av.enferm., XXX (2): 87-96, 2012
Artículo de investigación
Câncer de Colo de Útero e Mama:
Concepção dos Gestores do Sistema Único de Saude*
Cáncer de cuello uterino y mama:
concepto de los gestores del sistema único de salud
Cervical and Breast Cancer:
Concept of Managers of Unique Health System
Maria Carla Vieira Pinho **, Denise Albieri Jodas***, Maria José Scochi****
* Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado da primeira autora. Autora responsável: Maria Carla Vieira Pinho / Rua Pires da Mota, 647 apto 82 B / São Paulo-SP, Brasil. ** Enfermeira.
Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá. Docente do
Departamento de Enfermagem do Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas (FMU). E-mail: mariacarlap@uol.com.br. São
Paulo-SP, Brasil.***
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá.
Docente do Departamento de Enfermagem do Instituto Federal do Paraná,
Campus Londrina. E-mail: denisealbieri@yahoo.com.br. Londrina-PR,
Brasil.
****
Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá. E-mail: mjscochi@uem.br. Maringá-PR,
Brasil.
RESUMO
Objetivo do
estudo é apreender a compreensão dos gestores do Sistema Único de Saúde
(SUS) sobre o Programa de Controle do Câncer de Colo de Útero e de
Mama, no que se diz respeito às suas diretrizes e funcionamento, a fim
de avaliar suas concepções sobre o programa referido. Pesquisa
qualitativa, entrevista aberta com seis gestores do Sistema Único de
Saúde, sendo um estadual, um municipal e quatro coordenadores locais. Os resultados mostraram que não há apropriação das diretrizes do Programa pelo gestor municipal e pelos coordenadores das unidades. O abastecimento do material para coleta de exame se faz de forma regularizada, o controle laboratorial é pouco conhecido e os coordenadores não conhecem os sistemas de informações. Diante disso, fica explícita a necessidade de promover capacitação dos profissionais para a execução deste programa, além de enfatizar a importância da integração entre os trabalhadores do âmbito estadual, municipal e local.
Palavras chave: avaliação em saúde, saúde da mulher, atenção primaria à saúde, sistema único de saúde (fonte: DeCs, BIREME).
RESUMEN
El
objetivo del estudio es aprehender la comprensión de los gestores del
Sistema Único de Salud (SUS) sobre el Programa de Control del Cáncer de
Colon de útero y de Mama, con respecto a sus políticas y operaciones, a
fin de evaluar sus concepciones sobre el programa referido. Estudio
cualitativo, entrevista abierta con seis gestores del Sistema Único de
Salud, siendo un estadual, un municipal y cuatro coordinadores locales.
Los resultados mostraron que no hay asunción de las directrices del
programa por el gestor municipal y por los coordinadores de las
unidades. El abastecimiento del material para colecta de examen se hace
de forma reglamentar, el control laboratorial es poco conocido y los
coordinadores no conocen los sistemas de informaciones. Teniendo en
cuenta esto, queda explícita la necesidad de promover la capacitación
de los profesionales para la ejecución de este programa, allende
enfatizar la importancia de la integración entre los trabajadores del
ámbito estadual, municipal y local.
Palabras clave: evaluación en salud, salud de la mujer, atención primaria de salud, sistema único de salud (fuente:DeCs, BIREME).
ABSTRACT
The
purpose of this study is to understand managers of the Unique Health
System (SUS) about the Cervical and Breast Cancer Control Program with
respect to their policies and operations in order to assess their
conceptions about the aforementioned program. It is a qualitative study
of open interview with six managers of the Unique Health System, of
which one is a state manager, one is a municipal manager and four are
local coordinators. The results showed that neither the municipal
manager nor the unit coordinators follow the program guidelines.
Provision of the material for the test is regulated, laboratory control
is not very known and the coordinators do not know the information
systems. With this in mind, it is evident the need of promoting
training of professionals for the execution of this program and making
emphasis on the importance of integration among workers at state,
municipal and local level.
Key words: Health assessment, women health, primary health care, unique health system (Source: DeCs, BIREME)
INTRODUÇÂO
O
câncer de mama e de colo de útero são os cânceres que mais acometem as
mulheres, com aumento crescente na taxa de mortalidade nas últimas
décadas. O câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente na
população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de
morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4.800 vítimas
fatais e cerca de 18.430 novos casos. O número de mortes em 2009 foi de
5.063 para câncer de colo de útero e a estimativa para novos casos em
2012 é de 17.540 (1). No entanto, mulheres diagnosticadas precocemente,
se tratadas adequadamente, têm praticamente 100 % de chance de cura.
Com
a Conferência Mundial sobre a Mulher, na China em 1995, o governo
brasileiro passou a investir recursos na organização de uma rede
nacional de detecção precoce do câncer do colo do útero. Teve início
então, em 1997, o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do
Útero e de Mama por intermédio de três fases: 1) projeto-piloto, que
representava sua iniciação em seis localidades brasileiras; 2) fase de
intensificação, caracterizada pela introdução do Sistema de Informação
Laboratorial do Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino
(Siscolo), e 3) fase de consolidação, na qual foram capacitados os
diversos profissionais da rede de serviços, inclusive no âmbito
gerencial (2).
