Publicado
Efeitos biológicos das antocianinas no processo aterosclerótico
Biological effects of anthocyanins on the atherosclerotic process
Efeitos biológicos das antocianinas no processo aterosclerótico
Biological effects of anthocyanins on the atherosclerotic proces
Luciana Marques Cardoso ,1 , Joâo Paulo Viana Leite1 , Maria do Carmo Gouveia Peluzio2
1 Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Programa de Pós-Graduaçâo em Bioquímica Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Av. Peter Henry s/n, 36570-000 Viçosa, MG, Brasil, e-mail: luciana.cardoso@ufv.br, fax: (31) 3899-2373.
2 Departamento de Nutriçâo e Saúde, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
Recibido para evaluación: 5 de abril de 2011 Aceptado para publicación: 30 de mayo de 2011
RESUMO
As antocianinas sâo metabólitos secundários biossintetizados por plantas e pertencentes ao grupo dos flavonóides. Pesquisas indicam que as antocianinas podem aumentar a resistência da LDL à oxidaçâo, comparado a outros compostos com alto poder antioxidante, como o ácido L-ascórbico, e reduzir fatores pró-inflamatórios, como citocinas, quimiocinas, moléculas de adesâo e metaloproteinases. Como a inflamaçâo e a oxidaçâo sâo processos característicos da aterosclerose, tem se investigado o efeito das antocianinas no processo aterosclerótico e há evidências que estes compostos podem diminuir o desenvolvimento e a progressâo das lesões ateroscleróticas.
Palavras chaves: Antocianinas, Aterosclerose, Antioxidante, Antiinflamatório .
SUMMARY
Anthocyanins are secondary metabolites biosynthesized by plants and belonging to the group of flavonoids. Research indicates that anthocyanins can increase resistance of LDL to oxidation, compared to other compounds with high antioxidant properties, such as L-ascorbic acid, and reduce pro-inflammatory factors such as cytokines, chemokines, adhesion molecules and metalloproteinases. As inflammation and oxidation processes are characteristic of atherosclerosis, has investigated the effect of anthocyanins in the atherosclerotic process and there is evidence that these compounds can reduce the development and progression of atherosclerotic lesions.
Key words: nthocyanins, atherosclerosis, antioxidants, antiinflamator.
INTRODUÃÃO
As antocianinas sâo pigmentos naturais que pertencem ao grupo de metabólitos secundários vegetais conhecidos como flavonóides. Algumas das principais funções das antocianinas nos vegetais sâo a atraçâo de agentes polinizadores e dispersores de sementes e a proteçâo a diversos tecidos da planta durante as etapas de seu ciclo de vida (1).
As antocianinas ocorrem mais comumente na natureza como glicosídeos de geninas antocianidinas, podendo estar aciladas com ácidos orgânicos como, cumárico, caféico, ferúlico, p-hidroxibenzóico, acético, malônico, succínico, oxálico e ácidos málicos (2). Sua estrutura geral é derivada do cátion flavílico (Figura 1)

As antocianinas podem apresentar diferentes formas estruturais, tais como o cátion flavílio, a base quinoidal, o carbinol e a chalcona. Essas estruturas podem sofrer interferência de diversos fatores, entre estes, temperatura, pH e possíveis ligações com outras substâncias químicas, proporcionando diferentes colorações à s antocianinas. O pH é o fator que mais influencia na coloraçâo das antocianinas, visto que, em funçâo de sua acidez ou alcalinidade, estas podem apresentar diferentes estruturas (3).
Com o aumento do pH ocorre nas antocianinas a protonaçâo do cátion flavílio e, conseqüentemente, diminuiçâo do número de ligações duplas conjugadas, que sâo responsáveis pelo aumento nos máximos de absorçâo destas substâncias. Em meio ácido (pH = 1), as antocianidinas apresentam coloraçâo na regiâo visível do vermelho (cátion flavílio) e em pH ainda ácido, porém maior (pH = 4,5), as antocianidinas apresentam uma coloraçâo vermelha bem menos intensa, próxima ao incolor, como mostra a figura 2 (3).

As antocianinas sâo solúveis em água e podem ser facilmente extraídas com solventes polares, sendo os solventes alcoólicos, como metanol e etanol, os mais utilizados. Muitos trabalhos têm empregado solventes extratores alcoólicos acidificados para favorecer a extraçâo, pois além de aumentar a estabilidade das antocianinas, dificulta o aparecimento de fungos (5). Porém, o uso de solventes ácidos para a extraçâo de antocianinas deve ser cauteloso, pois o excesso de ácido pode promover sua hidrólise, levando a formaçâo de antocianidinas. O aquecimento durante a extraçâo também deve ser observado, pois estudos indicam que as antocianinas sâo termicamente estáveis até 60 °C (4, 6).
A quantidade e o tipo das antocianinas nos vegetais também sofrem influência de alguns determinantes, como as condições de cultivo, tempo de plantio, exposiçâo à luz UV e método de colheita. Por esse motivo, a comparaçâo de teores de antocianinas entre diferentes culturas de um mesmo vegetal, como frutas, pode gerar resultados bastante distintos (7).
Há diversos métodos descritos na literatura para quantificar as antocianinas (totais ou individuais), dentre os quais se destacam aqueles que envolvem espectrofotometria UV-VIS, cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e espectrometria de massas (8, 9, 10).
