Publicado

2019-07-01

Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani

Degrees of Omnipredicativity in the Tupi-Guarani Language Family

Gradación de la omnipredicatividad en la familia tupí-guaraní

DOI:

https://doi.org/10.15446/fyf.v32n2.80818

Palavras-chave:

omnipredicatividade, família Tupi-Guarani, fenômenos tipológicos, características conservadoras, gradação (pt)
omnipredicativity, Tupi-Guarani family, typological phenomena, conservative features, gradation (en)
omnipredicatividad, familia tupí-guaraní, fenómenos tipológicos, características conservadoras, gradación (es)

Downloads

Autores

O tipo omnipredicativo de língua é definido pelo fenômeno de a maioria das entradas lexicais poderem funcionar por si só como predicados. O presente artigo investiga as características apresentadas por quatro línguas da família Tupi-Guarani (Tupinambá, Guajá, Apyãwa e Nheengatú) que, além da indistinção entre nomes e verbos que funcionam como predicado, apresentam outras características omnipredicativas. A manifestação diferenciada dessas características nas quatro línguas permite avaliar que há uma tendência à perda gradativa da omnipredicatividade quando se comparam as línguas mais conservadoras com as menos conservadoras e atesta que, sincronicamente, as línguas se encontram em diferentes fases de mudança de um padrão mais prototipicamente omnipredicativo para padrões menos prototipicamente omnipredicativos.
An omnipredicative language is characterized by the fact that most lexical entries can function on their own as predicates. The article examines the characteristics of four languages belonging to the  Tupi-Guarani family  (Tupinambá, Guajá, Apyãwa and Nheengatú) which, besides the lack of distinction between nouns and verbs that function as predicates, also feature other omnipredicative traits. The differentiated manifestation of these features in the four languages makes it possible to conclude that there is a tendency toward the gradual loss of omnipredicativity, when comparing more conservative and less conservative languages. It also proves that, synchronically speaking, the languages are situated in different phases of change, from more prototypically omnipredicative patterns to less prototypically omnipredicative patterns.
El tipo omnipredicativo de lengua se define por el fenómeno de que la mayoría de las entradas léxicas pueden funcionar por sí mismas como predicados. Este artículo investiga las características presentadas por cuatro lenguas de la familia tupí-guaraní (tupinambá, guajá, apyãwa y nheengatú) que, además de la indistinción entre nombres y verbos que funcionan como predicado, presentan otros rasgos omnipredicativos. La manifestación diferenciada de estas características en las cuatro lenguas permite evaluar que hay una tendencia a la pérdida gradual de la omnipredicatividad cuando se comparan las lenguas más conservadoras con las menos conservadoras y testifica que, sincrónicamente, las lenguas se encuentran en diferentes fases de cambio desde un patrón más prototípicamente omnipredicativo hacia patrones menos prototípicamente omnipredicativos.

Referências

Anchieta, J. (1984). Lírica Portuguesa e Tupi. (vol. i). São Paulo: Edições Loyolla.

Anchieta, J. (1990 [1595]). Artes de Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil. São Paulo: Loyolla.

Anchieta, J. (2004). Poemas: Lírica Portuguesa e Tupi. São Paulo: Martins Fontes.

Austin, P. (1992). Word order in a free word order language: the case of Jiwarli. La Trobe working papers in linguistics, 5, 45-68.

Baker, M. (1996). The polysynthesis parameter. Nova York: Oxford University Press.

Baker, M. (2001). The Natures of Nonconfigurationality. Em M. Baltin, & C. Collins (Coords.), The Handbook of Contemporary Syntactic Theory (pp. 407-438). Massachusets & Oxford: Blackwell Publishers. https://doi.org/10.1002/9780470756416.ch13

Couchili, T., Maurel, D., & Queixalós, F. (2002) . Classes de lexèmes en Émérillon. Ameríndia, 26/27, 173-208.

