2014

Intervenções urbanas para “uma nova copa em um novo país”:
criando as cidades para a copa 2014 no Brasil.

Any Brito Leal Ivo
Profesora Asistente, Facultad de Arquitectura y Urbanismo, Universidad Federal de Bahía, brasileña.
anyivo@gmail.com

Traducción: Giselle Andrea Osorio
Antropóloga. Estudiante de la maestría en Urbanismo, Universidad Nacional de Colombia, colombiana.
gaosorioar@unal.edu.co

* Artículo derivado de la investigación “It’s cool: ‘Nation brand’ e ‘Cultural Brand’; It’s over: Estado Nação e cultura nacional. Um estudo crítico sobre a transformação da cultura nacional em cultura de marca-nação”, desarrollada por la PPGAU – UFBA y dirigida por Francisco Costa.

Recibido: 6 de diciembre de 2010 Aprobado: 4 de abril de 2011


Resumen

Este artículo discute las intervenciones contemporáneas de remodelaciones urbanas intensas y legitimadas, que han contribuido para la construcción de la “marca país” y su impacto en la ciudad y sus espacios. Es así que la arquitectura de las ciudades pasa a tener valor instrumental, estratégico para la construcción de la imagen nacional, visando el mercado globalizado contemporáneo –lo que puede constituir una verdadera amenaza para la autonomía de las ciudades, pues da lugar a nuevos patrones de poder entre las estructuras nacionales, internacionales y locales. Los mega eventos se convierten en estrategia para nuevas prácticas e intereses económicos nacionales en un ámbito global, y las intervenciones urbanas pasan a ser tácticas clave para la resignificación de la nación en ese contexto. La Copa del Mundo de 2014 en Brasil, ejemplo vivo de esas dinámicas globales, legitima una “idea de nación” positiva y fuerte en todo el mundo, reconocida internacionalmente como Brasil alza vuelo –“Brazil takes off”–. Trataremos de demostrar que esas estrategias de mercado constituyen un campo abierto, paradójico y dinámico, sujeto a la reversión de los valores –el sector privado sobre el público y la comunidad internacional sobre el lugar– con los riesgos reales y a largo plazo para la autonomía y la legitimidad de la construcción permanente de ciudades.

Palabras clave: ciudad, urbanización, marca país, mega eventos, globalización.

Abstract

This article discusses the intense interventions of contemporary urban restructuring that have contributed to the construction of the National Brand and their impact on the city and its spaces. The architecture of cities is of strategic importance in the construction of a national image which seeks to benefit from the contemporary global market. At the same time it can also constitute a threat to the autonomy of cities, giving rise to new centers of power between local, national and international structures. Mega-events become the new strategy for national economic interests in a global sphere, and urban interventions become key tactics in the rebranding of the nation in this context. The 2014 World Cup in Brazil is a living example of these global dynamics which legitimize a positive and strong “idea of the nation”, recognized internationally as “Brazil takes off”. We seek to demonstrate that the implications of such market strategies remain open to debate. They are paradoxical, dynamic and subject to the reversal of values. They imply the succession of the private over the public and the international over the local, with real risks over the long-term autonomy and legitimacy of the permanent construction of cities.

Keywords: city, urbanization, nation brand, events, globalization

Resumo:

Este artigo discute as intervenções contemporâneas de reestruturação urbana, intensas e legitimadas, que têm contribuído para a construção da “marca país” e suas repercussões sobre a cidade e seus espaços. Assim, a arquitetura das cidades passa a ter valor instrumental estratégico para a construção da imagem nacional, visando a mercado globalizado contemporâneo, o que pode constituir-se em um risco real à autonomia das cidades, fazendo surgir novos jogos de forças entre as estruturas internacionais, nacionais e locais. Os megaeventos tornam-se estratégicos para as novas práticas e interesses econômicos nacionais em uma esfera mundial, e as intervenções urbanas passam a constituir táticas fundamentais na ressignificação da nação nesse contexto. A Copa de 2014 no Brasil, exemplo vivo dessas dinâmicas globais, legitima uma “ideia de nação” positiva e forte no âmbito mundial, reconhecida internacionalmente como o “Brasil que decola” – “Brazil takes off ”–. Buscaremos demonstrar que essas estratégias de mercado constituem um campo aberto, paradoxal e dinâmico, passível à inversão de valores –o privado sobre o público e o internacional sobre o local–, com riscos reais e de longo prazo para a autonomia e a legitimidade da construção permanente das cidades.

Palavras-chave: cidade, urbanização, marca país, megaeventos, globalização.


Este artigo objetiva entender e desvelar algumas dimensões diversas do campo técnico-urbanístico tradicional, relativas às intervenções urbanas de grande intensidade nas cidades contemporâneas, que respondem ou convergem para as estratégias econômicas nacionais, fundadas na construção e na gestão da “marca país”. ou seja, é à luz da mecânica do nation brand, que implica a construção e gestão da imagem dos países segundo as relações de mercado mundial, tendo o estado-nação no papel de gestor da imagem coorporativa nacional, que buscaremos analisar a relevância das intervenções urbanas atuais e a reconfiguração espacial das cidades na construção da imagem nacional do Brasil contemporâneo, em um mundo globalizado.