Têm-se observado um crescente interesse no uso de antocianinas em diversos segmentos, dentre os quais se destacam as indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética, onde podem ser aplicadas, por exemplo, como corantes, principalmente de coloraçâo vermelha, sendo estes uns dos corantes naturais mais difíceis de serem encontrados na natureza em forma estável. Entretanto, o uso industrial de antocianinas como corantes ainda é restrito devido a algumas limitações, dentre as quais podemos citar a baixa estabilidade e a capacidade corante reduzida, quando comparadas a corantes sintéticos; além de dificuldades na etapa de obtençâo e pelo elevado custo desse processo (5). Como importantes fontes de antocianina na dieta podem ser citadas as frutas como o açaí, ameixa, amora, cereja, figo, framboesa, uva, maçâ, morango e acerola e os vegetais, como o repolho roxo, batata roxa, berinjela, entre outros (1).
Estima-se que a ingestâo de antocianinas nos Estados Unidos, principalmente na forma de cianidina e malvidina, esteja entre 12 a 215 mg/dia por indivíduo (11), a qual é maior que outros flavonóides incluindo quercetina, kaempferol, miricetina, apigenina e luteolina (12).
Além de suas funções como corantes naturais, as antocianinas têm apresentado grandes benefícios á saúde devido suas atividades biológicas, que incluem propriedades antioxidantes (13), antiinflamatórias (14), inibiçâo da oxidaçâo do LDL (15), diminuiçâo dos riscos de doenças cardiovasculares (16) e de câncer (17).
Propriedades antioxidantes das antocianinas
O estresse oxidativo é caracterizado por um desequilíbrio entre agentes oxidantes, como os radicais livres, e moléculas antioxidantes, favorecendo o aumento de espécies oxidantes no sistema biológico. Nessa situaçâo, os oxidantes podem provocar danos em estruturas celulares, como os ácidos nucléicos, proteínas e lipídios (30).
Radical livre é uma espécie química que tem elétrons desemparelhados, sendo por isso instável e com grande capacidade de reatividade. Outras espécies químicas também instáveis podem-se formar a partir dos radicais livres, que embora, nâo tenham elétrons desemparelhados, possuem similar instabilidade estrutural a dos radicais livres. Assim, para designar as espécies reativas na forma de radical livre e na forma nâo radical sâo utilizados os termos espécies reativas de oxigênio (EROs) e espécies reativas de nitrogênio (ENOs) (31).
As espécies reativas sâo formadas a partir de inúmeras reações no organismo, como parte de seu metabolismo normal. Como exemplos está a formaçâo de íons superóxidos por células de defesa imunológica a partir do oxigênio molecular (O2) por meio da respiraçâo mitocondrial, assim como a formaçâo de óxido nítrico como mecanismo de vasodilataçâo vascular (32). Porém condições patológicas como a inflamaçâo e fontes exógenas como o cigarro, poluentes do ar, radiaçâo, medicamentos e dieta podem aumentar a produçâo das espécies reativas (30).
A ocorrência de um estresse oxidativo moderado, freqüentemente é acompanhada pelo aumento das defesas antioxidantes enzimáticas, mas a produçâo de uma grande quantidade de radicais livres pode causar danos e morte celular (33). Os danos oxidativos induzidos nas células e tecidos têm sido relacionados com a etiologia de várias doenças, incluindo a aterosclerose.
Os radicais livres, principalmente as sustâncias reativas de oxigênio (EROs), parecem ser uma das principais causas da disfunçâo endotelial que precede e promove a aterogênese. As EROs podem lesar membranas celulares e o núcleo, interagir com mediadores vasomotores, inativando seus efeitos vasodilatadores, e principalmente, oxidar os lipídios da LDL, elemento chave na aterosclerose (34).
O organismo humano possui mecanismos de defesa antioxidante, os quais atuam intracelular e extracelularmente e mantém o equilíbrio redox da célula, assegurando que o aumento das EROs seja transitório. Existem dois mecanismos antioxidantes: o enzimático e o nâo enzimático, os quais agem cooperativamente para manter o equilíbrio dos radicais livres no organismo (31).
O mecanismo de defesa enzimático é a primeira linha de defesa do organismo contra os danos oxidativos. O sistema é constituído por um conjunto de enzimas, tais como a superóxido dismutase, glutationa peroxidase, glutationa redutase, catalase, tiorredoxinas, peroxirredoxinas e inúmeras outras redutases (31). Já o mecanismo nâo-enzimático é constituído por um grande número de compostos de baixo peso molecular, ingeridos pela dieta (nutrientes e nâo-nutrientes) ou sintetizados no organismo, como as vitaminas A, C e E, o peptídeo glutationa e os flavonóides (31, 22).
Estudos in vitro e in vivo mostram que as antocianinas podem atenuar o estresse oxidativo envolvido no processo aterosclerótico. Sendo que vários mecanismos podem estar envolvidos nesse processo, como a capacidade das antocianinas de inibir a oxidaçâo do LDL (15) e reduzir a injúria oxidativa das células endoteliais vasculares (35).
Os efeitos biológicos antioxidantes das antocianinas dependem da sua estrutura química, tais como grau de glicosilaçâo e o números de grupos hidroxilas (36). O número de hidroxilas (-OH) total, a presença de hidroxilas nas posições C3´ e C4´ no anel B e no C3 do anel C do núcleo fundamental flavônico parecem ser os principais requisitos estruturais para as antocianinas inibirem a injúria oxidativa das células endoteliais e a atividade intracelular de radicais livres. Por outro lado, a presença de metilações nas posições (C3´, C4´e C3) reduzem esses efeitos. Comparando as ubstituições por diferentes açúcares, as antocianinas que possuem os monossacarídeos glicose e galactose apresentam benefícios antioxidantes superiores com relaçâo as que contêm dissacarídeos (35).
