As relações internacionais dos Bolsonaros e suas articulações com a extrema direita latino-americana através do think tank “Instituto Conservador Liberal – CPAC Brasil.
The Bolsonaros’ international relations and their articulations with the Latin American extreme right through the think tank “Instituto Conservador Liberal-CPAC Brasil”
DOI:
https://doi.org/10.15446/cp.v19n37.112064Palabras clave:
extrema derecha, Bolsonaro, Brasil, Ciencia Política (es)Far Right, Bolsonaro, Brazil, Political Science (en)
A problema central abordado nesta análise é a atuação de Eduardo Bolsonaro e o think tank Instituto Conservador Liberal ICL -CPAC Brasil na articulação com lideranças e organizações da extrema direita no cenário internacional. Os encontros do CPAC Brasil e a agenda política desta liderança política representam pontos relevantes para estudarmos as relações internacionais dos Bolsonaro no intuito de melhor compreender as ações e relações daqueles que representam o extremismo político de direita no Brasil contemporâneo.
The central problem addressed in this analysis is the performance of Eduardo Bolsonaro and the think tank Instituto Conservador Liberal ICL -CPAC Brasil in articulating with extreme right leaders and organizations on the international scene. The CPAC Brasil meetings and the political agenda of this political leadership represent relevant points for studying the Bolsonaros’ international relations in order to better understand the actions and relationships of those who represent right-wing political extremism in contemporary Brazil.
Recibido: 4 de septiembre de 2023; Aceptado: 16 de diciembre de 2024
Resumo
O problema central abordado nesta análise é a atuação de Eduardo Bolsonaro e o think tank Instituto Conservador Liberal ICL-CPAC Brasil na articulação com lideranças e organizações da extrema-direita no cenário internacional. Os encontros do CPAC Brasil e a agenda política desta liderança representam pontos relevantes para estudarmos as relações internacionais dos Bolsonaro, com o intuito de melhor compreender as ações e relações daqueles que representam o extremismo político de direita no Brasil contemporâneo.
Palabras clave: extrema-direita, Bolsonaro, Brasil, Ciência Política.Abstract
The central problem addressed in this analysis is the performance of Eduardo Bolsonaro and the think tank Instituto Conservador Liberal ICL-CPAC Brasil in articulating with extreme right leaders and organizations on the international scene. The CPAC Brasil meetings and the political agenda of this political leadership represent relevant points for studying the Bolsonaros’ international relations in order to better understand the actions and relationships of those who represent right-wing political extremism in contemporary Brazil.
Palabras clave: Far Right, Bolsonaro, Brazil, Political Science.Entre 2019 e 2024, ocorreram no Brasil 5 encontros de lideranças da extrema-direita latino-americana, europeia e estadunidense nos congressos do Instituto Conservador Liberal (CPAC) Brasil, um think tank criado pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, eleito deputado federal em 2018 com recorde de quase um milhão e meio de votos nas eleições que levaram seu pai à vitória, em uma conjuntura de profunda crise política no Brasil, seguindo uma agenda política muito influenciada pelo trumpismo.
Nos congressos do CPAC Brasil participaram, entre diversas lideranças internacionais, a senadora colombiana María Fernanda Cabal, o chileno José Antonio Kast, candidato à presidência do país; o candidato à presidência da Argentina, Javier Milei; Eduardo Bittar, líder do movimento venezuelano Rumbo Libertad (RL-MPLV); e Santiago Abascal, lider de um dos mais destacados partidos da direita radical europeia, o VOX.
Estes e outros políticos participaram desses eventos, interpretados aqui como um fórum internacional sediado no Brasil. Estes eventos foram organizados como um espaço de discussão e articulação de movimentos e partidos políticos que orquestram instrumentos e ferramentas, agendas políticas e promovem um intercâmbio de experiências organizativas para uma atuação coordenada sob a bandeira da defesa do liberalismo econômico, do conservadorismo como fundamento ideológico e de um nacionalismo com fundamentos de extremismo político de direita.
O problema central abordado, ainda que de forma inicial, nesta análise é que Eduardo Bolsonaro e o ICL-CPAC Brasil representam uma importante conexão com lideranças e organizações da extrema-direita no cenário internacional. Os encontros aqui realizados representam pontos relevantes para estudar as relações internacionais dos Bolsonaro, no intuito de compreender melhor as ações e relações daqueles que representam o extremismo político de direita no Brasil contemporâneo.