A expressão nation brand foi cunhada por simon anholtz no final dos anos 90. segundo ele, o mundo é um “grande supermercado” onde as “nações” estão distribuídas em “diversas estantes”, podendo um país ser gerido segundo o mesmo padrão de gestão de imagem corporativa de caráter empresarial. para além da imagem visual, a gestão da imagem nacional –a marca-nação–, com base em técnicas de comunicação, significa gerenciar a reputação do país, visando a agregar valor simbólico à marca nacional para garantir e conquistar mercados.

Assim, a “marca país” e, nesse caso específico, a “marca Brasil”, quando inserida e gerida segundo esses objetivos e princípios, possibilitaria endossar as demais marcas de produtos do país, transferindo capital simbólico, agregando valor e credibilidade a todos os seus bens de consumo –incluindo as cidades como bens de consumo–, de modo a atrair investidores e consumidores no disputado panorama econômico mundial. Nessa perspectiva, a gestão de imagem do estado-nacional passaria a ser a gestão de uma marca país. e é sob essa perspectiva que o novo paradigma do nation brand é defendido e atua.

Pensar o estado-nação segundo o nation brand implica redefinir o estado segundo critérios de uma corporação empresarial inserida e comprometida nas dinâmicas do mercado contemporâneo global. se, por um lado, essa estratégia, no plano da competição entre países, possibilita a atração de investimentos e a conquista de mercados consumidores, por outro, o imperativo desses critérios empresariais contemporâneos, quando adotados e aplicados sobre aspectos de identidade, cultura, ação, comunicação e imagem, podem comprometer os valores intrínsecos da cultura nacional e a autonomia no âmbito da política e da gestão de cidades.

As transmutações do papel do estado, das cidades e de suas arquiteturas expressam novos jogos de forças nas relações entre as estruturas nacionais e locais, bem como nas relações entre o local e o global, além de possibilitar a emergência de novos agentes, o que pode implicar riscos à autonomia administrativa das cidades e ameaçar a legitimação do processo histórico permanente de construção da cidade e de seus espaços –com reflexo nas agendas urbanas, nos compromissos e prioridades, nos modelos de gestão, com rebatimentos diretos nas demandas, padrões e soluções adotadas-.

para se esclarecer o mecanismo de analise proposto, é importante distinguir o brand de produtos do nation brand. o brand de produtos, ou a gestão de venda e criação simbólica de produtos, relaciona-se e pode ser aplicado ao marketing de lugares e cidades (Kotler, Gertner, rein, Haider, 2006). visa à comercialização de um lugar para os diversos públicos: turistas, investidores diretos, moradores e mercado de exportação e profissionais. Nesse caso as cidades são tomadas como bens de consumo, inseridas na indústria do turismo, na indústria cultural e do entretenimento, entre outros vetores de mercado. É fácil encontrar exemplos dessas formas de intervenção sobre a cidade, como a intervenção no centro histórico de salvador, de Barcelona e de tantas outras cidades, vendidas como produtos para determinados ramos e públicos na indústria turística internacional e nacional.

No entanto, enquanto o brand de lugares está relacionado a uma estratégia de marketing que visa à venda ou à captação de recursos para um local e uma atividade específica1, o nation brand expressa estratégias de comunicação que visam à construção de uma “marca-país” de imagem forte e competitiva, que agregue valor, ateste qualidade, credibilidade e legitimidade a todas as demais brand de produtos de um país (cidade, tecnologia, produto, conhecimento etc.).

porém, a tarefa de posicionamento, promoção e gestão da reputação em uma escala global é familiar ao mundo do comércio, e as empresas as vêm enfrentando há mais de um século. É assim que as técnicas de gestão de marcas surgiram.

É claro que há mais diferenças do que semelhanças entre países e empresas, mas algumas das teorias e técnicas de gerenciamento de marca, se aplicadas de forma inteligente e responsável, podemse tornar ferramentas competitivas e poderosas de mudanças dentro do país e para além do país (anholt, 2007:3)2.

anholtz (2002) afirma ser comumente acusado de “engenheiro social”, por “reescrever a história” ou de ser “neo-imperialista”. para ele, a construção de uma marca forte e diferenciada permite que um país economicamente “fraco” conquiste um canal de destaque no cenário globalizado3. ele alerta que não está tratando de intervenções agressivas e de curto prazo, mas sim de uma gestão a longo prazo (em torno de quinze anos), capaz de construir a imagem única e competitiva de uma nação e de um país para o mercado internacional. trata-se de um processo de moldagem de subjetividades e percepções tanto interno (âmbito nacional), quanto externo (âmbito internacional). ele justifica esse mecanismo com a metáfora de que, utopicamente, o mundo não passa de um grande supermercado, no qual as nações estão distribuídas em diversas estantes, como “produtos”. Com essa perspectiva, ele acredita que uma boa gestão de nation brand poderia possibilitar uma alternativa em domínios exclusivamente fundados no campo econômico.