Nos quadros 1 e 2 encontram-se resumos de trabalhos realizados in vivo e in vitro, respectivamente, que correlacionam a atividade antioxidante das antocianinas ou de fru- tos que sâo fontes características desta classe de flavonóides.
A capacidade antioxidante das antocianinas também tem sido extensivamente avaliada nos derivados dos vegetais ricos nesta classe de flavonóides como nas polpas e sucos, como representado no quadro 3.
Propriedades antiinflamatórias das antocianinas
Existem evidências que comprovam que as antocianinas também apresentam propriedades antiinflamatórias. Alguns autores sugerem que os efeitos antiinflamatórios das antocianinas podem ser explicados por diferentes mecanismos, tais como:
a) Inibiçâo da ativaçâo do fator nuclear Kappa B (NF-kB) em humanos. Dentre os mecanismos regulatórios da resposta inflamatória, a via do fator nuclear kappa B (NF-kB) representa uma via crucial no controle da transcriçâo de vários genes pró-inflamatórios, como citocinas, quimiocinas, moléculas de adesâo, proteínas de fase aguda, reguladores da apoptose e da proliferaçâo celular (25). Portanto, a inibiçâo desta via pode contribuir para a reduçâo do processo aterosclerótico.
b) Reduçâo da concentraçâo plasmática da proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP-1) em humanos, in vitro e in vivo. A MCP-1 é um biomarcador envolvido na evoluçâo de doenças inflamatórias e é expressa, principalmente nas fases iniciais da aterosclerose (40). Esta proteína está envolvida na aterogênese através de diferentes mecanismos. Ela promove o recrutamento de monócitos e linfócitos T circulantes do sangue para o espaço subendotelial e contribui para a diferenciaçâo dos macrófagos em células espumosas (49). A MCP-1 é uma quimiocina membro da subfamília de quimiocinas secretadas por vários tipos de células presentes na parede arterial, como as células endoteliais, as células musculares lisas, fibroblastos e macrófagos e sua expressâo pode ser mediada por fatores de transcriçâo NF-kB (50).
In vitro, o extrato aquoso de Hibiscus sabdariffa (10, 50 e 100 µg/mL), rico nas antocianidinas delfinidina e cianidina, promoveu uma efetiva proteçâo da morte de células sanguíneas humanas induzidas por adiçâo de peróxido de hidrogênio (H2O2). Houve reduçâo na concentraçâo de MCP-1 de uma maneira dose dependente. O mesmo extrato de Hibiscus sabdariffa, porém liofilizado, foi administrado oralmente na dose de 10 g, a 5 homens e 5 mulheres, ambos saudáveis, com idade entre 23 e 50 anos. As concentrações plasmáticas de MCP-1 reduziram-se significativamente com a administraçâo aguda de 10 g do extrato liofilizado de Hibiscus sabdariffa (40).
Garcia-Alonso et al., 2008 (13) avaliaram o consumo do extrato de vinho tinto, com alto teor de antocianinas, nos níveis plasmáticos de MCP-1 de indivíduos saudáveis. A caracterizaçâo do extrato por HPLC evidenciou a presença de 71,2% de antocianidinas monoglicosiladas do total de antocianidinas, representadas em ordem decrescente, pela malvidina-3-glicosídeo, delfinidina-3-glicosídeo, petunidina-3-glicosídeo, peonidina-3-glicosídeo e cianidina-3-glicosídeo. Sete indivíduos (dois homens e cinco mulheres), com idade média de 31 anos e índice de massa corporal médio de 23,2 receberam oralmente, após jejum de 12 horas, uma dose única de 12 g do extrato rico em antocianinas. A dosagem de MCP-1 foi realizada as 0, 3, 6, 10 e 24 h após a ingestâo do extrato. Porém, apenas 3 horas após a ingestâo do extrato foi encontrado uma reduçâo significativa de MCP-1 no plasma e após 24 horas os níveis de MCP-1 voltaram ao normal. Esse fato pode ser decorrente do extrato ter sido administrado aos participantes do estudo em uma única dose e seria interessante a avaliaçâo da ingestâo do extrato rico em antocianinas por um período maior. Os resultados deste trabalho sugeriram fortes evidências de que as antocianinas podem interferir na produçâo da quimiocina MCP-1, e conseqüentemente, reduzir processos inflamatórios.
c) Inibiçâo da resposta inflamatória e a apoptose de células endoteliais humanas induzidas pelo fator CD40. O fator imune CD40 e seu ligante (CD40L) sâo um dos mediadores do processo inflamatório, e estâo sendo considerados como potentes ativadores da patogênese da aterosclerose. O CD40 e CD40L sâo membros do fator de necrose tumoral (TNF) e da família de receptores de TNF (TNFR) e sâo expressos pela interaçâo de células imunes como os linfócitos T e B e também por células nâo imunes, como as células endoteliais vasculares. A ligaçâo do CD40 com seu ligante CD40L induz a produçâo de várias citocinas e quimiocinas inflamatórias, tais como as interleucinas e MCP-1, respectivamente, além das moléculas de adesâo, como a VCAM-1 (molécula-1 de adesâo vascular) e ICAM-1 (molécula-1 de adesâo intercelular). Esta interaçâo também parece desempenhar um papel importante no desenvolvimento da ruptura da placa aterosclerótica e na regulaçâo da expressâo de metaloproteinases da matriz. VCAM-1 e ICAM-1 sâo moléculas pró-inflamatórias que atraem linfócitos T e macrófagos para o ateroma, promovendo a iniciaçâo e a progressâo da lesâo aterosclerótica. As metaloproteinases da matriz sâo capazes de degradar componentes da matriz extracelular nos vasos sanguíneos e aumentar a vulnerabilidade das placas ateroscleróticas à ruptura com conseqüente formaçâo de trombos (51).