Cruz, A. da, & Praça, W. N. (no prelo). Innovation in nominalization in Tupí-Guaraní languages. Em R. Zariquiey, M. Shibatani, & D. W. Fleck (Coords.), Nominalization in languages of the America (pp. 627-657). Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins Publishing Company.

Cruz, A. da. (2007). Portuguese loanwords in 18th century Tupi. Pesquisa apresentada em Phonetics and Phonology in Iberia (PaPI). Universidade do Minho, Portugal, 25 e 26 de junho.

Cruz, A. da. (2011). Fonologia e Gramática do Nheengatú: a língua geral falada pelos povos Baré, Warekena e Baniwa. Utrecht: lot.

Cruz, A. da. (2016). Towards an understanding of the origin of aspectual marks on nouns: evidence from Nheengatu and Tupinambá. Em F. Queixalós, & D. M. Gomes (Coords.), O Sintagma Nominal em Línguas Amazônicas (pp. 45-74). Campinas: Pontes.

Dixon, R. M. W. (1972). The Dyirbal Language of North Queens-land. Cambridge: Cambridge University Press.

Dixon, R. M. W. (1994). Ergativity. Cambridge: Cambridge University Press.

É. Kiss, K. (1987). Configurationality in Hungarian. Dordrecht: Reidel.

Escola Indígena Estadual Tapi’itãwa. (2010). Xe’egyao: Apyãwa xe’ega/Maira xe’ega. Tapi’itãwa: manuscrito.

Farmer, A. (1984). Modularity in Syntax. Cambridge: mit Press.

Figueira, L. (1921 [1687]). Arte de grammatica da lingua brasilica. Lisboa: M. Deslandes.

Foley, W. (1991). The Yamas Language of New Guinea. Stanford: Stanford University Press.

Frege, G. (1948 [1892]). Sense and Reference. The Philosophical Review, 57(3), 209-230.

Hale, K. (1983). Warlpiri and the Grammar of Non-configurational Languages. nllt, 1, 5-47.

Heath, J. (1986). Syntactic and lexical aspects of nonconfigurationality in Nunggubuyu (Australia). Natural Language and Linguistic Theory, 4, 375-408. https://doi.org/10.1007/bf00133375

Jelinek, E. (1984). Empty categories, case and configurationality. Natural Language and Linguistic Theory, 2(1), 39-76. https://doi.org/10.1007/bf00233713

Jelinek, E. (1988). The case Split and pronominal arguments in Choctaw. E. L. Marácz, & P. Muysken (Coords.), Configurationality: The typology of Asymmetries (pp. 189-212). Dordrecht: Foris.

Jelinek, E. (1993). Ergative “Splits” and Argument Type. Papers on Case & Agreement, 18, 15-42.

Jelinek, E., & Demers, R. A. (1994). Predicates and Pronominal Arguments in Straits Salish. Language, 70(4), 697-736. https://doi.org/10.2307/416325

Jensen, C. (1989). O desenvolvimento histórico da língua Wayampi. Campinas: unicamp.

Kinkade, M. D. (1983). Salish evidence against the Universality of ‘Noun’ and ‘Verb’. Lingua, 60, 25-40. https://doi.org/10.1016/0024-3841(83)90045-1

Launey, M. (1986). Catégories et opérations dans la gramaire nahuatl. Thèse d’Etat. Université de Paris iv, France.

Launey, M. (1994). Une grammaire omniprédicative. Essai sur la syntaxe du nahuatl classique. Paris: cnrs.

Launey, M. (2004). The features of omnipredicativity in Classical Nahuatl. Sprachtypologie und Universalienforschung, 57(1), 49-69.

Lefebvre, C., & Muysken, P. (1988). Mixed Categories: Nominalizations in Quechua. Dordrecht: Kluwer.