Esta estruturação teve como objetivo construir um
sistema de informação que fornecesse subsídios para a identificação e
acompanhamento das mulheres com testes diagnósticos positivos à doença
e fundamentar a elaboração do planejamento estratégico voltado à
promoção da saúde da mulher, bem como garantir o financiamento dos
procedimentos realizados (2).
Além disso a avaliação é parte
fundamental no planejamento e gestão do sistema de saúde a fim de obter
um diagnóstico situacional e, se necessário, reordenar a execução das
ações e serviços do programa contemplando as necessidades do usuário
(3).
Diante disso, Donabedian (4) propõe uma tríade para a
avaliação dos serviços de saúde, descrita em meados de 1960, na qual
conceituou três aspectos dessa abordagem: estrutura, processo e
resultado. Entende-se por estrutura os recursos necessários ao processo
assistencial, abrangendo área física, recursos humanos, recursos
materiais e financeiros, sistemas de informação e instrumentos
normativos; o processo corresponde às atividades da equipe de saúde no
tratamento do paciente mediante padrões de qualidade estabelecidos
pelos respectivos serviços e profissões; e o resultado constitui na
análise dos produtos finais da condição de saúde e satisfação do
usuário interno e externo.
Dentre os conceitos mais nomeados,
temos que avaliar é atribuir valor, verificar se os objetivos propostos
foram alcançados e se os resultados mudaram ou não a realidade ou a
situação desejada, embasando de forma considerável a tomada de decisões
(5, 6).
Diante desse contexto, pensou-se no gestor para a
população deste estudo, pois ele é responsável por funções como:
desenvolver planos estratégicos e operacionais que julgar mais eficazes
para obtenção dos objetivos propostos pela organização, conceber
estruturas e estabelecer regras políticas e procedimentos mais
adequados aos planos desenvolvidos e, por fim, implementar e coordenar
os planos por meio de um determinado tipo de comando ou controle.
Logo,
este estudo tem o objetivo de apreender a compreensão dos gestores do
Sistema Único de Saúde (SUS) sobre o Programa de Controle do Câncer de
Colo de Útero e de Mama, no que se diz respeito às suas diretrizes e
funcionamento, a fim de avaliar suas concepções sobre o programa
referido.
METODOLOGIA
O
presente estudo foi realizado no município de Londrina, estado do
Paraná, que apresenta 1.650,809 km2 de extensão, encontra-se em uma
distância aproximada de 379 km da capital, Curitiba. Possui população
estimada em 497.833 habitantes, 1.145 estabelecimentos de saúde e 1.628
leitos para internações hospitalares.
O município de Londrina
está na modalidade de Gestão Plena do Sistema, conforme a Norma
Operacional da Assistência à Saúde n.1/ NOAS-SUS 2001, gerindo os
recursos do Fundo Municipal de Saúde. Assim, a estrutura gerencial do
SUS e de prestação de serviços no município de Londrina se dá por meio
da Autarquia Municipal de Saúde. A Autarquia, com vistas a garantir a
prestação de serviços em seu território, assumiu a responsabilidade por
toda a programação, controle e avaliação pertinente ao Sistema de Saúde
local, executando desde as ações de saúde na atenção básica, programas
prioritários, vigilâncias epidemiológica e sanitária, entre outras, até
serviços de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar por
meio de prestadores de serviços de saúde filantrópicos e privados (7).
A
rede pública municipal é composta por 54 Unidades Básicas de Saúde
(UBSs), sendo 41 na zona urbana e 13 na zona rural, 36 clínicas
odontológicas em UBSs, além de 1 clínica de especialidade odontológica,
além de outros serviços de assistência direta à população.
Para
este estudo foi realizado um levantamento dos planos municipais de
saúde, desde o ano da implantação do Programa do Controle do Câncer de
Colo de Útero e de Mama, dos relatórios de gestão, contatos informais
com representantes do Conselho Municipal de Saúde de Londrina e de
possíveis fontes de documentação do município, nos registros da
Diretoria de Ações em Saúde por se acreditar que, com este
levantamento, seria possível uma aproximação com o funcionamento do
Programa do município.
Além da análise documental, fez-se
necessária a coleta de dados sobre as diretrizes do Programa, a
disposição e regularidade no abastecimento dos materiais necessários
para a coleta de citologia oncótica, os mecanismos de controle na
qualidade laboratorial, os registros e informações a respeito do câncer
ginecológico, e sobre a questão da pactuação da cobertura de exames por
meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com o responsável
estadual do Programa, com o representante municipal e com quatro
coordenadores das unidades selecionadas. Foram selecionadas quatro
UBSs, duas de maior e duas de menor cobertura do exame citopatológico,
denominadas UBS A, B, C e D. A coleta de dados procedeu em junho de
2005.
Os seis gestores entrevistados foram: o responsável
estadual pelo Programa, lotado na 17ª Regional de Saúde do Paraná, o
representante municipal que atua na Diretoria de Ações em Saúde em
Londrina, e os quatro coordenadores das UBSs selecionadas.
