Publicado

2018-07-01

Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro

Physical violence against lesbian, gay, bisexual, transvestite and transgender individuals from Brazil

Violencia física contra lesbianas, gais, bisexuales, travestis y transexuales de Brasil

DOI:

https://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.62942

Palabras clave:

Violência, homossexualidade, saúde (pt)
Violence, homosexuality, health (en)
Violencia, homosexualidad, salud (es)

Autores/as

  • Felice Teles Lira dos Santos Moreira Felice Universidade Regional do Cariri
  • Jeanderson Soares Parente Jeanderson Universidade Regional do Cariri
  • Grayce Alencar Albuquerque Grayce Universidade Regional do Cariri (URCA)

Objetivo Determinar o perfil de violência física perpetrada contra integrantes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT).
Método Estudo descritivo, de abordagem quantitativa, realizado com minorias sexuais nos municípios de Juazeiro do Norte e Crato, Ceará, Brasil. Utilizou-se um formulário estruturado para coleta de dados. O estudo teve aprovação prévia de Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados Um total de 316 integrantes LGBTT, em sua maioria gays, solteiros, pardos e com idade média de 24,3 anos, participaram do estudo. Dentre as violências sofridas ao longo da vida, as físicas ocuparam a segunda colocação (31,3%). Frente a estas, prevaleceram os empurrões (21,8%) e socos (17,4%). O local preferencial para os ataques foi a face (84,4%) e a maioria dos agressores são pessoas desconhecidas (13,6%).
Discussão A vitimização LGBTT constitui-se em grave violação aos direitos humanos, com repercussões negativas à saúde. Os resultados apontam para um quadro de homofobia social, semelhante ao observado em todo o território brasileiro mediante relatórios produzidos pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Minorias sexuais são vítimas de agressões cotidianas que resultam em sequelas temporárias e/ou permanentes a exemplo de torções e fraturas. A ameaça de agressão é constante, visto os maiores agressores serem pessoas transeuntes desconhecidas.
Conclusão Integrantes LGBTT são vítimas de violência física e suas repercussões negativas. O enfrentamento desta realidade implica em elaboração de estratégias políticas e sociais, de setores governamentais e não governamentais, para o combate e a redução deste tipo de violência dirigida ao grupo.

Objective To determine the physical violence profile against lesbians, gays, bisexuals, transvestites and transsexuals (LGBTT).
Method Descriptive study, with a quantitative approach, carried out with sexual minorities of the municipalities of Juazeiro do Norte and Crato, Ceará, Brazil. A structured form was used to collect data. The study was previously approved by a Research Ethics Committee.
Results 316 LGBTT members, mostly gays, single, mestizo and with a mean age of 24.3 years, took part in the study. Among the types of violence suffered throughout life, physical violence ranked second (31.3%); in this category, pushes (21.8%) and hits (17.4%) prevailed. The preferred place for attacks was the face (84.4%), and most of the aggressors are unknown persons (13.6%).
Discussion LGBTT victimization is a serious violation of human rights, with negative repercussions on health. The results point to a picture of social homophobia, similar to

Objetivo Determinar el perfil de violencia física cometida contra integrantes lesbianas, gays, bisexuales, travestis y transexuales (LGBTT).
Método Estudio descriptivo, con enfoque cuantitativo, realizado con minorías sexuales en los municipios de Juazeiro do Norte y Crato, Ceará, Brasil. Se utilizó un formulario estructurado para recoger los datos. El estudio tuvo aprobación previa de un Comité de Ética en Investigación.
Resultados Un total de 316 integrantes LGBTT, en su mayoría gays, solteros, pardos y con edad promedio de 24,3 años, participaron del estudio. Entre las violencias sufridas a lo largo de la vida, las físicas ocuparon la segunda colocación (31,3%). En la frente de estas, prevalecieron los empujones (21,8%) y golpes (17,4%). El lugar preferente para los ataques fue la cara (84,4%), y la mayoría de los agresores son personas desconocidas (13,6%).
Discusión La victimización LGBTT se constituye en una grave violación a los derechos humanos, con repercusiones negativas en la salud. Los resultados apuntan a un cuadro de homofobia social, similar al observado en todo el territorio brasileño mediante informes producidos por la Secretaría de Derechos Humanos de la Presidencia de la República. Minorías sexuales son víctimas de agresiones cotidianas que resultan en secuelas temporales y/o permanentes, por ejemplo, torsiones y fracturas. La amenaza de agresión es constante, ya que los mayores agresores son personas transeúntes desconocidas.
Conclusión Integrantes LGBTT son víctimas de violencia física y sus repercusiones negativas. El enfrentamiento de esta realidad implica la elaboración de estrategias políticas y sociales, de sectores gubernamentales y no gubernamentales, con el fin de combatir y reducir este tipo de violencia dirigida al grupo.