A globalização trasforma o mundo num gigantesco supermercado, onde as nações são nada mais do que produtos na prateleira, tentando desesperadamente atrair a atenção de cada consumidor que passa (anholt, 2002:234)4.

Assim, segundo o autor, o maior desafio à construção dessa imagem nacional forte e competitiva é conseguir que as diversas formas de divulgação e os diversos agentes forneçam mensagens coerentes e uniformes sobre o país, tanto ao público interno quanto ao público externo, e que as políticas deem conta de transformar o país segundo essa imagem diferencial no mercado mundial.

Pensar o estado-nação segundo o nation brand é redefinir o estado como uma corporação inserida no mercado contemporâneo, esvaziado do seu sentido político. esse processo implica riscos, ao subordinar as políticas públicas às demandas e estratégias do mercado global, em detrimento das reais demandas sociais do país, assim como ao reduzir a cultura de um povo a fórmulas homogeneizadas, simplificadas e tipificadas.

Pode-se pensar o nation brand e o desenho do estado contemporâneo segundo os valores empresariais do século XXi: marcas, e não produtos, como já declarado por Naomi Klein (2004). Costa (2003) analisa que as empresas passam a fundamentar suas estratégias competitivas de mercado sobre novos vetores, tais como a identidade, a cultura, a ação, a comunicação e a imagem.

Da mesma forma, o estado estaria gradativamente fundamentando suas estratégias de desenvolvimento sobre esses novos paradigmas de mercado, característicos das estratégias comerciais contemporâneas. as cidades e os governos são, assim, redefinidos.

Na verdade, é o conjunto da cidade e do poder que está sendo redefinido. O conceito de cidade, e com ele os conceitos de poder público e de governo da cidade são investidos de no-vos significados, numa operação que tem como um dos esteios a transformação da cidade em sujeito/ator econômico [...] e, mais especificamente, num sujeito/ator cuja natureza mercantil e empresarial instaura o poder de uma nova lógica, com a qual se pretende legitimar a apropriação direta dos instrumentos de poder público por grupos empresariais privados (vainer, 2007:89).

Essa nova perspectiva insere-se nos debates sobre “um novo capitalismo” (revista CEO Exame, abril 2009), decorrentes da crise econômica mundial e das consequentes questões sobre o desenho do estado. No Brasil, questiona-se: “estado inchado, estado indutor, estado intervencionista, estado regulador, estado produtor, estado protetor – afinal, o que queremos?” (revista Exame, edição 963, 2010). esse contexto de reposicionamento do estado favorece a instrumentalização e a racionalização do país e de sua imagem segundo os fundamentos do nation brand, que aparece, então, como um novo modelo alternativo para a gestão de nações, afinado às dinâmicas e ferramentas de mercado e fundado na gestão e criação de imagens competitivas e fortes no cenário internacional.

A visão utópica, ideológica e mercantilizada de igualdade entre nações, propagada pelo modelo de gestão do nation brand, mostra claramente os riscos e a complexidade dessa perspectiva no que concerne à política nacional. Na hipótese de adoção desses novos valores de mercado como valores nacionais, os riscos e danos aos processos políticos podem ocorrer em várias dimensões: desde uma lacuna entre a imagem da marca criada e a realidade, até a dominação e o direcionamento de políticas culturais, visando a um melhor ajuste às demandas e expectativas do mercado globalizado, quando as reais demandas sociais do país se tornam secundárias nesse processo.

No campo da arquitetura e das cidades, como bens culturais e lócus da vivência humana em coletividade, corre-se o risco da “urbanalização” na produção do espaço urbano. segundo Francesc Muñoz (2008), as cidades contemporâneas, na disputa econômica globalizada, necessitam apresentar duas tipologias espaciais: um centro histórico estereotipado e facilmente reconhecido como imagem da cidade –um símbolo histórico formal, descolado e ilhado, preservado e distinto da cidade contemporânea– e um tecido urbano contemporâneo, com um skyline de uma cidade cosmopolita. a esse fenômeno o autor chama de “urbanalização”.

E assim, avançamos estabelecendo o nexo desse fenômeno contemporâneo urbano com o nation brand, situação em que a cultura é forjada e engessada para fins instrumentais, objetivando a reafirmação de uma imagem pais (“marca país”) competitiva e reconhecida internacionalmente. dessa forma, estaríamos falando da subordinação do processo cultural e da construção histórica nacional e das cidades exclusivamente aos valores da economia mundial, com as consequências inerentes de perda do valor genuíno da cultura e de legitimidade na condução das políticas nacionais e com reflexo sobre as formas como se dá a construção coletiva permanente das cidades e da nação.

Os megaeventos na formação da imagem nacional

Sem desconhecer os valores do esporte e do entretenimento, mas observando-os da perspectiva da “marca país”, os megaeventos constituem-se em campo tático determinante de ressignificação simbólica da nação na esfera mundial. são vitrines experimentais de países e, assim, constituem vetores econômicos estratégicos para os atuais regimes de acumulação flexível.