O Instituto Conservador Liberal Brasileiro – CPAC Brasil e suas conexões com a extrema-direita internacional
O CPAC Brasil representa e reproduz a proposta da Conservative Political Action Conference (CPAC), criada nos Estados Unidos na década de 1970 e que atua há cinco décadas.
A CPAC é um tradicional congresso que reúne líderes políticos de direita desde 1973, congregando organizações conservadoras, empresários, personalidades públicas e lideranças religiosas influenciadas pela conjuntura da Guerra Fria no combate à esquerda.
Fundado pelo grupo American Conservative Union (ACU) e Young Americans for Freedom (YAF), o CPAC consolidou-se como um destacado evento conservador dos EUA, defendendo valores como a diminuição do papel do Estado, a defesa da família tradicional e o Estado Mínimo, considerando que apenas governos com poder limitado são capazes de garantir a liberdade individual, instrumentalizando retóricas nacionalistas para a suposta defesa da sociedade.
Nas eleições estadunidenses este think tank, apoiou importantes nomes da direita conservadora americana como Ronald Reagan, George W. Bush e Donald Trump.
Em 2020, ocorreu nos Estados Unidos a 47.ª edição do CPAC. O evento teve como slogan ser “O maior encontro de formação conservadora do mundo”. E, pela primeira vez, um brasileiro discursou; o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro.
O CPAC dos Estados Unidos expandiu seu modelo de organização para muitos outros países além do Brasil, tendo ocorrido eventos na Austrália, Coréia do Sul, Japão e Irlanda, segundo dados do ICL brasileiro (CPAC Brasil, n. d.).
Em janeiro de 2023, foi a vez de Jair Bolsonaro participar como conferencista importante da programação do CPAC nos Estados Unidos (Carta Capital, 2023), consolidando a articulação de Jair e Eduardo, além daquela de outros líderes da América Latina.
A influência do CPAC também é exercida no México. Em novembro de 2022, período logo após as eleições presidenciais brasileiras, que deram a vitória a Luis Inácio Lula da Silva, com Jair Bolsonaro derrotado na sua tentativa de reeleição, foi reeleito para Deputado Federal Eduardo Bolsonaro, que, depois de sua vitória eleitoral, viajou para a Cidade do México para participar como palestrante de destaque no primeiro CPAC mexicano (Deccache, 2022).
O título da sua palestra foi “A Luta no Brasil” e, nela, Eduardo Bolsonaro exibiu imagens de protestos das ruas brasileiras com apoiadores de Jair Bolsonaro que questionavam o processo eleitoral, acusando manipulação e fraude no sistema brasileiro de urnas eletrônicas. Foram mostradas imagens dos acampamentos de apoiadores que tinham sido formados em frente a quartéis do exército em muitas cidades brasileiras, com destaque para o grande acampamento que reuniu alguns milhares de bolsonaristas em frente ao Quartel de Brasília, onde permaneceram mobilizados por mais de quarenta dias e com indícios de apoio do Exército.
No mesmo primeiro encontro de fundação do CPAC mexicano, neste ano de 2022, também palestrou, por videoconferência, Steve Bannon com o tema “Estratégias Vencedoras”, onde lançou dúvidas sobre os sistemas de votação eletrônica numa conjuntura que antecede as eleições presidenciais no México. O CPAC mexicano teve como tema central do evento a frase “Defendendo a liberdade nas Américas” e foi organizado por Eduardo Verastegui, ex-assessor de Donald Trump em políticas para a comunidade latino-americana, que, por sua vez, tem a intenção de se lançar candidato à presidência do México. Eduardo Bolsonaro, assim como Donald Trump, manifestaram apoio público a Verastegui.
Eduardo Bolsonaro foi convidado por Steve Bannon para ser o representante da América do Sul na organização internacional de extremadireita chamada The Moviment, que tem o propósito de organizar e apoiar políticos extremistas. Em 31 de janeiro de 2019, foi divulgada publicamente a foto do encontro do deputado brasileiro com Steve Bannon, e a legenda anunciava que Eduardo Bolsonaro iria integrar o The Moviment, visando uma articulação internacional de políticos conservadores criada por, segundo Bannon, apoiar o que ele denomina de “nacionalismos populistas” e, em oposição ao chamado “globalismo”. Desde então, as conexões, encontros e apoios entre esses representantes da extrema-direita brasileira e internacional só aumentaram.