Referencias

OMS, Organização Mundial de Saúde. World Report on Violence and Health. Genebra: WHO; 2002.

Minayo MCS. Violência e Saúde. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; 2006.

Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Direitos Humanos. Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2012. Brasília, DF; 2012

Albuquerque GA, Garcia CL, Quirino GS, Alves MJH, Belém JM, Figueiredo FWS, et al. Access to health services by lesbian, gay, bisexual, and transgender persons: systematic literature review. BMC International Health and HumanRights. 2016; 16 (2).

Mott L. Manual de Coleta de informações, sistematização e mobilização política contra crimes homofóbicos. Salvador: Editora Grupo Gay da Bahia; 2000.

Borillo D. A Homofobia. In: Lionço T, Diniz D (org.). Homofobia & educação: um desafio ao silêncio. Brasília, DF: Editora LetrasLivres; EdUnB; 2009. pp. 5-46.

Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Direitos Humanos. Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2011. Brasília, DF; 2011.

Prado MAM, Junqueira RD. Homofobia, hierarquização e humilhação social. In Diversidade sexual e homofobia no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo; 2011.

Ramos S, Carrara AS. Constituição da problemática da violência contra Homossexuais: a articulação entre ativismo e academia na elaboração de políticas públicas. Physys. 2006; 12(2): 185-205.

GGB, Grupo Gay da Bahia [Internet]. Tabela geral de assassinados de homossexuais no Brasil, 2010. 5p. Disponível em: https://goo.gl/2nuSjU. Acessado em 02 Janeiro 2017.

Wong CF, Weiss G, Ayala G, Kipke MD. Harassment, discrimination, violence and illicit drug use among men young men who have sex with men. AIDS Educ Prev. 2010; 22(4): 286-98.

Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a practical manual. Geneva: World Health Organization. 1991.

Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Direitos Humanos. Relatório sobre violência homofóbica no Brasil: ano de 2013. Brasília, DF; 2016.

Melo L, Avelar RB, Brito W. Políticas públicas de segurança para a população LGBT no Brasil. Rev. Estud. Fem. 2014; 22(1).

GGB, Grupo Gay da Bahia [Internet]. Tabela geral de assassinados de homossexuais no Brasil, 2013. 5p. Disponível em: https://goo.gl/VX24Ps.16. Silva GWS, Souza EFL, Sena RCF, Moura IBL, Sobreira MVS, Miranda FAN. Situações de violência contra travestis e transexuais em um município do nordeste brasileiro. Rev Gaúcha Enferm. 2016; 37(2): e56407.

UNESCO. Representação da UNESCO no Brasil. Mais Educação, menos Violência: Caminhos inovadores do programa de abertura das escolas públicas nos fins de semana. Coleção Abrindo Espaços, Educação e Cultura para a Paz. Fundação Vale. Brasília; 2008.

Blosnich J, Bossarte R. Drivers of Disparity: Differences in Socially - Based Risk Factors of Self-injurious and Suicidal Behaviors Among Sexual Minority College Students. J Am Coll Health. 2012; 60 (2): 141-149.

Venturi G, Recamán M, Oliveira S. A mulher brasileira no espaço público e privado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo; 2004.

Deslandes SF, Gomes R, Silva CMFP. Caracterização dos Casos de Violência Doméstica Contra a Mulher Atendidos em Dois Hospitais Públicos do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública. 2000; 16(1):129-137.

Le BT, Dierks EJ, Ueeck BA, Homer LD, Potter BF. Maxillofacial injuries associated with domestic violence. J Oral Maxillo fac Surg. 2001; 59(11): 1277-1283.