A relação entre o evento, o capital, o nacionalismo e o mercado mundial, desde 1851 –data da primeira exposição universal–, representa a convergência de esforços e interesses em um mesmo momento e em uma mesma ação, pois as “exposições universais não apenas seriam a ponta de lança da internacionalização do capital como sistema, como também realizariam a dimensão universalizadora do imaginário burguês”(pasavento, 1997:15). as exposições de 1889 –aniversário da revolução Francesa– e a de 1900, ambas em paris, são “as mais espetaculares, as mais representativas da primeira modernidade, na sua pretensão de se apresentarem como verdadeiras enciclopédias do produzido pelo homem” (dourado, 2010).

Participar daqueles espetáculos da utopia moderna significava a representação do status progressista e tecnicista de uma nação. É um momento de comparação entre os estágios de desenvolvimento dos países participantes, quando, para algumas nações, significava a possibilidade de ressignificação das suas imagens até então vinculadas ao atraso e ao exotismo. para outras, a reafirmação desses mesmos adjetivos reproduziam a relação de interdependência de mercado –produtor e consumidor– estratégica e necessária, permitindo, da mesma forma, a exploração e a construção cenográfica desses papéis. as exposições reificavam a geopolítica internacional. eram vitrines que espelhavam espacialmente e arquitetonicamente as relações políticas, econômicas e culturais entre as diversas nações, em um mundo de economia internacionalizada.

Segundo veltz (1999), vivemos em um mundo em que a intensidade dos fluxos, característica da acumulação flexível do capital em um mundo globalizado, determina novos arranjos e possibilidades produtivas em escala mundial, resultando nos processos aparentemente paradoxais da desterritorialização do capital e da territorialização da economia.

Nesse cenário, novas indústrias surgem como vertentes relevantes da economia mundial em uma sociedade da informação: a indústria do turismo, do entretenimento, da cultura e, recentemente, reconhece-se, a indústria do esporte. a profissionalização e as cifras financeiras relacionadas ao futebol e a todas as suas dimensões permitem-nos também a referência à indústria do futebol5. esse panorama marca a passagem dos eventos internacionais de desporto, tradicionalmente associados à comunhão entre raças e nações, a megaeventos esportivos– acontecimentos esportivos instrumentais, partícipes das novas dinâmicas mundiais, impulsionados e convergentes aos interesses da economia globalizada.

Além disso, a intensa e vasta cartela cíclica de eventos internacionais dessa categoria, o potencial público de consumidor (torcedores) e os diversos setores econômicos envolvidos vêm despertando grande interesse dos governos em sediar essa categoria de eventos, conscientes da visibilidade planetária assim como da oportunidade de negócios associados.

Pela relevância financeira e pelas promessas de negócios, os governos buscam cada vez mais atrair esses happenings, visando a alcançar a multidão mundial –como consumidores diretos ou como audiência e consumo-produto indireto–. pela visibilidade, pelo montante financeiro e pelos novos agentes interessados, assim como pelo tempo e calendário determinados, a viabilização das intervenções urbanas para adequação às especificações externas e demandas particulares desses eventos é facilitada, seja no trâmite burocrático, seja em relação à viabilidade orçamentária das propostas (venturi, 1994).

Essas pressões do tempo e de grandes corporações esclarecem a relação de convergência de interesses entre os novos formatos desse tipo de evento –o megaevento esportivo, gerido como produto vinculado às indústrias de entretenimento, turismo e cultura– e atendem, ao mesmo tempo, aos objetivos da “marca país”. ou seja, abrigar um megaevento constitui uma tática fundamental para a imagem do país, por sua visibilidade mundial, assim como por constituir um vetor de propulsão econômica real, local e global. o caráter de prioridade da agenda internacional implica que todas as etapas preparatórias desse acontecimento de ordem mundial, no âmbito local, tenham tratamento prioritário, com reflexos importantes e distintos sobre os demais projetos e processos de intervenção nas cidades. elas são conduzidas, em sua maioria, em caráter de urgência e prioridade absoluta.

Se esse tratamento diferenciado das intervenções para o recebimento de eventos dessa natureza pode significar a oportunidade real de viabilizar intervenções urbanas mais significativas e em tempo breve –possibilitando atacar uma multiplicidade de questões da agenda urbana das cidades contemporâneas, as quais dificilmente seriam contempladas ou priorizadas no âmbito do orçamento federal–, esse mesmo “estado de exceção” constitui-se em um campo aberto, sem limites, podendo fazer prevalecer interesses particulares e processos de dominação de agentes externos sobre a agenda local, o que compromete a autonomia das cidades, e, em alguns casos, a legalidade da construção democrática das cidades submetidas a esses regimes externos e especiais.