O tratamento com as antocianinas cianidina-3-glicosídeo e peonidina-3-glicosídeo (1, 10 e 100 µM) por 24 horas em cultura de células endoteliais humanas da veia umbilical atenuou a resposta inflamatória e a apoptose destas células induzidas por CD40, por reduzir a secreçâo de moléculas de adesâo (VCAM-1 e ICAM-1), reduzir a produçâo e atividade de metaloproteinases de matriz e suprimir a ativaçâo de JNK e p38 induzida por CD40. Os autores mostraram que a ativaçâo de p38 é um dos mecanismos chaves pelo qual o CD40 induz a resposta inflamatória e que a estimulaçâo de JNK é necessária para promover a apoptose das células endoteliais estimuladas por CD40 (14).
d) Inibiçâo da produçâo de óxido nítrico e a expressâo de iNOS (óxido nítrico sintase induzida) em células de animais.
A iNOS (óxido nítrico sintase induzida) é a enzima responsável pela produçâo de óxido nítrico em diferentes células, como macrófagos, células endoteliais e hepatócitos, após ativaçâo com lipopolissacarídeos e citocinas. A utilizaçâo de agentes que inibem a atividade e/ou a induçâo da iNOS pode ser útil como ferramenta terapêutica na reduçâo de processos inflamatórios em diferentes tecidos (43).
Matheus et al., 2006 (43), evidenciaram efeito inibitório de Euterpe oleracea (açaí) na produçâo do óxido nítrico e na expressâo da iNOS. Neste trabalho foram investigados os efeitos de extratos etanólico, de acetato de etila e butanólico obtido a partir de flores, frutos e casca do caule de Euterpe oleracea em cultura de células de monócitos e macrófagos de camundongos (RAW 264,7) estimuladas com lipopolissacarídeos e citocinas. As antocianinas predominantes nos extratos foram cianidina-3-glicosídeo e cianidina-3-raminosídeo, sendo encontradas em maiores concentrações no extrato etanólico dos frutos de E. oleracea. Os resultados mostraram que o extrato etanólico obtido a partir dos frutos foi o mais potente em inibir a produçâo de óxido nítrico e a expressâo da iNOS, provavelmente devido seu maior conteúdo de antocianinas que as outras frações. A reduçâo da viabilidade celular foi encontrada apenas em altas doses dos extratos (acima de 500 µg/mL).
Processo de formaçâo da aterosclerose
As doenças cardiovasculares sâo as principais causas de morbidade e mortalidade no mundo ocidental, sendo suas principais manifestações decorrentes dos eventos clínicos da aterosclerose, como o infarto, as embolias e os acidentes vasculares cerebrais (18).
A aterosclerose é caracterizada como uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta à agressâo endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibre (19).
A disfunçâo endotelial é considerada o fator inicial para a formaçâo das placas ateroscleróticas e caracteriza-se por uma resposta inflamatória à injúria da parede vascular. Um conjunto de reações celulares e moleculares a diversos agressores, dentre eles o excesso de radicais livres, a elevaçâo das partículas de lipoproteína de baixa densidade (LDL) no plasma e a presença de LDL oxidada (LDLox) no interior da célula endotelial sâo responsáveis pelo comprometimento do endotélio (20, 21).
A oxidaçâo da LDL ocorre principalmente na íntima da artéria (21). As espécies reativas de oxigênio (EROs) e as espécies reativas de nitrogênio (ERNs) sâo as principais responsáveis por esta. As EROs incluem o ânion superóxido (O 2- ), o radical hidroxil (OH) e o peróxido de hidrogênio (H2O2), sendo os representantes principais das ERNs o óxido nítrico (NO -) e o peroxinitrito (ONO2-) (22).
As partículas de LDL difundem-se passivamente pelas células endoteliais por transporte vesicular, podendo aderir à parede do vaso por interações entre a apoproteína B e os proteoglicanos da matriz subebdotelial (19).
A LDLox estimula a camada de células endoteliais a produzir moléculas de adesâo celular como VCAM-1 (molécula-1 de adesâo vascular), ICAM-1 (molécula-1 de adesâo intercelular), fatores de crescimento, como o M-CSF (fator estimulador de colônia de macrófagos) e proteínas quimiotáticas, como MCP-1 (proteína-1 quimiotática para monócitos), resultando na adesâo e no recrutamento de monócitos e linfócitos circulantes para dentro do vaso. Os monócitos migram para o espaço subendotelial onde se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL-ox, pela açâo dos seus receptores seqüestradores (19).
Dentro dos macrófagos, a LDLox é degradada e o colesterol livre é esterificado, resultando em um grande acúmulo de colesterol e a formaçâo de células espumosas, originando a primeira lesâo da aterosclerose: a estria gordurosa (23).
