Guiando Espíritos, Sonhos e Memórias: Objetos Sagrados entre os Guarani de Mato Grosso do Sul, Brasil
Guiding Spirits, Dreams and Memories: Sacred Objects among the Guarani of Mato Grosso do Sul, Brazil
Guiando Espíritus, Sueños y Memorias: Objetos sagrados entre los Guaraní de Mato Grosso do Sul, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15446/ma.v10n2.80754Palavras-chave:
Olhar Guarani, Arte, Cosmologia (pt)Guarani look, Art, Cosmology (en)
Mirada Guaraní, Arte, Cosmologia (es)
Downloads
Iniciamos esta discussão com a célebre frase do antropólogo norte-americano Anthony Seeger: Com o declínio do interesse pelos amplos esquemas evolutivos e com um aumento das análises intensivas de sociedades específicas, o estudo da cultura material foi bastante abandonado em prol de um estudo da organização social, da mitologia e do ritual. Entretanto, a cultura material é uma parte importante da vida das pessoas. O que elas fazem, decoram e usam são parte integrante de sua cultura. Ignorar essas coisas é um erro tão grande quanto concentrar-se somente nelas. (Seeger, 1980, p. 41). Partindo dessa ideia, o presente artigo traz uma visão ameríndia Guarani acerca dos objetos sagrados - a partir de investigação etnográfica realizada na Aldeia Jaguapirú e Aldeia Bororó, ambos localizados em Dourados, Mato Grosso do Sul, região Centro-Oeste do território brasileiro. Desta forma, nosso objetivo é jamais esgotar esta discussão de fundamental importância, muitos menos excluir ou renegar as investigações realizadas por pesquisadores não-indígenas, mas, sobretudo, trazer uma outra análise, descrição e posterior interpretação acerca desses objetos sagrados e ritualísticos que sempre fizeram parte da história e memória-poética da cultura Guarani.
We begin this discussion with the famous phrase of the American anthropologist Anthony Seeger: As interest in broad evolutionary schemes declined and intensive analyzes of specific societies increased, the study of material culture was largely abandoned in favor of a study of social organization, mythology and ritual. However, material culture is an important part of people's lives. What they do, decorate and use is an integral part of their culture. Ignoring these things is as big a mistake as focusing only on them. (Seeger, 1980, p. 41). Based on this idea, this article brings a Guarani Amerindian view of sacred objects - from ethnographic research conducted at Aldeia Jaguapirú and Aldeia Bororó, both located in Dourados, Mato Grosso do Sul, Midwest region of the Brazilian territory. Thus, our aim is never to exhaust this discussion of fundamental importance, much less to exclude or deny the investigations carried out by non-indigenous researchers, but, above all, to bring another analysis, description and further interpretation about these sacred and ritualistic objects that they have always made part of the history and poetic-memory of Guarani culture.
Comenzamos esta discusión con la famosa frase del antropólogo estadounidense Anthony Seeger: a medida que disminuyó el interés en los amplios esquemas evolutivos y aumentaron los análisis intensivos de sociedades específicas, el estudio de la cultura material fue abandonado en gran medida a favor de un estudio de la organización social, mitología y ritual. Sin embargo, la cultura material es una parte importante de la vida de las personas. Lo que hacen, decoran y usan es una parte integral de su cultura. Ignorar estas cosas es un error tan grande como centrarse solo en ellas. (Seeger, 1980, p. 41). Basado en esta idea, este artículo ofrece una visión amerindia guaraní de los objetos sagrados, a partir de la investigación etnográfica realizada en Aldeia Jaguapirú y Aldeia Bororó, ambas ubicadas en Dourados, Mato Grosso do Sul, región del Medio Oeste del territorio brasileño. Por lo tanto, nuestro objetivo nunca es agotar esta discusión de importancia fundamental, mucho menos excluir o negar las investigaciones llevadas a cabo por investigadores no indígenas, sino, sobre todo, aportar otro análisis, descripción e interpretación adicional sobre estos objetos sagrados y rituales que siempre han realizado parte de la historia y la memoria-poética de la cultura guaraní.
Referências
AGUIAR, R. L. S. (2015). Pessoas, objetos, tempo e espaço: Reflexões acerca das relações entre arte rupestre e ocupação do espaço ambiental na Pré-história. Coimbra: FLUC - Universidade de Coimbra.
APPADURAI, Arjun. (Org.). (2008). A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense.
BANIWA, G. (2006). O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: MEC/UNESCO.
BRADLEY, R. (2002). Access, style and imagery: the audience for Prehistoric rock art in Atlanc Spain and Portugal, 4.000-2.000 BC. Oxford Journal of Archaeology, 21(3), 231-247. https://doi.org/10.1111/1468-0092.00160
CESARINO, Pedro. (2017). Conflitos de pressupostos na Antropologia da Arte: relações entre pessoas, coisas e imagens. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 32(93), 1-17. https://doi.org/10.17666/329306/2017
DAMATTA, Roberto. (1981). Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes.