As intervenções para a Copa 2014

A Copa 2014, no Brasil, vem consolidar uma nova imagem do país –O Brasil que decola– no cenário global. a Copa é a categoria de megaevento que mais se ajusta a essa nova mecânica de gestão da reputação nacional, o nation brand, por possibilitar que os jogos sejam sediados em diversas cidades do país e, assim, para além do marketing de lugares, constrói-se também uma ideia de Brasil, conforme as expectativas distintivas6 internacionais, mediante as cidades escolhidas e apresentadas como “a cara do Brasil”. No discurso do então presidente luiz inácio lula da silva, durante cerimónia de abertura da jornada para a Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014, as pretensões brasileiras aparecem: “Com o Mundial, teremos a oportunidade de apresentar ao mundo um novo momento do Brasil”7. ou seja, como afirmado pela atual presidente do Brasil, dilma roussef em sua coluna semanal “Conversa com a presidente”, no dia 15 de março de 2011:

A Copa não é apenas despesa. O Mundial vai contribuir para o nosso projeto de desenvolvimento, gerando empregos e aumentando a renda do trabalhador. Estimamos que serão criados 330 mil novos empregos diretos e 400 mil temporários. O evento tornará o Brasil uma vitrine internacional esperamos receber cerca de 600 mil turistas. No setor de infra-estrutura, os investimentos chegarão a R$ 33 bilhões, com 68% de participação do governo federal. São recursos destinados à modernização e construção de aeroportos, portos, melhorias no transporte urbano, na segurança e na Saúde. Os investimentos não servirão apenas ao evento. O legado da Copa estará presente no cotidiano de cada um dos brasileiros8.

O texto acima deixa clara a intenção do governo brasileiro, que vai além de abrigar a Copa 2014 e receber os turistas. a Copa 2014 constitui-se em um projeto para um futuro próximo, que deve mostrar ao mundo a modernização nacional, sua capacidade e força econômica e assim passa a ser um projeto de desenvolvimento prioritário. Busca legitimar uma nova posição do Brasil na geopolítica mundial: “Uma nova copa em um novo país”9. essa intenção já havia sido apontada pelo comentado número especial da revista The Economist, publicada no final de 2009, que trazia na capa a manchete “Brazil takes Off”, reafirmada na edição especial da revista Exame com a manchete: “Brazil, the country of the present”.

Como comentado pelo jornal O Estado de São Paulo em 12 de novembro de 2009: “para The Economist, parece que o Brasil entrou no cenário mundial repentinamente. sua chegada foi marcada simbolicamente pela escolha do rio de Janeiro para as olimpíadas de 2016, dois anos depois do país ser definido como sede da Copa do Mundo de 2014”.

Nessa reportagem, a revista The Economist aponta o Brasil como a quinta potência econômica mundial em 2050, mas destaca fraquezas a serem enfrentadas para a concretização dessa promessa de nação: segurança, infraestrutura (transporte, energia), educação e gastos públicos são entraves ao pleno desenvolvimento brasileiro. além desses pontos, a revista americana considera o governo brasileiro como um entrave para a eliminação de barreira e limites aos negócios. segundo esse caderno especial, a legislação do Brasil é vista como “barroca”.

Para a Fifa, os maiores desafios para o Brasil sediar a Copa de 2014 são: infraestrutura, segurança e energia –sendo dado grande destaque à inadequação das redes de transporte e de comunicação às demandas específicas do evento–. além disso, é obrigatório que os estádios estejam de acordo com as normas internacionais estabelecidas pela Fifa, publicadas com o nome de Football stadiums technical recommendations and requirements. esse documento estipula a capacidade, as estruturas de acesso, os espaços e estacionamentos. além disso, os espaços especiais para imprensa e as áreas “vip” a serem comercializadas para as grandes corporações ou destinadas aos patrocinadores tornam-se itens obrigatórios desses programas.

Sendo assim, as cidades que sediam os jogos são obrigadas a responder prioritária e fundamentalmente à agenda de fluxo externo e instantâneo para as partidas desse campeonato mundial. e, nesse ponto, fica exposta a relação entre competitividade e fluxo:

Não é à toa que as palavras de ordem do presente período são a fluidez e a competitividade, estimuladas de fora das sociedades implicadas e instaladas pela sedução das teorias ou pela violência da moeda (santos, 2008:31).

Nesse sentido, o Ministério do esporte -Me-, em 2008, assina o “termo de Cooperação técnica entre o Me, a Confederação Brasileira de Futebol –CBF– e a associação Brasileira de infraestrutura e indústrias de Base –aBdiB–, tendo como objeto a elaboração de estudos e projetos, pela aBdiB, visando subsidiar a União, estados e Municípios no que concerne à infraestrutura necessária para a realização do referido “certame futebolístico”.

Os critérios ou itens para avaliação das 18 cidades candidatas para sediar jogos da Copa envolvem nove “dimensões” específicas –mobilidade urbana, aeroportos, portos, rede hoteleira, rede hospitalar, energia, saneamento, segurança e telecomunicações–, a serem atendidas segundo os parâmetros referendados por instituições e organizações de âmbito mundial para os megaeventos. em outras palavras, as redes pontuais de serviços e os vetores de fluxo são os elementos fundamentais a serem considerados na eleição das cidades como sedes da Copa 2014.