Posteriormente, as células musculares lisas começam a migrar da camada média da parede arterial para a íntima ou espaço subendotelial, proliferam e secretam colágeno, dando origem à lesâo intermediária. Nesta fase, o espessamento da íntima provoca o remodelamento, ou seja, uma dilataçâo da artéria, compensatória ao estreitamento do lúmen. Mais uma vez, sob o estímulo da LDLox, as células do sistema imune local liberam enzimas, citocinas e fatores de crescimento capazes de induzir necrose local. Ciclos repetidos de acúmulo e ativaçâo de células mononucleares, migraçâo e proliferaçâo das células musculares lisas com produçâo de colágeno, levam ao aumento progressivo da lesâo, até que se estruture uma capa fibrosa ao redor de um núcleo lipídico e de tecido necrótico, a chamada lesâo avançada (24).
Como exposto, a LDLox participa de todas as etapas do processo de desenvolvimento da aterosclerose, desde a disfunçâo endotelial até a evoluçâo final do processo aterosclerótico, com oclusâo total do lúmen do vaso (21). Além dos seus efeitos biológicos citados, produtos derivados da LDLox sâo citotóxicos, podendo promover a apoptose celular. Outras contribuições da LDLox para o processo inflamatório na aterosclerose sâo a inibiçâo da produçâo de óxido nítrico, que é um vasodilatador, o estímulo da produçâo de citocinas, como a interleucina-1, e o aumento da agregaçâo plaquetária (22).
Dentre os mecanismos regulatórios da resposta inflamatória, a via do fator nuclear kappa B (NF-κB) representa uma via crucial no controle da transcriçâo de vários genes pró-inflamatórios, cujo envolvimento na patogênese da aterosclerose tem sido documentado, a liberaçâo de proteínas de fase aguda, como citocinas, quimiocinas, moléculas de adesâo e reguladores da apoptose e da proliferaçâo celular (25). A induçâo à inflamaçâo promovida pela LDLox parece ser decorrente da ativaçâo dessa via pelos seus fosfolipídios oxidados, como a lisolecitina e o ácido lisofosfatídico (26).
Antocianina no tratamento da lesâo aterosclerótica
Na busca da elucidaçâo de possíveis mecanismos de açâo das antocianinas sobre o processo aterosclerótico algumas pesquisas foram realizadas, dando enfoque mais específico. Podemos citar os trabalhos de Xia et al., 2006 (14), Mauray et al., 2009 (28) e Miyazaki et al., 2008 (29) que analisaram os efeitos de extratos com alto teor de antocianinas em camundongos com aterosclerose: o extrato de arroz preto, de uvas e de batata doce roxa, respectivamente.
Xia et al., 2006 (14) investigaram a influência de dietas suplementadas com extrato de arroz preto com alto teor antocianina (300 mg/Kg/dia) e com sinvastatina (50 mg/Kg/dia) na vulnerabilidade de placas ateroscleróticas avançadas em camundongos deficientes na apoproteína E. Após 20 semanas de intervençâo, o tamanho da placa aterosclerótica foi reduzido em 18% e 13% nos grupos de animais que receberam o extrato e a sinvastatina, respectivamente. Em ambos os grupos houve reduçâo da freqüência de núcleos necróticos grandes, da espessura da cápsula fibrosa e um aumento no conteúdo de colágeno 1, comparado ao grupo controle. Sabe-se que o aumento no conteúdo de colágeno é importante, pois contribui para a estabilizaçâo das placas ateroscleróticas. Nos grupos que receberam o extrato e a sinvastatina também houve decréscimo da expressâo da iNOS (óxido nítrico sintase reduzida) e do fator tecidual, que sâo importantes fatores pró-inflamatórios durante o desenvolvimento e progressâo das lesões ateroscleróticas. Em adiçâo, a suplementaçâo na dieta com o extrato de arroz preto melhorou o perfil lipídico plasmáticos dos camundongos, diminuindo os triglicerídeos, colesterol total e a fraçâo nâo HDL, porém, também reduziu a fraçâo HDL, comparado com o grupo controle. Comparado com o grupo do extrato, o grupo que recebeu sinvastatina apresentou níveis maiores de triglicerídeos e menores de HDL. Os autores atribuíram esses resultados benéficos do extrato ao seu alto conteúdo de antocianinas. Através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), foram identifdas duas antocianinas majoritárias, a cianidina-3-glicosídeo e peonidina-3-glicosídeo, que representaram 43,2% do total de compostos presentes no extrato.
Mauray et al., 2009 (28) observaram efeito antiaterogênico da suplementaçâo na dieta (0,02%) por 16 semanas com dois extratos ricos em antocianinas extraídos de uvas fermentadas e nâo fermentadas, em camundongos deficientes na apoproteína E. A suplementaçâo na dieta com os extratos de uva nâo fermentada e fermentada reduziu as lesões ateroscleróticas em 15% e 36%, respectivamente. O melhor resultado foi observado com o extrato de uvas fermentadas, sugerindo que a fermentaçâo gerou novos compostos bioativos mais eficientes na atenuaçâo da progressâo da aterosclerose. Entretanto, nâo foram observadas alterações na capacidade antioxidante no plasma, determinada pelas técnicas de capacidade de absorçâo do radical oxigênio (ORAC), peroxidaçâo lipídica hepática e perfil lipídico (colesterol total e triglicerídeos) plasmático e no fígado dos animais. Miyazaki et al., 2008 (29) avaliaram o potencial antiaterogênico de antocianinas da batata doce roxa adicionadas por 4 semanas na dieta (1%) de camundongos deficientes na apoproteína E com 6 semanas de idade, alimentados com dieta enriquecida de colesterol e gorduras. In vitro, estas antocianinas foram capazes de aumentar a resistência da LDL à oxidaçâo, comparado ao ácido L-ascórbico. Comparado ao grupo controle, os animais que receberam a dieta suplementada com antocianinas da batata doce roxa apresentaram uma reduçâo nas lesões ateroscleróticas (45%), nos níveis de TBARS (substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico) no fígado e nos níveis plasmáticos de VCAM-1 (molécula-1 de adesâo da célula vascular). Entretanto, nâo foi observado efeito significativo no perfil lipídico no plasma e no fígado destes animais.