Gironda MW, Lui A. Social support and resource needs as mediators of recovery after facial injury. Oral Maxillo fac Surg Clin North Am. 2010; 22(2):251-9.

Le Breton D. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes; 2006.

Yu N. What does face mean to us? Pragmatics & Cognition. 2001; 9(1): 1-36.

Synnott A. Truth and goodness, mirror and masks - part I: a sociology of beauty and the face. The British Journal of Sociology. 1989; 40(4): 607-635.

Schraiber LB, d'Oliveira AFPL, França-Junior I, Pinho AA. Violência Contra a Mulher: Estudo Em Uma Unidade de Atenção Primária à Saúde. Revista Saúde Pública. 2002; 36(4): 470-7.

Dourado SM, Noronha, CV. A face marcada: as múltiplas implicações da vitimização feminina nas relações amorosas. Physis Revista de Saúde Coletiva, 2014; 36(2): 623-43.

Cómo citar

APA

Felice, F. T. L. dos S. M., Jeanderson, J. S. P. y Grayce, G. A. A. (2018). Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro. Revista de Salud Pública, 20(4), 445–452. https://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.62942

ACM

[1]
Felice, F.T.L. dos S.M., Jeanderson, J.S.P. y Grayce, G.A.A. 2018. Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro. Revista de Salud Pública. 20, 4 (jul. 2018), 445–452. DOI:https://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.62942.

ACS

(1)
Felice, F. T. L. dos S. M.; Jeanderson, J. S. P.; Grayce, G. A. A. Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro. Rev. salud pública 2018, 20, 445-452.

ABNT

FELICE, F. T. L. dos S. M.; JEANDERSON, J. S. P.; GRAYCE, G. A. A. Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro. Revista de Salud Pública, [S. l.], v. 20, n. 4, p. 445–452, 2018. DOI: 10.15446/rsap.v20n4.62942. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/revsaludpublica/article/view/62942. Acesso em: 30 sep. 2024.

Chicago

Felice, Felice Teles Lira dos Santos Moreira, Jeanderson Soares Parente Jeanderson, y Grayce Alencar Albuquerque Grayce. 2018. «Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro». Revista De Salud Pública 20 (4):445-52. https://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.62942.

Harvard

Felice, F. T. L. dos S. M., Jeanderson, J. S. P. y Grayce, G. A. A. (2018) «Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro», Revista de Salud Pública, 20(4), pp. 445–452. doi: 10.15446/rsap.v20n4.62942.

IEEE

[1]
F. T. L. dos S. M. Felice, J. S. P. Jeanderson, y G. A. A. Grayce, «Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro», Rev. salud pública, vol. 20, n.º 4, pp. 445–452, jul. 2018.

MLA

Felice, F. T. L. dos S. M., J. S. P. Jeanderson, y G. A. A. Grayce. «Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro». Revista de Salud Pública, vol. 20, n.º 4, julio de 2018, pp. 445-52, doi:10.15446/rsap.v20n4.62942.

Turabian

Felice, Felice Teles Lira dos Santos Moreira, Jeanderson Soares Parente Jeanderson, y Grayce Alencar Albuquerque Grayce. «Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro». Revista de Salud Pública 20, no. 4 (julio 1, 2018): 445–452. Accedido septiembre 30, 2024. https://revistas.unal.edu.co/index.php/revsaludpublica/article/view/62942.

Vancouver

1.
Felice FTL dos SM, Jeanderson JSP, Grayce GAA. Violência física contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do nordeste brasileiro. Rev. salud pública [Internet]. 1 de julio de 2018 [citado 30 de septiembre de 2024];20(4):445-52. Disponible en: https://revistas.unal.edu.co/index.php/revsaludpublica/article/view/62942

Descargar cita

CrossRef Cited-by

CrossRef citations10

1. Felipe Alckmin-Carvalho, António Oliveira, Patricia Silva, Madalena Cruz, Lúcia Nichiata, Henrique Pereira. (2024). Religious Affiliation, Internalized Homonegativity and Depressive Symptoms: Unveiling Mental Health Inequalities among Brazilian Gay Men. International Journal of Environmental Research and Public Health, 21(9), p.1167. https://doi.org/10.3390/ijerph21091167.