Tal raciocínio se rebate nos projetos e programas propostos pelas diversas instâncias do poder10. isso é reforçado e comprovado quando observam-se os valores e itens a serem financiados pelo governo federal na adequação das cidades para a Copa 2014. em todas as planilhas orçamentárias relacionadas às obras de reestruturação urbana, dois itens são contemplados: mobilidade urbana (corredores estruturantes, Brt e vlt) e construção de estádios.

Os projetos da copa atendem fundamentalmente a uma racionalização espacial que contempla exclusivamente a articulação entre os pontos de desembarque internacionais (portos e aeroportos), hotéis, estádios e, em alguns casos, os “centros históricos” e/ou pontos turísticos –imagens “distintivas” do Brasil–. assim, a relação com as cidades é totalmente anulada, passando a um “espaço-resíduo”. em lugar de fluxos capilares11 ou microcirculação, os fluxos arteriais temporais e intensos, importados, estruturam as demandas locais, impondo a reestruturação da cidade em função desses trajetos impostos pela relação instantânea do local com o evento global, garantindo aos consumidores (torcedores) um acesso rápido e de qualidade aos megaeventos.

O volume de obras nas cidades12 e a intensidade dessas transformações têm rebatimentos que vão além dos impactos físicos, paisagísticos e simbólicos, mas configuram transformações que “invadem” outras esferas como a do direito. o direito à moradia13, as leis de preservação14, assim como os instrumentos legais que garantem a participação e o controle social, visando à construção de uma cidade mais democrática, passam ao segundo plano frente à grandiosidade do espetáculo para o mundo.

Ou seja, esse modelo de desenvolvimento comunga com a cidade-empresa, e suas estratégias anulam os embates, levando negação da cidade como espaço político.

Agir estrategicamente, agir empresarialmente significa, antes de mais nada, ter como horizonte o mercado, tomar decisões a partir de informações e expectativas geradas no e pelo mercado (vainer, 2000:86).

É pela relevância do consenso e da legitimidade que Borja e Castells (1997) reconhecem que as cidades contemporâneas resultam essencialmente de três dinâmicas distintas: a globalização, a concentração de atividades e funções e a comunicação. a cidade, segundo eles, é um projeto de comunicação e mobilização para a promoção interna e externa da urbe. e assim, “o simbólico se torna coadjuvante precioso do mercadológico” (santos, 2008:73)

O consenso e a legitimidade dos discursos são construídos e conferidos pelos segmentos estratégicos, sendo a cidade um artigo de luxo (vainer, 2000). É na criação da cidade como sujeito coeso e simplificado que a unidade é conseguida e o consenso atingido, ou seja, é quando o discurso da competência se instaura como concordância que os atores não-estratégicos são silenciados.

Em nome da competência, da eficiência e da agilidade do estado, novos instrumentos legais são criados, dando um caráter de excepcionalidade às obras e intervenções da Copa. a Medida provisória 496 permite que os municípios com dívida total superior à receita liquida contraiam empréstimos para as obras da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos olímpicos de 2016. segundo o discurso do presidente luiz inácio lula da silva na cerimónia de assinatura dessa medida provisória em 16/07/2010: “o que nós estamos fazendo é criando uma excepcionalidade para que as cidades que vão sediar a Copa do Mundo possam aumentar a sua capacidade de endividamento, para que possam fazer parte das obras que são da responsabilidade dos municípios fazer. então, é a primeira parte desta medida provisória”15.

Com a MP 496, o governo espera facilitar a contratação de obras em portos, aeroportos, estádios, hotéis e no setor de transportes e justifica a urgência da MP com o prazo definido para a realização dos eventos esportivos. “Para todos os empreendimentos os cronogramas físico-financeiros possuem prazos extremamente exíguos”, anota a exposição de motivos assinada por três ministros e pelo advogado-geral da União”. (agência de Notícias da Câmara dos deputados, 23/07/2010).

Como noticiado pelo jornal O Globo, no dia 17/11/2010, foi votada também a Medida 497, que isenta de tributação as obras em estádios para a Copa de 2014, incluindo as arenas e espaços esportivos de apoio, assim como estende esses benefícios à Fifa e a suas subsidiárias.

De acordo com reportagem do Jornal do Brasil do 24 de março de 2011, intitulada “Ministro defende regras menos rigorosas para licitações da Copa e das olimpíadas”, um projeto de lei definindo regras menos flexíveis para as licitações para esses eventos já foi votado pela câmara de deputados Federais e seguirá para sua votação no senado. segundo essa notícia o Ministro do esporte orlando silva, explicou que a urgência das obras justifica a adoção de normas mais ágeis para contratação de obras e serviços voltados à Copa e às olimpíadas” (Jornal do Brasil, 24 de março de 2011).