Segundo uma importante reportagem intitulada “Eduardo Bolsonaro teve 125 reuniões com membros da extrema-direita no continente” publicada pela Agencia Pública de Notícias:
O deputado brasileiro e o ator mexicano se aproximaram por intermédio do estrategista americano Steve Bannon. Em fevereiro de 2020, eles estiveram juntos nos EUA, em um jantar oferecido por Bannon, onde também participaram lideranças da extrema-direita da Europa. “Todo grande movimento começa com um primeiro passo. Ontem, no jantar oferecido por Steve Bannon, pudemos ouvir pela ótica de conservadores latino-americanos e europeus suas perspectivas de seus países, algo que, além de enriquecer nossos conhecimentos, nos dá energia: não estamos sozinhos no mundo, muito pelo contrário!”, escreveu em suas redes sociais Eduardo Bolsonaro, ao divulgar o encontro. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o escolhido por Steve Bannon para colocar em prática na América Latina seu projeto de unir a extrema-direita global e derrotar a esquerda. “O que eu tento fazer, especialmente com Eduardo, é falar sobre como [desenvolver] um movimento nacionalista populista na América Latina, em como conectá-lo, fazer com que as pessoas de cada país se comuniquem, compartilhem ideias, digam o que está dando certo ou não. Sempre tentei ser uma espécie de posto de intercâmbio para garantir que possamos fazer conexões e interconectar pessoas”, destacou Bannon em entrevista à BBC em setembro do ano passado. (Maciel et al., 2023)
As mobilizações da extrema-direita no Brasil e as redes internacionais da Direita Radical
As articulações no campo das relações internacionais de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo tem no referido think tank do Instituto Conservador Liberal (CPAC) Brasil um importante instrumento de intercâmbio externo e mobilização interna para o movimento bolsonarista brasileiro.
Na primeira conferência CPAC Brasil, realizada em 11 de outubro de 2019 (Gortázar), foram discutidos temas como “A questão da Amazônia”, assuntos ligados à defesa da religião como instrumento da luta contra o comunismo, direitos humanos, criminalidade no Brasil e a defesa das “famílias tradicionais”. Entre os convidados internacionais, palestrantes participaram assessores de Donald Trump: Walid Phares, conselheiro de política externa de Trump; Charles R. Gerow; e Mercedez Schlapp, líderes da União Conservadora Americana (UCA), também organizadores do CPAC nos EUA. Eduardo Bolsonaro firmou um termo de cooperação com os conservadores americanos para intercâmbio de conhecimento, segundo os dados disponibilizados pela imprensa.
Em 2021, o evento foi realizado em Brasília nos dias 3 e 4 de setembro, lideranças da extrema-direita dos EUA, da América Latina e da Europa, participaram do segundo CPAC Brasil, evidenciando o crescimento desta rede internacional de extremistas de direita.
Em 2022, na terceira edição do CPAC Brasil, participaram o venezuelano Eduardo Bittar, a senadora colombiana María Fernanda Cabal (que também participou do congresso em 2021), o candidato à presidência do Chile, José Antonio Kast, e o candidato à presidência da Argentina, Javier Milei. Todos os três também foram palestrantes no CPAC México, em novembro de 2022. Javier Milei apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição em 2022 e, agora, em 2023, Jair Bolsonaro também manifestou apoio recíproco à candidatura presidencial de Milei na Argentina. Ocorreram ainda encontros entre Eduardo Bolsonaro e Javier Milei em Buenos Aires no final de 2022, aproximando os bolsonaristas brasileiros da extrema-direita argentina.
Um exemplo é a parceria entre o CPAC Brasil e o site La Derecha Diario, firmada em 2021, um canal criado pelo argentino Fernando Cerimedo, conhecido pela divulgação de fake news, as chamadas notícias falsas. La Derecha Diario esteve no CPAC Brasil de 2022 fazendo a cobertura do evento.
Além dos três encontros do CPAC Brasil, ocorreram também, durante o período eleitoral brasileiro de 2022, diversas conferências em muitas cidades brasileiras, realizadas pelo ICL, denominadas “Brasil Profundo”. Estes eventos reuniram políticos em cargos eletivos, vereadores, prefeitos, empresários (principalmente do agronegócio), policiais e líderes religiosos. A finalidade era mobilizar apoio à candidatura de Jair Bolsonaro para reeleição como presidente, assim como apoiar candidatos a cargos de deputados estaduais e federais ligados ao movimento bolsonarista. É interessante que, em alguns encontros do Congresso Brasil Profundo, além de políticos brasileiros aliados dos Bolsonaro, também estiveram presentes representantes da extrema-direita internacional, como os já mencionados Sebastián Abascal do VOX e Eduardo Bittar do Rumbo a la Liberdad.