A constataçâo destes diferentes estudos nos estimula à continuaçâo das interpretações, principalmente com o objetivo de buscar novos mecanismos de açâo que possa fortalecer o envolvimento das antocianinas na reduçâo do processo aterosclerótico.
CONCLUSÃO
As antocianinas possuem grande potencial em reduzir o risco de desenvolvimento da aterosclerose. Os mecanismos envolvidos neste processo sâo, principalmente, referentes à s atividades antioxidantes das antocianinas e a capacidade destes compostos em reduzir fatores pró-inflamatórios. Ainda há lacunas sobre a dose de antocianinas necessária para exercer estes efeitos. Ademais, é necessário ter cautela com a suplementaçâo desses compostos, visto que essa nâo foi analisada por longos períodos de tempo em humanos. A ingestâo de altas doses de substâncias antioxidantes pode exercer efeitos pró-oxidantes deletérios, principalmente se utilizados por longos períodos.
BIBLIOGRAFIA
1. L.S. Eibond, K.A. Reynertson, X.D. Luo, M.J. Basile, E.J. Kennelly, Anthocyanin antioxidants from edible fruits, Food Chemistry, 84(1), 23 (2004).
2. E.F. Gris, E.A. Ferreira, L.D. Falcâo, M.T. Bordignon-Luiz, Caffeic acid copigmentation of anthocyanins from Cabernet Sauvignon grape extracts 11in model systems, Food Chemistry, 100(3), 1289 (2007).
3. C. Bordignon Jr., V. Francescatto, A.A. Nienow, E. Calvete, F.H. Reginatto, Influência do pH da soluçâo extrativa no teor de antocianinas em frutos de morango, Ciência e Tecnologia de Alimentos, 29(1), 183 (2009).
4. H.P. Março. "Estudo da influência da radiaçâo e pH no comportamento cinético de antocianinas de plantas do gênero hibiscus por métodos quimiométricos". Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Intituto de Química, Campinas, Sâo Paulo, 2009.
5. G.A. Macz-Pop, J.C. Rivas-Gonzalo, J.J. Pérez-Alonso, A.M. Gonzaléz-Paramás, Natural occurrence of free anthocyanin aglycones in beans (Phaseolus vulgaris L.), Food Chemistry, 94(3), 448 (2006).
6. D.B.L. Terci, "Aplicações Analíticas e Didáticas de Antocianinas Extraídas de Frutas". Tese de Doutorado, Instituto de Química - UNICAMP, Campinas, Sâo Paulo, 2004.
7. T. Siriwoharn, R.E. Wrolstad, C.E. Finn, C.B. Pereira, Influence of cultivar, maturity and sampling on blackberry (Rubus L. Hybrids) Anthocyanins, poly-phenolics, and antioxidant properties, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 52(26), 8021 (2004).
8. A. Castañeda-Ovando, M.L. Pacheco-Hernández, M.E. Páez-Hernandez, A.J. Rodriguez, C.A. Galán-Vidal, Chemical studies of anthocyanins: A review, Food Chemistry, 113(4), 859 (2009).
9. Q. Tian, R.M. Aziz, G.D. Stoner, S.J. Schwartz, Anthocyanin determination in black raspberry (Rubus occidentalis) and biological specimens using liquid chromatography-electrospray ionization tandem mass spectrometry, Journal of Food Science, 70(1), 43 (2005).
10. J. B. Harborne. "The Flavonoids: advanced in research since 1986", 5th edition, Chapman and Hall, New York, 1994.
11. X. Wu, G.R. Beecher, J.M. Holden, D.B. Haytowitz, S.E. Gebhardt, R.L. Prior, Concentrations of anthocyanins in common foods in the United States and estimation of normal consumption, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 54(11), 4069 (2006).
12. M.G.L. Hertog, P.C.H. Hollman, M.B. Katan, D. Kromhout, Intake of potentially anticarcinogenic flavonoids and their determinants in adults in the Neth- erlands, Nutritional Cancer, 20(1), 21 (1993).
13. M. Garcia-Alonso, A.M. Minihane, G. Rimbach, J.C. Rivas-Gonzalo, S.P. Tereza, Red wine anthocyanins are rapidly absorbed in humans and affect monocyte chemoattractant protein 1 levels and antioxidant capacity of plasma, Journal of Nutritional Biochemistry, 20(7), 521 (2009).
14. M. Xia, W. Ling, H. Zhu, J. Ma, Q. Wang, M. Hou, Z. Tang, H. Guo, C. Liu, Q. Ye, Anthocyanin attenuates CD40-mediated endothelial cell activation and apoptosis by inhibiting CD40-induced MAPK activation, Atherosclerosis, 202(1), 41 (2009).
