DOI: https://doi.org/10.15446/revfacmed.v63.n4.51710

CARTA AL EDITOR

Fonoaudiologia e fissuras labiopalatinas

Speech therapy and clefts of the lip and palate

Marcos Roberto Tovani-Palone1

1 Universidade de São Paulo - Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - Bauru - Brasil.

Correspondência: Marcos Roberto Tovani-Palone. Seção de Odontopediatria e Saúde Coletiva, Rua Silvio Marchione, 3-20 - Vila Universitária. CEP 17012-900, SP. Telefone: +55 14 3235-8141, Fax +55 14 3234-7818. Bauru. Brasil. E-mail: marcos_palone@hotmail.com.

Recebido: 04/07/2015 Aceito: 03/08/2015


Tovani-Palone MR. Fonoaudiologia e fissuras labiopalatinas. Rev. Fac. Med. 2015;63(4):741-2. Portuguese. doi: https://doi.org/10.15446/revfacmed.v63.n4.51710.


Prezado editor:

Li com muito interesse o artigo intitulado "Fonoaudiología en los cuidados paliativos" (1). Em acréscimo, gostaria oportunamente de destacar o foco de atuação da fonoaudiologia no tratamento reabilitador das fissuras labiopalatinas, nas situações em que há comprometimento do palato. Por sua vez, tem-se que as ocorrências mais comuns neste âmbito surgem a partir de variações da extensão do tamanho das fissuras, bem como do reposicionamento incorreto das fibras musculares do palato, o que por vezes impossibilita a separação adequada da cavidade oral da nasal e, por conseguinte acarreta em prejuízos para a ressonância e articulação dos sons da fala. Assim, nestes casos a atuação da fonoaudiologia pauta-se principalmente acerca da ocorrência de alterações do mecanismo velofaríngeo, mediante as quais desenvolve-se a chamada disfunção velofaríngea, diferenciada em duas modalidades: insuficiência ou incompetência velofaríngea (Figura 1).

Vale então salientar que a insuficiência velofaríngea ocorre em resposta a um defeito anatômico ou funcional, ou seja, neste contexto devido à falta de tecido suficiente no palato para proporcionar o fechamento velofaríngeo de maneira adequada, sendo requerido adicionalmente tratamento físico quer seja por meio de cirurgia ou uso de prótese de palato. Já, a incompetência velofaríngea surge quando ocorre movimento velofaríngeo reduzido inerente a falhas na mobilidade das estruturas da velofaringe, como uma resultante de causas fisiológicas, requerendo apenas tratamento funcional com base na fonoterapia. Destaca-se que a combinação dos tratamentos físicos e funcionais são fundamentais em muitas situações, posto que a correção física não extingue as alterações de ordem funcional (2). De mais a mais, o impacto do tratamento fonoaudiológico dentro de um contexto integralizado para as fissuras labiopalatinas além de ser um dos pilares das etapas e condutas terapêuticas, sem dúvidas constitui-se num importante instrumento para reinserção social deste grupo de indivíduos.


Referências

1. Aguirre-Bravo AN, Sampallo-Pedroza R. Fonoaudiología en los cuidados paliativos. Rev. Fac. Med. 2015 [cited 2015 Jun 23];63(2):289-300. http://doi.org/7c5.

2. Aferri HC. Avaliação das etapas de confecção da prótese de palato em crianças com fissura palatina [dissertation]. Bauru: Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru; 2011 [cited 2015 Jun 23]. Available from: http://goo.gl/Vxdv8t.