Durante os quatro anos de governo Bolsonaro no Brasil, diversas iniciativas foram desenvolvidas no campo das relações internacionais, marcadas pelo alinhamento direto com a política externa de Donald Trump. Ocorreram muitos encontros com líderes e representantes de partidos e movimentos conservadores e nacionalistas de países da América e Europa.
Na Europa, as iniciativas da família Bolsonaro foram bem-sucedidas, e Eduardo Bolsonaro se destacou em suas aproximações com o líder da extrema-direita da Espanha, Santiago Abascal, que preside o partido VOX e a Fundação Disenso. Eduardo Bolsonaro e Abascal foram organizadores, em outubro de 2020, da fundação do Foro de Madrid, de uma coalizão internacional contra o comunismo, segundo uma retórica chauvinista “para frear o avanço do comunismo na ibero-esfera” (Gonzales et al., 2021). Eduardo Bolsonaro foi um dos signatários e também participou da fundação do Foro de Madrid.
Em junho de 2023, Abascal e Eduardo Bolsonaro se encontraram na Espanha durante uma viagem à Europa, participando também em Portugal e Itália com lideranças dos partidos de extrema-direita, como o português Chega e os o italianos Fratelli d’Italia e Lega Nord.
O elemento mais interessante que evidencia a articulação internacional dessas organizações é que, no segundo e terceiro Congresso do ICL-CPAC Brasil, em 2022 e 2023, um dos patrocinadores foi a empresa estadunidense Gettr, que criou uma plataforma de comunicação para trumpistas, utilizada na campanha de reeleição Donald Trump. Esta plataforma, criada especialmente para os apoiadores de Trump, também foi utilizada pelos bolsonaristas no Brasil. Em 21 de setembro de 2021, o próprio Eduardo Bolsonaro visitou o escritório da empresa Gettr em Nova York.
A empresa Getts patrocinou os dois últimos encontros do ICL-CPAC Brasil. Interessante a relação de patrocínio pela rede social de extrema direita Gettr, comandada pelo ex-assessor de Donald Trump, Jason Miller, citado em inquérito e investigação do Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) por práticas de organização criminosa. De acordo com a investigação, a intenção era atacar a Constituição brasileira e as instituições públicas através de fake news que favorecessem a campanha presidencial para a frustrada reeleição de Bolsonaro em 2022.
Jason Miller e a Gettr são acusados de divulgar, em plataformas virtuais, notícias e teorias conspiratórias sobre fraudes nas urnas eletrônicas durante as últimas eleições brasileiras. Jason Miller também tem iniciativas na Colômbia: em 17 de janeiro de 2022, María Fernanda Cabal, que se encontrou com Jason Miller no CPAC Brasil 2021, o recebeu em Bogotá.
A agenda política de Eduardo Bolsonaro e a projeção do Instituto Conservador Liberal - CPAC Brasil como think tank da extrema-direita no Brasil
Os dados citados foram divulgados na mencionada reportagem da Agência Pública de Notícias, realizada em parceria com o Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (CLIP). Foi mapeado e organizado um conjunto significativo de dados, com muitos registros iconográficos e informações sobre encontros de Eduardo Bolsonaro com as principais lideranças internacionais da Direita Radical no cenário internacional.
Figura 1.: As reuniões de Eduardo Bolsonaro com a extrema-direita da América Latina e dos EUA
Segundo um levantamento realizado pela Agência Pública junto ao Uol e outros 18 veículos latino-americanos e cinco organizações especializadas em investigação digital, sob a liderança do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (CLIP), Eduardo Bolsonaro participou desde 2018, de ao menos 43 reuniões com lideranças da ultradireita de países da América Latina como México, Venezuela, Chile, Bolívia, Argentina e Colômbia. A isso se somam mais de 80 reuniões que Eduardo manteve com influentes membros da ultradireita americana desde 2018, mapeados pela Pública. Alguns desses encontros geraram alianças duradouras que seriam ativadas em momentos-chave da tentativa de fomentar um golpe de Estado no Brasil a partir do questionamento sobre as urnas.