Foi
utilizado o roteiro de entrevista aberta, em que se questionou os
gestores sobre o que são e quais são as diretrizes do programa, a
disposição e regularidade no abastecimento do material para realização
da citologia oncótica, os mecanismos de controle de qualidade
laboratorial e a pactuação da cobertura dos exames. Caso não tivesse
sido abordado algum tema de interesse para a pesquisa, o entrevistador
sentia-se à vontade para questionar, a fim de atender a pergunta
norteadora desta pesquisa: Como os gestores do SUS compreendem as
diretrizes e o funcionamento do Programa de Controle do Câncer de Colo
de Útero e de Mama?
Aos coordenadores das unidades locais foram
acrescidas questões sobre treinamento e reorientação para os
profissionais que atuam no município e sobre a existência de protocolos
de atendimento às mulheres.
As informações obtidas na entrevista
com os gestores foram gravadas em fitas K7 e posteriormente
transcritas. Com esse procedimento, foram obtidos dados objetivos e
subjetivos. Para o tratamento dos dados, buscou-se concordância entre o
material coletado e as hipóteses provisórias, o que permitiu ampliar a
compreensão de contextos com significações que ultrapassam o nível
espontâneo das mensagens (8).
Foram utilizados alguns passos
propostos por Minayo (8) como: ordenação dos dados, que engloba tanto
as entrevistas como o conjunto do material de observação e os
documentos populares e institucionais referentes ao tema; classificação
dos dados, gerado a partir de uma relação entre questões teoricamente
elaboradas e questões trabalhadas em campo, provindas de um processo
inconcluso de perguntas suscitadas pelo quadro empírico às referências
teóricas do investigador; e, finalmente, a análise, na qual as duas
etapas anteriores fazem uma inflexão sobre o material empírico.
Utilizamos
a letra G (gestor) seguida do número correspondente à ordem da
entrevista. As falas dos gestores, a partir da concepção da análise de
conteúdo, foram categorizadas por relevância teórica, após a construção
de quadros temáticos. São elas: 1) diretrizes do Programa de Controle
do Câncer do Colo do Útero e de Mama; 2) disposição ou regularidade no
abastecimento do material necessário para coleta da citologia oncótica;
3) mecanismos de controle de qualidade laboratorial; 4) registros e
informações sobre o câncer ginecológico; 5) pactuação de cobertura de
exames citopatológicos; 6) capacitação dos profissionais; 7) protocolo
de atendimento às mulheres nas unidades de saúde.
Este projeto
foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa estabelecido
pela Universidade Estadual de Maringá, conforme preconiza a Resolução
196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado sob o
parecer 29/2005.
RESULTADOS E DISSCUSÂO
Dos
seis gestores entrevistados – um estadual (G1), um municipal (G2) e
quatro coordenadores/gestores locais (G3...G6) das Unidades de Saúde –,
cinco são enfermeiros e um é médico; são graduados em universidades
públicas e o tempo de formação varia de 11 a 26 anos.
Diretrizes do Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama
Sobre
as diretrizes do Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero e de
Mama, o gestor estadual fez referência aos objetivos do Programa, ao
fluxograma de atendimento, ao monitoramento das mulheres, à
periodicidade de exame preventivo do câncer do colo uterino, relatando
que “... é preciso detectar o Câncer
de colo inicial, acompanhar mulheres de acordo com o resultado do
preventivo, monitorar as mulheres, coletar exame na faixa de 25 a 59
anos, principalmente de quem nunca coletou e facilitar o acesso...”(G1).
O gestor municipal e os locais apenas se limitaram a dizer que seguem
as orientações e diretrizes do Estado do Paraná ou do Ministério da
Saúde. A coordenadora da UBS D reforçou, ainda, que “Não existe protocolo municipal”(G6).
Além
de articular uma rede nacional integrada, com base em um núcleo
geopolítico gerencial do município, as diretrizes do Programa visam
permitir o acesso da mulher aos serviços de saúde, capacitar os
profissionais de saúde, normalizar procedimentos e controles de
qualidade, motivar a mulher a cuidar da sua saúde, fortalecer e
aumentar a eficiência para o controle do câncer nessa rede (2).
Para
a redução da mortalidade por cânceres ginecológicos e de acometimentos
físicos, psicológicos e sociais provocados por esses cânceres, é
necessário não somente que haja integração articulada entre os gestores
e outros trabalhadores, mas também que se aja com responsabilidade e se
cumpram as determinações.
Além disso, é necessário que exista
consenso entre as organizações, gestores, pesquisadores, profissionais,
instituições na definição de câncer ginecológico. Há aqueles que
entendem câncer ginecológico referindose ao câncer de colo de útero, há
os quais se referem a qualquer tipo de câncer que acometem o aparelho
reprodutor feminino, inclusive de mama, e há aqueles que tratam
distintamente câncer de colo de útero e câncer de mama.