15. Y.C. Chang, K.X. Huang, A.C. Huang, Y.C. Ho, C.J. Wang, Hibiscus anthocyanins-rich extract inhibited LDL oxidation and oxLDL-mediated macrophages apoptosis, Food and Chemical Toxicology, 44(7), 1015 (2006).
16. M.C. Toufektsian, M. De Lorgeril, N. Nagy, P. Salen, M.B. Donati, L. Giordano, H.P. Mock, S. Peterek, A. Matros, K. Petroni, R. Pilu, D. Rotillo, C. Tonelli, J. De Leiris, F. Boucher, C. Martin, Chronic dietary intake of plant-derived anthocyanins protects the rat heart against ischemia reperfusion injury, Journal of Nutrition, 138(4), 747 (2008).
17. P.N. Chen, W.H. Kuo, C.L. Chiang, H.L. Chiou, Y.S. Shou, S.C. Chuc, Black rice anthocyanins inhibit cancer cells invasion via repressions of MMPs and u-PA expression, Chemico-Biological Interactions, 163(3), 218 (2006).
18. Y. Ishigaki, H. Katagiri, J. Gao, T. Yamada, J. Imai, K. Uno, Y. Hasegawa, K. Kaneko, T. Ogihara, H. Ishihara, Y. Sato, K. Takikawa, N. Nishimichi, H. Matsuda, T. Sawamura, Y. Oka, Impact of plasma oxidized low-density lipoprotein removal on atherosclerosis, Circulation, 118(1), 75 (2008).
19. A.J. Lusis, Atherosclerosis, Nature Reviews, 407(6801), 233 (2000).
20. P.A. Jorge, Endotélio, lípides e aterosclerose, Arquivo Brasileiro de Cardiologia, 68(2), 129 (1997).
21. A.F.A. Siqueira, D.S.P. Abdalla, S.R.G. Ferreira, LDL: da síndrome metabólica à instabilidade da placa aterosclerótica, Arquivo Brasileiro de Cardiologia, 50(2), 334 (2006).
22. U. Singh, I. Jialal, Oxidative stress and atherosclerosis, Pathophysiology, 13(3), 129 (2006).
23. D. Steinberg, A critical look at the evidence for the oxidation of LDL in atherogenesis, Atherosclerosis, 131, Suppl. S5 (1997).
24. R. Ross, Atherosclerosis - an inflammatory disease, New England Journal of Medicine, 340(2), 115 (1999).
25. M.P.J. Winther, E. Kanters, G. Kraal, M.H. Hofker, Nuclear factor κB signaling in atherogenesis, Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology, 25(5), 904 (2005).
26. P.T. Kovanen, M.O. Pentikainen, Circulating lipoproteins as proinflammatory and anti-inflammatory particles in atherogenesis, Current Opinion Lipidology, 14(5), 411 (2003).
27. X. Xia, W. Ling, J. Ma, M. Xia, M. Hou, Q. Wang, H. Zhu, Z. Tang, An anthocyanin-rich extract from black rice enhances atherosclerotic plaque stabilization in Apolipoprotein E-deficient mice, Journal of Nutrition, 136(8), 2220 (2006).
28. A. Mauray, D. Milenkovic, C. Besson, N. Caccia, C. Morand, F. Michel, A. Mazur, A. Scalbert, C. Felgines, Atheroprotective effects of bilberry extracts in Apo E-deficient mice, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 57(23), 11106 (2009).
29. K. Miyazari, K. Makino, E. Iwadate, Y. Deguchi, F. Ishikawa, Anthocyanins from purple sweet potato Ipomoea batatas cultivar Ayamurasaki suppress the development of atherosclerotic lesions and both enhancements of oxidative stress and soluble vascular cell adhesion molecule-1 in Apolipoprotein E-deficient mice, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 56(23), 11485 (2008).
30. J.G. Scandalios, Oxidative stress: molecular perception and transduction of signals triggering antioxidant gene defenses, Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 38(7), 995 (2005). S.M.R. Ribeiro, M.E.L.R. Queiroz, M.C.G. Peluzio, N.M.B. Costa, S.L.P. 31.
31. Matta, J.H. Queiroz, Antioxidantes na dieta, Em: N.M.B. Costa, M.C.G. Peluzio, "Nutriçâo Básica e Metabolismo", Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008, p.235-260.
32. C. Manach, A. Sacalbert, C. Morand, C. Rémésy, L. Jiménez, Polyphenols: food sources and bioavailability, American Journal of Clinical Nutrition, 79(5), 727 (2004).
33. D. Anderson, Antioxidant defenses against reactive oxygen species causing genetic and other damage, Mutation Research, 350(1), 103 (1996).
34. L. Aviram, L. Dornfeld, M. Rosenblat, N. Volkova, M. Kaplan, R. Coleman, Pormegranate juice consumption reduces oxidative stress, atherogenic modifications to LDL, and plaquet aggregation: studies in human and in atherosclerotic apolipoprotein E- deficient mice, American Journal of Clinical Nutrition, 71(5), 1062 (2000).
35. L. Yi, C. Chen, X. Jin, M. Mi, W. Ling, T. Zhang, Structural requirements ofanthocyanins in relation to inhibition of endothelial injury induced by oxidized low-density lipoprotein and correlation with radical scavenging activity, FEBS Letters, 584(3), 583 (2010).
36. J. Kong, L. Chia, N. Goh, T. Chia, R. Brouillard, Analysis and biological activities of anthocyanins, Phytochemistry, 64(5), 923 (2003).