28 de novembro de 2018
Encontro com senador Ted Cruz, senador conservador dos EUA)
2 de dezembro de 2018
Eduardo Bolsonaro e o venezuelano Eduardo Bittar almoçam na casa do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe
3 de dezembro de 2018
Eduardo Bolsonaro conhece a senadora colombiana María Fernanda Cabal
4 de dezembro de 2018
Eduardo Bolsonaro e venezuelano Eduardo Bittar participam de encontro com políticos colombianos
13 de dezembro de 2018
Eduardo Bolsonaro se encontra com o chileno Jose Antonio Kast
18 de março de 2019
Encontro com lideranças CPAC EUA (Matt Schlapp e Dan Schneider)
19 de março de 2019
Eduardo Bolsonaro posta foto de encontro com Trump (e Jair Bolsonaro) em agenda do presidente nos EUA
13 de maio de 2019
Eduardo Bolsonaro se encontro com a então vice-presidente da Colômbia, Marta Lucía Ramírez e o senador Florida Rick Scott
14 de maio de 2019
Encontro com o venezuelano Eduardo Bittar e a senadora colombiana María Fernanda Cabal
17 de maio de 2019
Encontro com o então presidente da Argentina Mauricio Macri. Dias depois fez nova reunião com parlamentares argentinos.
8 de junho de 2019
Eduardo Bolsonaro posta foto de encontro com Jair Bolsonaro e Donald Trump na ocasião do encontro do G20.
31 de agosto de 2019
Eduardo Bolsonaro (e comitiva brasileira) se encontra com Donald Trump
23 de setembro de 2019
Ainda nos EUA Eduardo Bolsonaro participa de encontro com Steve Bannon
19 de outubro de 2019
Eduardo Bolsonaro, Mercedes e Matt Schlapp, Charles Gerow e Mike Lee assinam termo de cooperação durante CPAC Brasil
21 de fevereiro de 2020
Eduardo Bolsonaro participa nos EUA do Congresso anual do CPAC 26 de fevereiro de 2020
Visita de Eduardo Bolsonaro a “Heritage Foundation, o maior instituto (“think tank”) conservador dos EUA”
27 de fevereiro de 2020
Eduardo Bolsonaro se encontra com mexicano Eduardo Verastegui em jantar oferecido por Steve Bannon
28 de fevereiro de 2020
Foto com James O’Keefe, criador do Projeto Veritas
29 de fevereiro de 2020
Eduardo Bolsonaro divide palco no CPAC EUA 2020 com venezuelano Daniel di Martino
2 de março de 2020
Eduardo Bolsonaro posta fotos de sua participação no CPAC/EUA
8 de março de 2020
Foto de jantar com Donald Trump
9 de março de 2020
Encontro com Senador da Flórida Marco Rubio e Bolsonaro
14 de abril de 2020
Eduardo Bolsonaro participa de live com o político chileno José Antônio Kast
12 de junho de 2020
Eduardo Bolsonaro participa de live com Matt Schlapp (CPAC)
25 de junho de 2020
Eduardo Bolsonaro participa de live com senadora colombiana María Fernanda Cabal
30 de junho de 2020
Eduardo Bolsonaro participa do seminário virtual “Transatlantic Trade” promovido pelo ECR Party (Partido dos Conservadores Europeus Reformistas)
7 de setembro de 2020
Encontro com Jonathan Hall (pauta: CPAC Brasil)
08 de novembro de 2020
Reunião com colaboradores do CPAC em Miami
26 de novembro de 2020
Eduardo Bolsonaro participa de live sobre Foro de São Paulo organizada pela Fundacão Disenso com a política venezuelana María Corina Machado e do espanhol Santiago Abascal
16 de dezembro de 2020
Organizadores do CPAC, Mercedes e Matt Schlapp, parabenizam Eduardo Bolsonaro pelo Instituto Conservador Liberal
5 de janeiro de 2021
Encontro com Ivanka Trump na Casa Branca
07 de janeiro de 2021
Eduardo Bolsonaro se encontra nos EUA com Olavo de Carvalho e Allan dos Santos
09 de junho de 2021
Foto de encontro com Laís e Charlie Gerow, vice-presidente da ACU (American Conservative Union)
4 de julho de 2021
Eduardo Bolsonaro recebe a senadora venezuelana María Fernanda Cabal e o mexicano Eduardo Verastegui no CPAC Brasil
11 de julho de 2021
O venezuelano Eduardo Bittar dá palestra no CPAC Brasil 2021
09 de agosto de 2021
Encontro com Donald Trump
12 de agosto de 2021
Cyber Symposium, evento promovido pelo Mike Lindell com a presença de outros trumpistas (como Steve Bannon). Ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
05 de setembro de 2021
Donald Trump Jr falou em chamada de vídeo no CPAC Brasil 2021
05 de setembro de 2021
Eduardo Bolsonaro faz videochamada com Javier Millei
06 de setembro de 2021
Eduardo Bolsonaro se encontra com políticos e empresários aliados a Donald Trump em Brasília. Grupo de americanos vai ao Palácio do Planalto.