2. Eduardo Mesquita Peixoto, Virginia Maria de Azevedo Oliveira Knupp, Jesilaine Resende Teixeira Soares, Davi Gomes Depret, Cleo de Oliveira Souza, Maria Eduarda Dantas Messina, Lívia Machado de Mello Andrade, Luciana Catarina Santos de Melo, Damiana de Figueiredo Bezerra, Cristiane Regina Viníssius de Castro, Laylla monteiro Tavares da Silva, Biancka Fernandes, Emilia Moreira Jalil, Ruth Khalili Friedman, Cláudia de Moura Silva, Edson José Abas Filho, Beatriz Gilda Jegerhorn Grinsztejn, Ronaldo Ismério Moreira, Ricardo de Mattos Russo Rafael, Luciane de Souza Velasque. (2022). Interpersonal Violence and Passing: Results from a Brazilian Trans-specific Cross-sectional Study. Journal of Interpersonal Violence, 37(15-16), p.NP14397. https://doi.org/10.1177/08862605211005152.

3. Letícia Alcântara da Silva , Ester Lima dos Santos , Helena Kellen Barbosa de Souza, Rubenyta Martins Podemelle, Renê Ribeiro Soares, Sarah de Souza Mendonça. (2022). ENVELHECIMENTO E VELHICE LGBTQIA+. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 33, p.1013. https://doi.org/10.35919/rbsh.v33.1013.

4. Rafael Contini Quirino, Alex Sandro Gomes Pessoa, Leticia Yuki de Araujo Furukawa, Dorothy Bottrell. (2022). Violence, Suffering and Subversion: Notes From a Qualitative Study About Schooling Trajectories of Brazilian Young Homosexuals. Journal of Homosexuality, 69(14), p.2513. https://doi.org/10.1080/00918369.2021.1943279.

5. Felipe Alckimin-Carvalho, Nilse Chiapetti, Lucia Izumi Nichiata. (2023). HOMOFOBIA INTERNALIZADA E OPRESSÃO SOCIAL PERCEBIDA POR HOMENS GAYS QUE VIVEM COM HIV. Psicologia e Saúde em Debate, 9(2), p.685. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V9N2A40.

6. Marcelo Machado de Almeida, Luís Augusto Vasconcelos da Silva, Francisco Inácio Bastos, Mark Drew Crosland Guimarães, Carolina Coutinho, Ana Maria de Brito, Socorro Cavalcante, Inês Dourado, Kyoung-Sae Na. (2022). Factors associated with symptoms of major depression disorder among transgender women in Northeast Brazil. PLOS ONE, 17(9), p.e0267795. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0267795.

7. Hugo Fernandes, Pedro Vinícius Rodrigues Bertini, Paula Hino, Mônica Taminato, Luíza Csordas Peixinho da Silva, Paula Arquioli Adriani, Camila de Morais Ranzani. (2022). Violência interpessoal contra homossexuais, bissexuais e transgêneros. Acta Paulista de Enfermagem, 35 https://doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO014866.

8. Alexandre A Guilherme, Wagner de Lara Machado, Guilherme Monteiro Sanchez, Leticia de Oliveira Rosa. (2023). The development and initial validation of an instrument measuring levels of violence suffered and practiced by students in higher education. Policy Futures in Education, 21(2), p.168. https://doi.org/10.1177/14782103221097208.

9. Melissa dos Reis Pinto Mafra Fialla, Liliana Müller Larocca, Maria Marta Nolasco Chaves, Rafaela Gessner Lourenço. (2022). As violências na percepção de jovens universitários. Acta Paulista de Enfermagem, 35 https://doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO012734.

10. David Ismael Gutiérrez Gamboa, Angélica Aremy Evangelista García, José María Duarte Cruz. (2023). Interseccionalidad y espacios: violencias entre personas lesbianas, gais, transgéneros y transexuales en Acapulco. Secuencia, https://doi.org/10.18234/secuencia.v0i117.2101.

Dimensions

PlumX

Visitas a la página del resumen del artículo

526

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.