Disposição e regularidade no abastecimento do material necessário para a coleta de citologia oncótica
Quanto
à disposição e à regularidade no fornecimento do material necessário
para a coleta da citologia oncótica, as falas dos gestores mostraram
consenso. Os gestores locais referiram que houve melhora no
abastecimento de material a partir do momento em que a forma de
registro passou a ser informatizada, com o registro, em um programa, a
saída de cada kit utilizado, composto por lâmina, escovinha, espátula e
requisição. “O abastecimento é automático por ponto de ressuprimento, dando baixa no Hygia” (G5). A central de abastecimento faz, semanalmente, a reposição dos kits. “Agora é pelo ponto de ressuprimento, deu uma regularizada, não tem tido muito problema, já é feita a reposição vinda da Centrofarma” (G6).
Cabe
ao município fazer o planejamento, solicitar à Regional de Saúde e
distribuir às UBSs o material para a realização dos exames como: kits
de coleta, fixadores, formulários de requisição de exames, planilhas de
coleta e de material educativo e de divulgação. O Estado deve
providenciar os impressos e materiais necessários, e repassar aos
municípios via Regional de Saúde, além de controlar o uso desse
material. À Coordenação Nacional do Programa, cabe garantir o pagamento
de todos os procedimentos necessários para a execução do Programa (2,
9).
Todos os entrevistados expuseram que já houve falta de requisição. “Esse ano faltou requisição, porque a Centrofarma esqueceu [de] mandar”
(G3). Porém, os coordenadores das unidades referiram que, apesar da
falta de requisição, a coleta de exame citológico não deixou de ser
feita, pois usavam algumas estratégias como servir-se de uma folha
comum para registro dos dados solicitados na requisição, os quais eram
transcritos para o impresso após a chegada do material, além de
garantir, junto ao laboratório responsável pelo exame, que o material
colhido não fosse perdido. “O material tem vindo regularmente. Já teve falta de requisição, mas mesmo assim não se deixou de colher o exame”
(G4). Essas irregularidades trouxeram algumas limitações no fluxo de
atendimento interno da UBS e dificuldade de operacionalização no dia da
coleta dos exames.
Nesse contexto, percebem-se tanto as
responsabilidades quanto a cooperação dos gestores para o abastecimento
dos materiais utilizados. A disponibilidade e a distribuição dos
materiais para a realização do exame preventivo de câncer ginecológico
estão regularizadas e não caracterizam a diferença de cobertura de
exames citopatológicos nas unidades de saúde, porém são reconhecidos os
esforços e as estratégias utilizadas pelos profissionais das UBSs para
manterem o seu compromisso com a usuária e realizar o exame preventivo,
mesmo na falta de algum material utilizado no Programa. Os efeitos
dessas ações e práticas implementadas podem ser um fator determinante
de uma maior cobertura.
A existência ou fornecimento de
materiais para as atividades de detecção precoce do câncer de mama,
sejam folhetos explicativos, próteses educativas, espelhos para a
instrução do autoexame entre outros, não foi mencionada.
Mecanismos de controle sobre a qualidade laboratorial
Os
mecanismos de controle sobre a qualidade laboratorial foram mencionados
por diferentes sujeitos. O gestor estadual (G1) referiu que “o Estado tem uma rotina de contraprova para fazer o controle de qualidade dos laboratórios”, mas não detalhou.
O gestor municipal (G2) disse que “Segundo o Estado, 5 % de todas as lâminas com resultados normais vão para o controle de qualidade e que são recebidos, por meio da Regional de Saúde, sendo que os laudos por vezes demonstram compatíveis e por vezes apresentam- se divergentes dos laudos dados pelos laboratórios do município”.
Duas coordenadoras das unidades relataram que “Existe esse controle de qualidade em que as amostras selecionadas vão para Curitiba”
(G3, G4), sendo devolvida para a unidade uma cópia do laudo que é
anexada ao prontuário da usuária; relataram também que, conforme
exposto pelo gestor do município, às vezes o laudo possui a mesma
informação daquele emitido pelo laboratório do município e às vezes
traz alguma diferença. “Algumas vezes o laudo é o mesmo ou às vezes dá uma alteração, mas dizem que depende muito da visão do patologista que lê a lâmina” (G4).
Uma
das coordenadoras referiu que o controle de qualidade laboratorial deve
existir, mas que ela não tem conhecimento de como este acontece. “Acredito que deva existir, mas não tenho conhecimento sobre qual o tipo de controle” (G5). Uma das coordenadoras não fez menção ao controle de qualidade dos laboratórios.
Estudos
têm demonstrado que, dos resultados falso-negativos, aproximadamente 38
% corresponde a erro de leitura. Recomenda-se a reeleitura (revisão)
de, no mínimo, 10 % dos exames realizados, que deverão ser selecionados
conforme os seguintes critérios: todos os exames insatisfatórios em
decorrência de hemorragia, casos negativos aleatórios totalizando, no
mínimo, 5 % do total dos exames realizados, e todos os casos do roteiro
de critérios clínicos e citopatológicos de risco (10).