08 de setembro de 2021
Eduardo Bolsonaro participa de jantar no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, com comitiva de 12 americanos, entre financiadores de campanha e aliados de Donald Trump
21 de setembro de 2021
Visita ao escritório da Gettr, em Nova York
27 de outubro de 2021
Eduardo Bolsonaro encontra com Donald Trump
11 de dezembro de 2021
Eduardo Bolsonaro recebe o Eduardo Bittar no Brasil Profundo, que contou também com a participação do presidente do partido Vox da Espanha, Santiago Abascal
13 de dezembro de 2021
Eduardo Bolsonaro participa de live com comentarista político Agustin Laje, um dos maiores nomes da direita argentina.
22 de janeiro de 2022
Eduardo Bolsonaro fala em abertura do Safari Club International, a maior feira de caça e pesca do mundo
25 de fevereiro de 2022
Eduardo Bolsonaro se encontra com mexicano Eduardo Verastegui no CPAC na Flórida
27 de fevereiro de 2022
Eduardo Bolsonaro no CPAC EUA 2022
27 de fevereiro de 2022
Eduardo Bolsonaro se encontra na Flórida/CPAC EUA, com senadora colombiana María Fernanda Cabal
12 de abril de 2022
Eduardo Bolsonaro recebe representantes da Gettr em seu gabinete na Câmara
3 de maio de 2022
Eduardo Bolsonaro participa de live com deputado argentino Javier Milei
12 de junho de 2022
Recebe no CPAC Brasil o deputado argentino Javier Milei, o ex-deputado chileno José Antonio Kast, a senadora colombiana María Fernanda Cabal e o venezuelano Eduardo Bittar
22 de julho de 2022
Eduardo Bolsonaro divulga agenda de congressos nos EUA
23 de julho de 2022
Eduardo Bolsonaro participa de Congresso nos EUA com Donald Trump e Donald Trump Jr.
14 de outubro de 2022
Em viagem a Buenos Aires, Eduardo Bolsonaro se encontra com deputado argentino Francisco Sánchez
15 de outubro de 2022
Eduardo Bolsonaro viaja em missão oficial para Argentina onde se encontra com consultor político Fernando Cerimedo
15 de outubro de 2022
Em Buenos Aires, Eduardo Bolsonaro toma café da manhã com o candidato à presidência da Argentina, Javier Milei e a deputada Victoria Villarruel
20 de outubro de 2022
Carolina, filha de Janine Añez, ex-presidente da Bolívia presa, grava vídeo ao lado de Eduardo e diz que apoia Jair Bolsonaro
19 de novembro de 2022
Eduardo Verastegui recebe Eduardo Bolsonaro no CPAC México
25 de fevereiro de 2023
Eduardo Bolsonaro participa do Safari Club International com Donald Trump Jr.
4 de março de 2023
Eduardo Bolsonaro divide o palco com o Eduardo Verastegui, durante CPAC nos EUA
5 de março de 2023
Eduardo Bolsonaro participa de CPAC EUA
9 de julho de 2023
Eduardo Bolsonaro se encontra com o venezuelano Eduardo Bittar durante manifestação do movimento pró-armas, em Brasília. (Maciel et al., 2023)
Os dados mencionados anteriormente reproduzem parte das informações dos encontros internacionais de Eduardo Bolsonaro e alguns encontros de Jair Bolsonaro. Apesar do caráter descritivo dos dados, eles fornecem um panorama interessante sobre as iniciativas no campo das relações internacionais dos Bolsonaro junto a lideranças da extremadireita internacional e têm o potencial de servir de ponto de partida para investigações mais aprofundadas sobre as organizações conectadas com a extrema-direita brasileira: os pontos de confluência das “pautas” de suas agendas políticas, seus métodos de atuação e fontes de financiamento. Esses assuntos, contudo, não podem ser abordados em profundidade neste texto de pesquisa.