Esses novos instrumentos do direito, ao mesmo tempo que significam uma solução ágil para questões burocráticas e orçamentárias municipais no cumprimento das agendas internacionais, entendidas como estratégicas ao desenvolvimento urbano, também colocam em risco a autonomia das cidades a longo prazo, permitindo a privatização de recursos públicos. dessa forma, restringem a construção coletiva das cidades, uma perspectiva de curto, médio e longo prazo, reforçando a segmentação de espaços estratégicos nem sempre afinados com a agenda interna dos seus habitantes e com possíveis rebatimentos na qualidade de vida das gerações futuras.

Conclusão

A grandeza e a intensidade do volume de obras se impõem como objetivo não apenas pelo rito e impacto simbólico das notícias, mas pelo montante de negócios envolvidos. a cidade passa a um campo liberto das amarras regulatórias no campo do direito. paradoxalmente, são os novos instrumentos legais que favorecem a permissividade no uso do espaço urbano e o avanço dos interesses particulares sobre os interesses coletivos. assim, o modelo de desenvolvimento fundado nos megaeventos traz novos questionamentos à construção e à ressignificação do espaço urbano e da cidade, quando as oportunidades externas imperam e sufocam as necessidades locais.

Delineia-se, assim, como prioridade e como referencia de modernidade e desenvolvimento nacional, a capacidade do país e da cidade na operação dos fluxos de informações e de pessoas em transito, respondendo aos pressupostos e padrões de qualidade determinados por novos agentes internacionais. É a busca desenfreada por forjar uma cidade global. É essa a forma de um simulacro de contemporaneidade das cidades, em que a fluidez é valor absoluto de competência. são as agendas externas à nação e distantes da realidade brasileira que passam a reger e a determinar as prioridades, demandas e tempos na gestão e reconfiguração dos espaços urbanos, que passam a ser inseridos e apropriados pelas novas dinâmicas do mercado em um mundo globalizado.

Assim, impõe-se um debate que tenha como objeto não apenas o legado e os projetos propostos, mas que enfrente como questão os modelos de desenvolvimento, ou seja, se os megaeventos constituemse em reais possibilidades de melhoria da qualidade de vida, ou ainda, se contribuem de forma efetiva na construção de uma cidade e uma nação mais dignas e democráticas.

Esses novos processos e novos agentes envolvidos, assim como os formatos gestores de implementação, justificados em nome dos prazos e compromisso internacionais firmados, juntamente com a criação de mecanismos legais específicos, significam, na prática, um “estado de excepcionalidade” para as intervenções relativas a eventos dessa natureza, esvaziando o sentido e a forma como historicamente se construiu a autonomia das cidades e permitindo a privatização da urbe, seus espaços e recursos.

A revisão das políticas emergenciais e do formato de gestão adotados excepcionalmente para a Copa 2014 é ponto urgente da agenda atual. elas exemplificam as novas formas de apropriação urbana e as novas relações entre as esferas local, nacional e global. associado a isso, o fortalecimento do estado-nação –como condutor do processo e no estabelecimento das prioridades das cidades, em atendimento às especificações referendadas por novos agentes internacionais– induz a papéis e jogos de força travados em esferas recentemente estabelecidas. por fim, a análise desse processo ganha relevância porque as intervenções de reconfiguração das estruturas urbanas atendem a demandas internacionais marcadas pela efemeridade– empenha-se o direito à cidade das gerações futuras em nome de requisitos fugazes importados.

Esses processos contemporâneos hipotecam o futuro dessas cidades, comprometendo a autonomia administrativa e a construção genuína do espaço urbano e citadino presente e futuro. eles refletem uma nova arena de embates que representam as novas dinâmicas e relações entre o local, o nacional e o global, inserindo-se numa arena mais ampla de interesses econômicos, políticos e culturais, na disputa de mercado no mundo contemporâneo, com rebatimentos das cidades.


1 esse pensamento foi amplamente difundido, especialmente nas décadas de 80 e 90, no Brasil. por outro lado, terminologias como culturalização, musealização, museificação, disneyficação, patrimonialização etc. compõem o vocabulário dos estudos críticos relativos à cidade-produto, à cidade-mercadoria e à espetacularização e mercantilização da cidade.

2 Clearly there are more differences than similarities between countries and companies, but some of the theories and techniques of brand management can, if intelligently and responsibly applied, became powerful competitive tools and agents for change both within the country and beyond (anholt, 2007:3). tradução livre da autora.

3 o título do livro de anholtz já ilustra essa crença: Brand New Justice: How Branding Places and Products can Help the Developing World.

4 It does sometimes seen as if globalization is turning the world into a gigantic supermarket where nations are nothing more than products on the shelf, frantically trying to attract the attention of each passing consumer. It is because no thinking economist, politician, manufacturer or consumer could possibly want to live in a supermarket that our attentions needs to be turned towards all sources of competitive advantage, and discovering irreducible roles for culture and humanism within the strictures of the dominant macro-economic system (anholt, 2002:234).