Outro
estudo, realizado no México, objetivou avaliar os laboratórios de
citopatologia que o Programa Nacional de Prevenção do Câncer Cervical
daquele país atendiam; esse estudo concluiu haver problemas com os
microscópios e com o abastecimento inadequado de reagentes e a
necessidade de capacitação dos citotecnólogos, uma vez que 61 % desses
profissionais não identificaram alterações nas amostras e 45 % a 46 %
não identificaram carcinomas (11).
Um estudo analisou os
resultados iniciais do Sistema de Informação Laboratorial do Programa
Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino (Siscolo – Qualidade) na
rede de saúde pública de São Paulo, e os autores concluíram que esse
Programa é aplicável no monitoramento externo, já que, além de atender
às expectativas de qualidade definidas pelo Ministério da Saúde, ele
não identificou casos de falso negativo e falso positivo, mostrando uma
frequência de concordância de resultado em 86,62 % das lâminas
revisadas (12).
No entanto, um estudo realizado no Amazonas
refere que, ao analisar a adequabilidade das lâminas para leitura,
observou que existiram um grande percentual de lâminas de difícil
leitura, podendo indicar a baixa capacitação dos profissionais na
coleta do exame ou, então, a qualidade duvidosa dos materiais (13).
A
nomenclatura brasileira utilizada para laudos citopatológicos tem
passado por constantes alterações. A adoção do Sistema de Bethesda,
ainda que adaptado para o Brasil, facilita a comparação de resultados
nacionais com os encontrados em publicações estrangeiras (2).
A
experiência das pesquisadoras na atenção básica permite relatar a
preocupação de muitos profissionais em não detectar alterações
citológicas em nenhum dos exames realizados nas unidades ou por não
encontrar casos alterados dependendo do laboratório que produziu o
laudo. Alguns coordenadores de UBSs solicitaram à Diretoria de Ações de
Saúde mudança de laboratório para a leitura da lâmina, já que não
acreditam ser possível que os exames citopatológicos encaminhados por
estas unidades não diagnostiquem casos alterados. Porém, essa Diretoria
informa que essa mudança não é de sua governabilidade, mas há
possibilidade de o coordenador solicitar uma mudança temporária a fim
de comprovar que existe esta divergência envolvendo os laboratórios.
Em
uma conversa informal com um patologista do município, onde os
coordenadores de unidades confiam na qualidade dos laudos, verificou-se
a preocupação que há em capacitar os citotecnólogos por meio da
educação continuada, fechando o laboratório em alguns horários para
discussão e apresentação das lâminas alteradas, inclusive com
realização de testes de conhecimentos.
Ainda que o controle de
qualidade laboratorial seja pouco conhecido, ele existe. Não foi
possível analisar a qualidade das informações que são dadas às mulheres
acerca do autoexame das mamas ou da qualidade dos exames clínicos das
mamas realizados pelos profissionais, necessitando readequações nos
instrumentos de coleta de dados utilizados no estudo.
Registros e informações sobre o câncer ginecológico
Sobre
esse aspecto, o gestor estadual fez referências à implementação do
Programa do Estado do Paraná denominado Busca Ativa, ao qual os
laboratórios informam em quais cidades residem e quais são as mulheres
que apresentam exames citopatológicos alterados. O Estado registra o
resultado em um site no momento em que o laboratório de patologia passa
o dado, devendo o município acessar esses dados por meio de um código
próprio e alimentar esse sistema de informação. “É de responsabilidade dos municípios alimentarem o sistema de informação...” (G1).
Segundo esse gestor, “... pelo último relatório, observou-se que há somente 0,2 % de alimentação do sistema”
pelos municípios que compõem a 17ª regional de saúde. Em algum momento
também mencionou o Siscolo, mas não deu detalhes sobre o seu
funcionamento.
O gestor municipal associou registros e
informações sobre o câncer com os relatórios advindos das Unidades de
Saúde, em que o nome da mulher consta no número da requisição utilizada
e mencionou que, desde o começo do ano de 2005, o sistema está
informatizado, sendo esse relatório extraído do setor de informática da
autarquia municipal de saúde.
Os coordenadores das unidades
fizeram referências aos registros e informações que produzem na unidade
e ao caderno ou livro de registro em que consta a data da coleta do
exame, o número de identificação da paciente, o número da requisição
utilizada, o endereço e local para resultado do exame. “Existem dois livros de controle, um do dia da coleta e outro quando tem resultado alterado...” (G4). Uma coordenadora referiu saber que “...se faz registro em algum lugar que não na UBS porque o laboratório cobra a busca ativa a determinadas mulheres com alguma alteração” (G6).
O
coordenador estadual ou municipal do Programa deve fornecer os dados do
Siscolo ao coordenador local, permitindo-lhe ter o acesso ao desempenho
da sua unidade e de seus profissionais e, com isso, analisar, entre
outros fatores, a qualidade da amostra e a necessidade de reciclagem
dos profissionais sobre o procedimento de coleta (3).
A Secretaria Estadual de Saúde explica: “um
sistema de vigilância epidemiológica só se completa quando se cumprem
as funções básicas de levantar informações que orientam os
profissionais e serviços de saúde sobre as variáveis relevantes para o
efetivo controle das doenças, agravos e problemas de saúde”. A
mesma publicação complementa que isso implica não apenas a implantação
de mecanismos de coleta e análise de dados, mas também a divulgação das
informações (14).