Dos ataques da extrema-direita bolsonarista no dia 8 de janeiro de 2023 à participação de Jair e Eduardo Bolsonaro na Conferência da Conservative Political Action Conference (CPAC)
Como últimos elementos argumentativos sobre as relações internacionais de Jair e Eduardo Bolsonaro com lideranças da extrema-direita internacional, merece referência a participação de ambos no Congresso da CPAC nos EUA, no início do ano de 2023, e aos ataques às sedes do governo federal brasileiro ocorridos em 8 de janeiro do mesmo ano.
Após ser derrotado nas eleições de outubro de 2022, Jair Bolsonaro, nas vésperas das festas de fim de ano, saiu do Brasil e permaneceu por alguns meses nos Estados Unidos, levantando suspeitas de fraude nas urnas eletrônicas e questionando a legitimidade do processo eleitoral. Recusando-se a participar da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele mobilizou seus apoiadores acampados em frente a vários quartéis do Exército.
Os acampamentos bolsonaristas, principalmente o maior deles em Brasília, foram o centro de organização de tentativas de ataques às instituições brasileiras. No dia da cerimônia de diplomação de Lula como presidente, em dezembro de 2022, diversos carros foram incendiados na capital federal e ocorreu a tentativa de explosão de um caminhão-tanque carregado com combustível inflamável, próximo ao aeroporto de Brasília. Em algumas cidades do interior do Brasil, principalmente na região norte, foram registradas ocorrências de tentativas de explosões para derrubar torres de transmissão de eletricidade.
Bolsonaristas também tentaram invadir a sede da Polícia Federal naquele mesmo mês, na mesma cidade de Brasília. Protestos foram mobilizados por bolsonaristas em diferentes cidades e capitais do Brasil, principalmente, em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Neles, os manifestantes questionavam o resultado eleitoral e muitos pediam uma intervenção militar que pudesse anular o processo eleitoral. Essas ações foram incentivadas e contaram com a participação de bolsonaristas, apoio e financiamento de empresários, lideranças religiosas e profissionais do campo da segurança pública, como policiais e militares. Carros de som foram usados em diversas cidades entre os meses de novembro e dezembro de 2022, com mensagens convocando a população a visitar os acampamentos em frente a quartéis e defender o Brasil.
As ações de mobilização e protestos trouxeram instabilidade política,com a clara finalidade de criar um contexto de dúvida sobre a vitória de Lula nas eleições e impedir sua posse em 1 de janeiro de 2023. Nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro não se opôs aos acampamentos e atos de violência promovidos por seus apoiadores no Brasil.
Nos Estados Unidos, no início de março de 2023, o ex-presidente do Brasil foi palestrante de destaque e convidado de honra do CPAC USA (Carta Capital, 2023), discursando ao lado de Donald Trump e outros líderes da direita radical dos Estados Unidos. Dois meses após os graves acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, mais de quatro mil manifestantes bolsonaristas invadiram a Praça dos Três Poderes. Eles chegaram em dezenas de ônibus vindos de todas as partes do Brasil e se juntaram aos outros tantos acampados há mais de dois meses na frente do Quartel do Exército, em Brasília. Em marcha, invadiram o Palácio do Planalto e outros prédios administrativos do Governo Federal, destruindo estruturas dos prédios, mobílias, objetos artísticos e históricos no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e na sede do STF. Os atos de vandalismo duraram mais de cinco horas, e mais de 1200 manifestantes foram presos após a invasão dos prédios da administração federal.
Segundo investigações em andamento e provas já obtidas, houve conivência, participação e apoio de setores do exército e da polícia de Brasília. A manifestação e invasão teriam sido planejadas para legitimar uma intervenção das Forças Armadas e a decretação de um estado de sítio, atos que poderiam provocar a anulação do processo eleitoral e a entrega da Presidência da República do Brasil ao segundo candidato mais votado nas eleições, Jair Bolsonaro. Os órgãos de justiça e segurança no Brasil prenderam mais de 1200 bolsonaristas na ocasião do dia 8, e as investigações, depoimentos e prisões continuam apurando os fatos e os envolvidos, sobretudo os patrocinadores e apoiadores financeiros dos acampamentos e das caravanas de ônibus que foram até a capital federal para ação no referido dia 8.