Leite, Y. (2003). A Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil e as línguas indígenas brasileiras. Em J. R. Bessa Freire, & M. C. Rosa (Coords.), Línguas Gerais–Política Lingüística e Catequese na América do Sul no Período Colonial (pp. 11-24). Rio de Janeiro: eduerj.

Lemarechal, A. (1989). Les parties du discourse. Sémantique et syntaxe. Paris: puf. https://doi.org/10.5433/2237-4876.2016v19n2p368

Magalhães, M. M. S. (2007). Sobre a morfologia e a sintaxe da língua Guajá. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, Brasil.

Magalhães, M. M. S. (2016). Os dois diferentes tipos de sintagma nominais complexos com núcleo verbal estativo da língua guajá. Em F. Queixalós, & D. M. Gomes (Coords.), O Sintagma Nominal em Línguas Amazônicas (pp. 187-202). Campinas: Pontes.

Mithun, M. (1987). Is basic word order universal? Em R. S. Tomlin (Coord.), Coherence and grounding in discourse (pp. 281-328). Amsterdam: John Benjamins Publishing Company. https://doi.org/10.1353/lan.1991.0015

Mithun, M. (1991). Active/agentive case marking and its motivation. Language, 67, 510-546.

Mohanan, K. (1982). Grammatical relations and clause structure in Malayalam. Em J. Bresnan (Coord.), The Mental Representation of Grammatical Relations (pp. 504-89). Cambridge: mit Press.

Navarro, E. de A. (1998). Método moderno de Tupi Antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. São Paulo: Vozes.

Pensalfini, R. (1997). Jingulu Grammar, Dictionary, and Texts. Tese de Doutorado. mit, eua.

Praça. W. N., Magalhães, M. M. S., & Cruz, A. da. (2017). Indicativo ii da família Tupí-Guaraní: uma questão de modo? Línguas Indígenas Americanas–liames, 17, 39-58.

Queixalós, F. (2001). Le suffixe referentiant en Émérillon. Em F. Queixalós (Coord.), Des noms et des verbes en Tupi-Guarani: état de la question (pp. 115-132). München: Lincom Europa.

Queixalós, F. (2005). Posse em Katukina e valência dos nomes. Em A. D. Rodrigues, & A. S. Cabral, A. (orgs.). Novos estudos sobre línguas indígenas brasileiras (pp. 177-202). Brasília: Universidade de Brasília.

Queixalós, F. (2006) The primacy and fate of predicativity in Tupi-Guarani. Em X. Lois, & V. Vapnarsky (Coords), Lexical categories and Root Classes in Ameridian Languages (pp. 249-288). Bern: Peter Lang International Academic Publishers.

Queixalós, F. (2015). Hipótese sobre a origem da marca de adjacência em Katukina-Kanamari e outras línguas. Pesquisa apresentada no ix Congresso Internacional da abralin. Belém, 25 a 28 de fevereiro.

Queixalós, F. (2016). The role of nominalization in theticity: a Sikuani contribution. Em C. Chamoreau, & Z. Estrada (Coords.), Finiteness and Nominalization (pp. 205-242). Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins Publishing Company. https://doi.org/10.1075/tsl.113.09que

Reinholtz, C., & Russell, K. (1994). Quantified nps in pronominal argument languages: evidence from Swampy Cree. Em J. Beckman (Coord.), nels 25 (pp. 389-403). Amherst: glsa.

Rodrigues, A. D. (1996). Argumento e predicado em Tupinambá. Boletim da abralin, 19, 57-66.

Rodrigues, A. D. (2001). Sobre a natureza do caso argumentativo. Em F. Queixalós (Coord.), Des noms et des verbes en Tupi-Guarani: état de la question (pp. 103-114). München: Lincom Europa.

Rodrigues, A. D. (2010). Estrutura do Tupinambá. Em A. D. Rodrigues, & A. S. A. Cabral. (Coords.), Língua e culturas Tupi (pp. 11-42). Brasília & Campinas: lali & Nimuendajú.