Nas unidades de saúde, os livros de registros
mostraram- se organizados e possibilitam sua utilização para a
localização das usuárias. As informações registradas pelos serviços
deveriam ser utilizadas para a análise da situação de saúde, definição
de prioridades, reorientação das práticas, mas muitas vezes os sistemas
de informações apresentam qualidade duvidosa, inacessíveis, não
padronizados, e ainda de utilidade desconhecida pelos trabalhadores que
as produzem rotineiramente. Isso dificulta os processos de avaliação.
Como esses profissionais podem contribuir com a qualidade do registro
de informação se não conhecem a sua finalidade?
Os profissionais
das unidades devem ter conhecimentos sobre esses sistemas de
informações, pois, a partir da sua compreensão, as informações poderão
ser elaboradas de forma apropriada.
Os registros estão
direcionados às atividades do exame preventivo do câncer do colo
uterino; não foram mencionados registros acerca das atividades para
detecção precoce do câncer de mama. Se essas atividades são realizadas,
devem ser registradas, não somente para ciência sobre a produção dos
profissionais, perfil e controle do número de mulheres orientadas para
realização do autoexame das mamas, conhecimento das dúvidas mais
frequentes, entre outros, mas também para sensibilização dos gestores,
profissionais e mulheres sobre a importância da realização adequada do
exame clínico e realização periódica do autoexame das mamas.
Pactuação da cobertura de exames citopatológicos
Na percepção do gestor estadual (G1), a pactuação sobre a cobertura de exames citopatológicos “... é feita pelo Sispacto anualmente”, o qual “... tem um índice para alcançar junto à população de 25 a 59 anos”.
Cada município tem que se enquadrar dentro do índice porque tem que
cumprir o que foi pactuado. Segundo esse gestor, é utilizada, para o
cálculo, a população levantada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
No entendimento do gestor municipal (G2), a pactuação é feita anualmente e, para chegar ao pacto de metas, “... é feita uma reunião com todos os coordenadores das unidades”. Refere este gestor que, para o ano de 2003, “... a meta foi maior ou igual a 35 %, a qual, porém, não foi atingida. Para 2004, a meta pactuada foi maior ou igual a 20 %, mas atingiu 19 %; então, para 2005, a meta pactuada foi de 19 %”.
Confirmando
as dificuldades ainda enfrentadas pelo Programa, a meta de cobertura de
exames citopatológicos para o ano de 2008 foi de 25 %, no entanto foram
atingidos 19 % (7).
Os coordenadores de unidades relataram ter ciência da existência da pactuação. Um referiu “... já ouvi falar da pactuação, mas nunca participei”
(G3), apenas conhece o dado pronto que lhe chega às mãos. Outro
menciona que sabe que existe a pactuação e que se tem que atingir metas
no nível local. Uma coordenadora referiu que “A pactuação de metas é feita no município, mas que não são todas as pessoas envolvidas que dela participam”
(G5). Ela mesma não participa da pactuação, mas tem conhecimento do que
foi pactuado e da meta que se tem que atingir, pois em reuniões
comunica-se o que foi pactuado. Outra coordenadora expôs que às vezes a
coordenação participa da pactuação, que se fazem reuniões e que a
Secretaria Municipal de Saúde faz o pacto do município, e acredita que
exista o pacto estadual.
Nesse momento, ainda que não indagados,
somente o gestor representante do Estado referiu que, na prática,
muitos municípios não alcançam a meta da pactuação e alegam a falta
material ou que ele chega com atraso, bem como a falta de treinamento
para os profissionais ou desligamento do cargo de médico ginecologista;
porém, segundo esse gestor, esses argumentos não são convincentes.
Desde 2005, os representantes devem identificar o problema dos seus
municípios e, juntamente com o responsável da regional de saúde, devem
corrigi-lo, uma vez que estarão juntos verificando os indicadores a
cada três meses.
Não houve relatos sobre pactuação de metas
relacionada ao câncer de mama, porém existe a pactuação da taxa de
mortalidade de mulheres por esse câncer, que é um indicador que reflete
a ocorrência de óbitos por câncer de mama na população feminina. Em
Londrina, no ano de 2003, a meta pactuada foi a ocorrência de 14,68
óbitos por câncer de mama ou menos para 100 milmulheres e obteve como
resultado 13,65 óbitos por 100 mil nesse ano. Para 2004, pactuou-se uma
taxa de 13,65 óbitos ou menos para 100 mil mulheres, mas a meta não foi
atingida, visto que a taxa chegou a 14,69 por 100 mil.
Diante
dos relatos, houve dúvidas sobre a real importância do pacto de
indicadores para os gerentes das unidades, que estão em contato direto
com a população e com trabalhadores da saúde. Sendo a pactuação de
metas considerada item essencial para a avaliação dos serviços de
saúde, será necessário refletir sobre as formas de esclarecer os
sujeitos envolvidos nesse processo, tornando-o efetivo, valorizado e
útil para os profissionais que produzem esses indicadores e não apenas
para servir de instrumento burocrático a ser cumprido pelos gestores em
razão de possíveis incentivos financeiros.