37. Y. Quin, M. Xia, J. Ma, Y.T. Hao, J. Liu, H.Y. Mou, L. Cao, W.H. Ling, Anthocyanin supplementation improves serum LDL- and HDL-cholesterol concentrations associated with the inhibition of cholesteryl-ester transfer protein in dyslipidemic subjects, American Journal of Clinical Nutrition, 90(3), 485 (2009).
38. S. Mertens-Talcott, J. Rios, R. Jilma-Stohlawetz, L.A. Pacheco-Palencia, B. Meibohm, S.T. Talcott, H. Derendorf, Pharmacokinetics of Anthocyanins and antioxidant effects afte r th e consumptio n o f Anthocyanin-ric h aca i juic e an d pulp (Euterpe oleracea Mart.) in Human Healthy Volunteers, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 56(17), 7796 (2008).
39. M.O.S. Souza, M.S. Silva, M.E. Silva, R.P. Oliveira, M.L. Pedrosa, Diet supplementation with acai (Euterpe oleracea Mart.) pulp improves biomarkers of oxidative stress and the serum lipid profile in rats, Nutrition, 26(7-8), 804 (2009).
40. R. Beltrán-Debón, C. Alonso-Villaverde, G. Aragonés, I. Rodríguez-Medina, A. Rull, V. Micol, A. Segura-Carretero, A. Fernández-Gutiérrez, J. Camps, J. Jovem, The aqueous extract of Hibiscus sabdariffa calices modulates the production of monocyte chemoattractant protein-1 in humans, Phytomedicine, 17(3-4), 186 (2010).
41. S. Hogan, H. Chung, L. Zhang, J. Li, Y. Lee, Y. Dai, K. Zho, Antiproliferative and antioxidant properties of anthocyanin-rich extract from açai, Food Chemistry, 118(2), 208 (2010).
42. E.S. Kao, T.H. Tseng, H.J. Lee, K.C. Chan, C.J. Wang, Anthocyanin extracted from Hibiscus attenuate oxidized LDL-mediated foam cell formation involving regulation of CD36 gene, Chemico-Biological Interactions, 179(2-3), 212 (2009).
43. M.E. Matheus, S.B.O. Fernandes, C.S. Silveira, V.R. Rodrigues, F.S. Menezes, P.D. Fernandes, Inhibitory effects of Euterpe oleracea Mart. on nitric oxide production and iNOS expression, Journal of Ethnopharmacology, 107(2), 291 (2006).
44. A. Solomon, S. Golubowicz, Z. Yablowicz, M. Bergman, S. Grossman, A. Altman, Z. Kerem, M. A. Flaishman, EPR Studies of O2 , OH, and 1O2 scavenging and prevention of Glutathione depletion in fibroblast cells by Cyanidin-3-rhamnoglucoside isolated from fig (Ficus carica L.) fruits, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 58(12), 7158 (2010).
45. R.V. Tonon, C. Bradet, M.D. Hubinger, Anthocyanin stability and antioxidant activity of spray-dried açai (Euterpe oleracea Mart.) juice produced with different carrier agents, Food Research International, 43(3), 907 (2010).
46. M.S.M. Rufino, R.E. Alves, E.S. Brito, J. Pérez-Jiménez, F. Saura-Calixto, J. Mancini-Filho, Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil, Food Chemistry, 121(4), 996 (2010).
47. G.M. Santos, G.A. Maia, P.H.M. Souza, J.M.C. Costa, R.W. Figueredo, G.M. Prado, Correlaçâo entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart), Archivos Latinoamericanos de Nutrición, 58(2), 187 (2008).
48. R. B. Rodrigues, R. L. Ler, B. F. Zimmermann, M. Papagiannopoulos, H. Fabricius, F. Marx, Total oxidant scavenging capacity of Euterpe oleracea Mart. (açaí) seeds and identification of their polyphenolic compounds, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 54(12), 4162 (2006).
49. A. Karlsen, L. Retterstøol, P. Laake, I. Paur, S. Kjølsrud-Bøhn, L. Sandvik, R. Blomhoff, Anthocyanins inhibit nuclear factor-kappaB activation in monocytes and reduce plasma concentrations of pro-inflammatory mediators in healthy adults, Journal of Nutrition, 137(8), 1951 (2007).
50. L. Gu, Y. Okada, S. K. Clinton, Absence of monocyte chemoattractant protein 1 reduces atherosclerosis in low density lipoprotein receptor-deficient mice, Molecular Cell, 2(2), 275 (1998).
51. F. Mach, U. Schonbeck, P. Libby, CD40 signaling in vascular cells: a key role in atherosclerosis? Atherosclerosis, 137, Suppl. S 89 (1998).
Cómo citar
APA
ACM
ACS
ABNT
Chicago
Harvard
IEEE
MLA
Turabian
Vancouver
Descargar cita
Visitas a la página del resumen del artículo
Descargas
Licencia
Derechos de autor 2011 Revista Colombiana de Ciencias Químico-Farmacéuticas

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
El Departamento de Farmacia de la Facultad de Ciencias de la Universidad Nacional de Colombia autoriza la fotocopia de artículos y textos para fines de uso académico o interno de las instituciones citando la fuente. Las ideas emitidas por los autores son responsabilidad expresa de estos y no de la revista.
Todo el contenido de esta revista, excepto dónde está identificado, está bajo una Licencia Creative Commons de Atribución 4.0 aprobada en Colombia. Consulte la normativa en: http://co.creativecommons.org/?page_id=13