A ajuda na saúde como práxis política num município do Estado do Rio de Janeiro: uma abordagem etnográfica

Health Assistance as Political Praxis in a Municipality of Rio de Janeiro: An Ethnographic Approach

Neste artigo, pretendo abordar, de uma perspectiva etnográfica, as lógicas morais que produziram a ajuda na saúde como práxis política num município do estado do Rio de Janeiro, Brasil. A análise evidenciou que a emergência dessa prática antecedeu à criação do município e seguiu reproduzindo-se após a emancipação municipal. A manutenção desse status quo resulta da confluência entre distintas variáveis e se reproduz num contexto em que elementos de obrigação moral, produzidos por vínculos emocionais e afetivos, se articulam ao uso intencionado da ajuda. Entre a obrigação e o interesse, a ajuda na saúde acaba se constituindo num recurso social importante na produção de políticos e na legitimação de carreiras.

This article addresses the political logics that turned health assistance into a political praxis in a municipality of Rio de Janeiro, from an ethnographic perspective. It shows that the emergence of this practice predates the creation of the municipality and has persisted after municipal emancipation. Its preservation is the result of the convergence of different variables in a context in which moral obligation, arising from emotional and affective bonds, is articulated with the purposeful use of assistance. Between obligation and interest, health assistance becomes an important social mechanism that fosters the rise of politicians and the legitimization of their political careers.

Este artículo aborda, desde una perspectiva etnográfica, las lógicas políticas que produjeron la ayuda en la salud como una praxis política en un municipio fluminense. El análisis muestra que la emergencia de esta práctica antecede a la creación del municipio y siguió reproduciéndose después de la emancipación municipal. El mantenimiento de ese statu quo resulta de la confluencia entre distintas variables y se reproduce en un contexto en que elementos de obligación moral, producidos por vínculos emocionales y afectivos, se articulan al uso intencionado de la ayuda. Entre la obligación y el interés, la ayuda a la salud se acaba constituyendo como un recurso social importante en la producción de políticos y en la legitimación de carreras políticas.