A pactuação de metas
relacionadas ao câncer de mama não foi lembrada, o que aponta a
necessidade de instigar os profissionais a se apropriarem da prevenção
do câncer de mama como prática cotidiana de trabalho e associá-la às
práticas de prevenção do câncer de colo de útero.
Capacitação dos profissionais que atuam no município
Esse
tema foi abordado com os gestores locais, os quais deram diferentes
pareceres. Relataram que os treinamentos aconteceram com a implantação
do Programa Saúde Família (PSF) no município em conjunto com a
Secretaria Estadual de Saúde e que, na ocasião, participaram
ginecologistas e enfermeiros. Alguns relataram a participação em aulas
práticas; outros, participação em palestras, mas nada que significasse
segurança para atuar na coleta de exames citopatológicos. “Teve
treinamento logo que foi implantado o PSF, mas não saí segura. Quando
era admitida uma enfermeira, as próprias enfermeiras das UBSs a
treinavam” (G3).
Um desses gestores referiu que participou de vários treinamentos em momentos diferentes, mas que “... nos últimos dois anos não foi oferecido nenhum treinamento” (G6). De forma geral, os gestores não especificaram os temas abordados nos treinamentos.
Planejar
treinamentos ou reorientações para os profissionais é indispensável,
porém mais importante que sua promoção pelo estado, município ou
unidade de saúde, é a capacitação com vistas à produção de segurança
técnica, nas orientações individuais ou de grupos, e o aumento do
número de exames realizados, com reflexos na detecção precoce dos casos.
Na
capacitação dos profissionais, é necessário que eles sejam
sensibilizados para a importância de detectar precocemente o câncer de
mama, que possam realizar o exame clínico das mamas com segurança e
sintam-se aptos a ensinar o autoexame das mamas às mulheres.
A
Autarquia Municipal de Saúde de Londrina tem apostado na utilização de
ferramentas que possibilitem mudanças no processo de trabalho e na
cultura das organizações. Entre essas ferramentas está a Educação
Permanente em Saúde, apresentada como uma proposta educativa de
intervenção, baseada no processo constante de promoção e
desenvolvimento integral e contextualizado da equipe centralizado nas
circunstâncias e problemas do seu ambiente de trabalho, em suas
práticas diárias e nas necessidades de saúde da comunidade com a qual
trabalha. Essa proposta não permite uma análise aprofundada da
percepção e sua incorporação no cotidiano dos profissionais e gestores,
e igualmente dos possíveis resultados alcançados.
Protocolo de atendimento às mulheres nas unidades de saúde
No
geral, os gestores locais referiram inexistir um protocolo formal do
município de Londrina, mas cada unidade, dentro da sua realidade,
estabelece o seu fluxograma de atendimento, seja por procura espontânea
da usuária, seja por busca ativa da equipe de saúde ou por
encaminhamentos originados de dentro da própria unidade, como a
solicitação da realização do exame citológico pelo clínico geral,
enfermeira ou auxiliar de enfermagem. “Trabalhamos com procura direta; sem queixa, colhe com o enfermeiro; se tiver queixa, colhe com o médico” (G4). “Estamos tentando fazer busca ativa para aumentar a cobertura. Os ACS fazem busca na área”
(G6). Além disso, a maioria das unidades dispõe de agendas para
realização do exame com as enfermeiras e médicos ginecologistas.
Também
houve relatos sobre os serviços de referência de alta complexidade e
táticas de acompanhamento para os casos de mulheres com resultados de
exames alterados. “Resultados normais ficam acumulados, alterados são convocados... quando necessário, encaminhamos para o Instituto do Câncer de Londrina” (G3)
Há,
ainda, uma unidade que procura envolver todos os trabalhadores, desde a
recepção, para abordar a usuária sobre a situação do exame
citopatológico, independentemente do atendimento que ela procura e
identificá-la mediante carimbos na capa do prontuário a fim de permitir
que qualquer profissional visualize a data do último exame realizado e
também fazendo anotações em fichas de acompanhamento no programa do
planejamento familiar.
“A paciente procura a unidade para qualquer coisa e todos veem se o CO está em dia ou não. A coleta é feita imediatamente dependendo do caso. Existe carimbo na capa do prontuário da mulher onde tem a data da última coleta”
(G3). À usuária que raramente utiliza o serviço, mas que compareceu a
unidade, o exame preventivo é realizado de forma imediata.
Com
objetivos, padronizações de normas e procedimentos de prevenção e
assistência definidos, o atendimento é resolutivo e, consequentemente,
melhorado. Nas UBSs de maior cobertura, as rotinas e fluxogramas de
atendimento são divulgados igualmente entre todas as categorias
profissionais, desde a recepção da mulher na unidade. Todos os
entrevistados expressaram de forma semelhante a abordagem no Programa
de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama. Nas UBSs de menor
cobertura, as informações ficam detidas com os coordenadores e
profissionais que realizam a coleta do exame citopatológico e não
existem estratégias para captação ou acompanhamento das mulheres.