Ruiz de Montoya, A. (1640). Arte, y Bocabulario de la lengua guarani. Madrid: Juan Sanchez (Reedição facsimilar: Leipzig: Teubner, 1876, e Madrid: Cultura Hispanica, 1994; reedição não facsimilar: Viena: Faesy & Frick, Paris: Maisonneuve, 1876).

Schleicher, C. O. (1998). Comparative and Internal Reconstruction of Proto-Tupi-Guarani. Tese de doutorado. University of Wisconsin-Madison, eua.

Seki, L. (1990). Kamaiurá (Tupi-Guarani) as an Active-Stative Language. Em D. L. Payne (Coord.), Amazonian linguistics. Studies in lowland South American languages (pp. 367-391). Austin: University of Texas Press.

Seki, L. (2000). Gramática do Kamaiurá — Língua Tupi-Guarani do Alto Xingu. Campinas & São Paulo: Editora da Unicamp & Imprensa Oficial. https://doi.org/10.1353/lan.2002.0060

Thompson, L. C., & Thompson, M. T. (1980). Thompson Salish ii-xi/i. International Journal of American Linguistics, 46, 27-32. https://doi.org/10.1086/465626

Webelhuth, G. (1984-5). German is Configurational. Linguistic Review, 4, 203-246.

Como Citar

APA

Magalhães, M., Praça, W. e da Cruz, A. (2019). Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma y Función, 32(2), 151–189. https://doi.org/10.15446/fyf.v32n2.80818

ACM

[1]
Magalhães, M., Praça, W. e da Cruz, A. 2019. Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma y Función. 32, 2 (jul. 2019), 151–189. DOI:https://doi.org/10.15446/fyf.v32n2.80818.

ACS

(1)
Magalhães, M.; Praça, W.; da Cruz, A. Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma. func. 2019, 32, 151-189.

ABNT

MAGALHÃES, M.; PRAÇA, W.; DA CRUZ, A. Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma y Función, [S. l.], v. 32, n. 2, p. 151–189, 2019. DOI: 10.15446/fyf.v32n2.80818. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/formayfuncion/article/view/80818. Acesso em: 26 jul. 2024.

Chicago

Magalhães, Marina, Walkíria Praça, e Aline da Cruz. 2019. “Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani”. Forma Y Función 32 (2):151-89. https://doi.org/10.15446/fyf.v32n2.80818.

Harvard

Magalhães, M., Praça, W. e da Cruz, A. (2019) “Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani”, Forma y Función, 32(2), p. 151–189. doi: 10.15446/fyf.v32n2.80818.

IEEE

[1]
M. Magalhães, W. Praça, e A. da Cruz, “Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani”, Forma. func., vol. 32, nº 2, p. 151–189, jul. 2019.

MLA

Magalhães, M., W. Praça, e A. da Cruz. “Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani”. Forma y Función, vol. 32, nº 2, julho de 2019, p. 151-89, doi:10.15446/fyf.v32n2.80818.

Turabian

Magalhães, Marina, Walkíria Praça, e Aline da Cruz. “Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani”. Forma y Función 32, no. 2 (julho 1, 2019): 151–189. Acessado julho 26, 2024. https://revistas.unal.edu.co/index.php/formayfuncion/article/view/80818.

Vancouver

1.
Magalhães M, Praça W, da Cruz A. Gradação da omnipredicatividade na família Tupi-Guarani. Forma. func. [Internet]. 1º de julho de 2019 [citado 26º de julho de 2024];32(2):151-89. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/formayfuncion/article/view/80818

Baixar Citação

CrossRef Cited-by

CrossRef citations1

1. Marina Maria Silva Magalhães, Débora Oliveira Silva Alves. (2022). Alteração morfossintática de predicados no Guajá pela anteposição de expressões adverbiais. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 17(1) https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2020-0112.

Dimensions

PlumX

Acessos à página de resumo

475

Downloads

Não há dados estatísticos.