5 No mês de novembro de 2010, ocorreu, no rio de Janeiro, mais uma Convenção Global do Futebol, organizada pela soccerex, considerada a maior empresa internacional de eventos e negócios de futebol. segundo a revista Soccer Business, a Fifa sozinha teria um faturamento na ordem de 3.2 bilhões com a Copa da África do sul, no ano de 2010. a BBC estimou em 32 bilhões de telespectadores em todo o mundo, nesse mesmo evento.

6 a escolha da palavra “distintiva” diz respeito, nesse caso, à tentativa de forjar elementos facilmente identificáveis como representações internacionalmente aceitas e reconhecidas como brasileiras, o que aponta mais um risco do mecanismo do nation brand, já que essa reafirmação constante de signos pode gerar um simulacro de nação.

7 http://www4.planalto.gov.br/informacoespresidenciais/luiz-inacio-lula-da-silva/discursos-entrevistas-programas-de-radio-e-videos/2010/ data de consulta: março 2011

8 http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/03/15/conversa-com-a-presidentacoluna-semanal-da-presidenta-dilma-rousseff-15-de-marco data de consulta: março de 2011.

9 Manchete de uma reportagem da revista Isto É, Caderno especial “Copa 2014”.

10 Ver Site Oficial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: http://www.planejamento.gov.br/

11 Tomamos emprestado da medicina a terminologia capilar para representar microcanais ou vasos muito finos.

12 Somente o Ministério das Cidades determinou recursos da ordem de 8 bilhões de reais para as obras de infraestrutura de mobilidade urbana para a Copa de 2014 (Diário Oficial da União, maio de 2010). Na reportagem do Globo.com, de 23 de junho de 2010, e segundo o estudo elaborado pela FGv e a ernst & young –“Brasil Sustentável Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo de 2014– a Copa 2014 deverá injetar 142 bilhões de reais na economia do Brasil, sendo 22,4 bilhões para a infraestrutura e organização, aproximadamente 7 bilhões com despesas de visitantes. a construção civil será o setor mais beneficiado dentre os 55 analisados. 42% dos gastos serão oriundos do setor público.

13 A portaria n. 67 de 04 de outubro, assinada pelo Ministério público Federal, determina a apresentação dos projetos da Copa 2014 para a cidade de Belo Horizonte, por entender que essas intervenções ferem o direito à moradia.

14 Processos do ipHaN (01498.001427/2010-23) sobre as ameaças a áreas arqueológicas pelas obras da Copa. Contestação do Ministério público sobre o projeto de revitalização da área portuária em Manaus. o movimento e ações contra a demolição do estádio otávio Mangabeira (Fonte Nova) e irregularidades na demolição do estádio Machadão, em Natal, entre outros.

15 http://www4.planalto.gov.br/informacoespresidenciais/luiz-inacio-lula-da-silva/discursos-entrevistas-programas-de-radio-e-videos/2010/ Data de consulta: março de
2011.


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Cómo citar

APA

Leal Ivo, A. B. y Osorio, G. A. (traducción). (2011). “Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014. Bitácora Urbano Territorial, 18(1), 39–54. https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651

ACM

[1]
Leal Ivo, A.B. y Osorio, G.A. (traducción) 2011. “Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014. Bitácora Urbano Territorial. 18, 1 (ene. 2011), 39–54.

ACS

(1)
Leal Ivo, A. B.; Osorio, G. A. (traducción). “Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014. Bitácora Urbano Territorial 2011, 18, 39-54.

ABNT

LEAL IVO, A. B.; OSORIO, G. A. (traducción). “Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014. Bitácora Urbano Territorial, [S. l.], v. 18, n. 1, p. 39–54, 2011. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651. Acesso em: 29 mar. 2024.

Chicago

Leal Ivo, Any Brito, y Giselle Andrea (traducción) Osorio. 2011. «“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014». Bitácora Urbano Territorial 18 (1):39-54. https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651.

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Leal Ivo, A. B. y Osorio, G. A. (traducción) (2011) «“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014», Bitácora Urbano Territorial, 18(1), pp. 39–54. Disponible en: https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651 (Accedido: 29 marzo 2024).

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[1]
A. B. Leal Ivo y G. A. (traducción) Osorio, «“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014», Bitácora Urbano Territorial, vol. 18, n.º 1, pp. 39–54, ene. 2011.

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Leal Ivo, A. B., y G. A. (traducción) Osorio. «“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014». Bitácora Urbano Territorial, vol. 18, n.º 1, enero de 2011, pp. 39-54, https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651.

Turabian

Leal Ivo, Any Brito, y Giselle Andrea (traducción) Osorio. «“Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014». Bitácora Urbano Territorial 18, no. 1 (enero 1, 2011): 39–54. Accedido marzo 29, 2024. https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651.

Vancouver

1.
Leal Ivo AB, Osorio GA (traducción). “Una nueva copa en un nuevo país”.Intervenciones urbanas y creación de ciudades para el Mundial de Fútbol Brasil 2014. Bitácora Urbano Territorial [Internet]. 1 de enero de 2011 [citado 29 de marzo de 2024];18(1):39-54. Disponible en: https://revistas.unal.edu.co/index.php/bitacora/article/view/22651

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