Em
um estudo de fatores que determinam a adesão ao exame citopatológico,
mostram que a principal barreira é o fato de o médico ou outro
profissional de saúde não ter solicitado o exame, o que indica que
muitas mulheres não se sentem com direito ou conhecimentos suficientes
para requerê-lo (15).
Houve gestores que fizeram algumas
considerações sobre: o Programa, considerando seu alto custo; a
melhoria do acesso ao exame em virtude de as enfermeiras contratadas
pelo PSF realizarem a coleta do exame preventivo; a necessidade de
integrar a equipe do PSF com as atividades do Programa de Controle do
Câncer do Colo do Útero e de Mama e a necessidade de sistematizar o
Programa do município; a dificuldade para atingir a meta pactuada pela
extensa área de responsabilidade da unidade de saúde; o perfil da
população que utiliza outros serviços de saúde; a equipe do PSF,
considerando-a incompleta.
Um coordenador explicou: “várias coisas acabam para as enfermeiras que têm que fazer sisprenatal, puericultura, puerpério, e a enfermeira que tem papel de coordenação e de equipe traz um acúmulo de função” e complementou: “esse acúmulo é uma coisa que angustia, porque a gente não consegue absorver toda a demanda de serviço, que teríamos esse papel enquanto enfermeiras” (G6).
CONSIDERAÇÔES FINAIS
O
conceito sobre câncer ginecológico não demonstrou consenso entre os
gestores de saúde, o que dificultou a apropriação da prevenção do
câncer de mama como prática de trabalho e sua associação às práticas de
prevenção do câncer de colo de útero.
Recomenda-se uma maior
integração entre os níveis de gestão para que os sistemas sejam
padronizados com uniformidade na prática das ações, fontes de registros
e reestruturação de bancos de dados existentes, ao invés da criação de
outros, e evitar, assim, a duplicidade de informações.
Além
disso, é imprescindível instituir a avaliação como plano de ação no
âmbito estadual, municipal e de cada UBS, a fim de identificar os nós
críticos do processo de trabalho, refletindo e propondo intervenções
para melhoria do serviço de saúde e, consequentemente, o atendimento ao
usuário.
Acredita-se que, por meio das informações discorridas
neste estudo, foi possível discutir as facilidades e dificuldades do
desenvolvimento do Programa sob a ótica da compreensão dos gestores,
bem como contribuiu para o estabelecimento de planos municipais e
instrumentalização dos gestores para a avaliação.
REFERÊNCIAS
(1)
Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional de Câncer. Estimativa
2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2011.
[internet]. Disponível em http://www.inca.gov.br.
(2) Ministério da Saúde (BR). Controle dos cânceres do colo do útero e mama. Brasília. Cadernos de Atenção Básica, DF; 2006.
(3)
Ministério da Saúde (BR). Manual técnico dos profissionais da saúde:
prevenção do câncer do colo do útero. Brasília, DF; 2002.
(4) Donabedian A. The seven pillar of quality. Archives Pathology Laboratory. Medicine; 1990, p. 1115-1118.
(5)
Contandiopoullos AP, Champagne F, Denis JL, Pineault R. A avaliação na
área da saúde: conceitos e métodos. In: Hartz ZMA (Organizador).
Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da
implantação de Programas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1997.
(6) Gil
CRR, Silva AMR, Campos JJB, Baduy RS. Avaliação em saúde. In: Andrade
SM (Org.). Bases da Saúde Coletiva, Londrina: EDUEL; 2001.
(7)
Prefeitura Municipal de Londrina (PR). Autarquia do Serviço Municipal
de Saúde. Conselho Municipal de Saúde. Relatório anual de gestão da
saúde 2008. Londrina; 2008.
(8) Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Hucitec; 2004.
(9)
Secretaria do Estado do Paraná (PR). Manual do Programa de Prevenção e
Controle do Câncer Ginecológico. Curitiba: SESA; 2002.
(10) Ministério da Saúde (BR). Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Manual Técnico: Laboratórios. Brasília (DF); 2002.
(11)
Flisser A, Garcia-Malo F, Canepa MA et al. Implementations and
evaluations of a national external quality control program for cervical
cytology in México. Rev. Salud Pública de México, México, DF 2002;
44(5):431-436.
(12) Maeda MY, Loreto C, Barreto E et al. Estudo
preliminar do Siscolo: qualidade na rede de saúde pública de São Paulo.
Jornal Brasileiro de Patologia Médico Laboratorial, Rio de Janeiro
2004; 40(6):425-429.
(13) Correa DAD, Vilella WV. O controle do
câncer do colo do útero: desafios para implementação de ações
programáticas no Amazonas. Rev. Bras. Saúde Mat. Infantil 2008;
8(4):491-497.
(14) Secretaria do Estado do Paraná (PR). Boletim Epidemiológico, Curitiba, ano 7, n. 20; 2004.
(15)
Gamarra CJ, Paz EPA, Griep RH. Conhecimentos, atitudes e prática do
exame de Papanicolaou entre mulheres argentinas. Rev Saúde Pública, São
Paulo 2005; 39(2):270-276.