ECO, U. (1988). Signo. Barcelona: Labor.
GAMBLE, C. (2001). Archaeology: the basics. Londres: Routledge.
GELL, A. (1998). Art and agency: anthropological theory. Oxford: Oxford University Press.
HASELBERGER, Herta. (1961). Method of Studying Ethnological Art. Current Anthropology, 2(4), 341-384. https://doi.org/10.1086/200209
KASFIR, S. L. (1999). Samburu Souvenirs Representations of a land in amber. In Ruth Phillips & Christopher Steiner (Eds.), UnpackingCulture – artand commodity in colonial andpost-colonial worlds (67). California: California University Press.
KOPYTOFF, Igor. (2008). A biografia cultural das coisas: a mercantilização como processo. In Arjun Appadurai (org.). A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense.
LAGROUS, Els. (2010). Arte ou artefato? Agência e significado nas artes indígenas. Revista Proa, 1(2). Disponível em: http://www.ifch.unicamp.br/proa/DebatesII/pdf s/elslagrou.pdf
LAYTON, R. (1991). The Anthropology of Art. Cambridge: Cambridge University Press.
MACHADO, A. M. (2009). De direito indigenista a direito indígena. A difícil arte do enfrentamento. (Dissertação Programa de Pós-Graduação em Direito). Universidade Federal do Pará, Pará.
MACHADO, A. M. (2015). Exá raú mboguatá guassú mohekauka yvy marãe‟y: de sonhos ao Oguatá Guassú em busca da (s) terra (s) isenta (a) de mal. (Tese Doutorado em Antropologia). Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém.
MACHADO, Almires Martins & Ivarra Ortiz, R. (2018). Mbaraka Ju: arte, memória e fala sagrada Guarani. Revista Euroamericana de Antropologia, 0, 73-81. https://doi.org/10.14201/rea201857381
MAUSS, Marcel. (2003). Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.
MOREIRA, Manuel. (2005). La cultura Jurídica Guarani. Argentina: Antropofagia.
MORPHY, H. (1994). The anthropology of art. In T. Ingold. (Org.), Companion encyclopedia of anthropology (pp. 648-685). Londres/Nova York: Routledge.
MURA, F. (2010). A trajetória dos chiru na construção da tradição de conhecimento Kaiowa. Mana, 16(1), 123-150. https://doi.org/10.1590/S0104-93132010000100006
ORTIZ, R. I. (2019). Múltiplos olhares sobre os Guarani de Mato Grosso do Sul: história, organização social, arte e cosmologia. Articulando e Construindo Saberes, 4. https://doi.org/10.5216/racs.v4i0.59577
PEIRANO, Mariza. (2002). Rituais como estratégia analítica e abordagem etnográfica. In Mariza G.S. Peirano. (Org.), O Dito e o Feito. Ensaios de Antropologia dos Rituais (pp. 7-14). Rio de Janeiro: Relume Dumará.
PEIRCE, Charles Sanders. (1983). Estudos coligidos. A. M. D'Oliveira (Trad.). São Paulo: Abril Cultural.
SEEGER, A. (1980). O significado dos ornamentos corporais. Os índios e nós, 43-60.
TILLEY, C. (Org.). (1990). Reading material culture. Oxford: Basil Blackwell.
VIDAL, Lux. (2007). Grafismo Indígena: estudos de antropologia estética. São Paulo: Edusp e Studio Nobel.
VIVEIROS DE CASTRO, E. (1996). Os Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio. Mana, 2, 115-144. https://doi.org/10.1590/S0104-93131996000200005
Como Citar
APA
ACM
ACS
ABNT
Chicago
Harvard
IEEE
MLA
Turabian
Vancouver
Baixar Citação
CrossRef Cited-by
Dimensions
PlumX
Acessos à página de resumo
Downloads
Licença
Copyright (c) 2019 Rosalvo Ivarra Ortiz

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores são responsáveis por todas as autorizações que a publicação das contribuições podem exigir. Quando o manuscrito é aceito para publicação, os autores devem enviar uma declaração formal sobre a autenticidade do trabalho, assumindo a responsabilidade pessoal por tudo o que o artigo contém e expressando seu direito de editá-lo. A publicação de um artigo no Mundo Amazónico não implica a transferência de direitos pelos seus autores. No entanto, a apresentação da contribuição representa a autorização dos autores para a Mundo Amazónico para publicação. No caso de uma reimpressão total ou parcial de um artigo publicado no Mundo Amazónico, em seu idioma original ou em uma versão traduzida, a fonte original deve ser citada. Os artigos publicados na revista são cobertos por um Creative Commons 4.0.Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito da primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma licença Creative Commons Attribution License que permite que outros compartilhem o trabalho com o reconhecimento da autoria e a publicação inicial nesta revista.
- Os autores podem fazer arranjos contratuais adicionais para a distribuição não exclusiva da versão publicada na revista (por exemplo, colocá-lo em um repositório institucional ou publicá-lo em um livro), com reconhecimento de sua publicação inicial nesta revista.