Considerações:
Cas Mudde, em A extrema direita hoje (2019), afirma que as organizações de extrema-direita no século XXI diferem de seus congêneres da segunda metade do século XX porque, em muitos casos, foram “normalizadas” e tornaram-se parte do sistema político oficial de muitos países. O autor afirma que grupos e ideias extremistas, antes marginalizados, se infiltraram-se com êxito nas correntes políticas estabelecidas e no mainstream político.
Para o autor, que é referência internacional nos estudos do que ele denomina de “direita radical” (Mudde, 2007; 2016), o que antes eram manifestações políticas periféricas, agora são manifestações políticas estabelecidas no sistema político oficial de muitos países.
Em alguns países, a extrema-direita está no poder; em outros, ela influencia as agendas políticas e a opinião pública. Assim, Mudde (2019) evidencia, com dados de diferentes organizações, que nesta nova realidade contemporânea, o que antes eram manifestações periféricas e marginais tornaram-se normalizadas em muitos países. Ele destaca a importância da política extraparlamentar da extrema-direita como um movimento social mais amplo, além da política partidária.
O bolsonarismo, enquanto movimento social regressivo e enquanto ideologia de extrema-direita, é uma manifestação deste período de crise e tem apoio amplo além das redes sociais, com militantes ativos, canais de comunicação próprios e think tank, como ICL-CPAC Brasil.
A busca pela construção de uma base de apoiadores fiéis a Jair Bolsonaro, que se autodenominam “patriotas”, tem proporcionado uma militância acrítica, radical, muitas vezes violenta e ignorante, que tem a finalidade de ser instrumentalizada por seus líderes como um grupo de expressão no que se refere à mobilização da extrema-direita brasileira na atual conjuntura. O movimento bolsonarista é aqui entendido como um movimento social regressivo e chauvinista que Jair Bolsonaro e seus apoiadores buscam fortalecer e mobilizar para ser uma força de pressão em seu apoio e agenda política. As ideias desta ideologia e movimento estão ligadas à ideia de um patriotismo retórico, um postulado conservador com conteúdo moral e uma defesa intransigente do liberalismo, com proposta econômica e defesa de uma ordem social onde a militarização do Estado e da sociedade é um princípio importante (Mattos 2020). Os encontros e congressos organizados pelos Bolsonaro incentivam a divulgação destas concepções e exercem um fator de influência e mobilização para seus líderes e sua base de apoiadores.O conceito de Mudde de “direita radical” (Mudde 2007, 2016) é válido para a análise e conceituação no campo da ciência política para fundamentar o Bolsonarismo. Denominá-los de “direita radical” pode parecer um pleonasmo, mas, nos estudos de Mudde sobre partidos políticos da direita radical, este conceito é empregado para fazer distinção entre partidos, movimentos e políticos que são chamados de forma generalizante de extrema-direita. Diferente de partidos de direita tradicionais ou de centro-direita, na prática, são aqueles partidos e organizações que se colocam como anti-establishment e têm proposições denominadas antidemocráticas.
O bolsonarismo, como denominação para a caracterização dos apoia-dores do ex-presidente do Brasil e de sua ideologia, é aqui entendido como um conjunto de valores que busca legitimar um modelo de regime político antidemocrático, ou seja, um Estado forte (autocrático) onde as ações de seu líder não encontrem entraves e limites constitucionais (Barbosa, 2022, p. 35).
A articulação da extrema-direita bolsonarista encontrou no CPAC um importante centro de mobilização política e relações internacionais com extremistas políticos, conservadores liberais e chauvinistas do cenário internacional. E, infelizmente, as ações de mobilização e ataques da extrema-direita brasileira, como os ocorridos no dia 8 de janeiro no Brasil, são um sinal de força que reproduz métodos de ação que podem ser interpretados como uma bricolagem em relação aos trumpistas que invadiram a Casa Branca, com motivações e líderes que têm uma relação de colaboração e apoio recíproco.
Jefferson Rodrigues Barbosa
Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Unesp (2002-2003). Mestre (2007) e Doutor em Ciências Sociais (2012), pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UNESP - FFC Faculdade de Filosofia e Ciências. Professor de Teoria Política do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas (DCPE) e do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais e do Mestrado Profissional de Sociologia (Profsocio) da Unesp. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Ciência Política contemporânea. Atuando principalmente nos seguintes temas: Direitas, Chauvinismo, extrema-direita.
Referências
Referencias
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