Comemorando a ditadura, celebrando o capital: uma interpretação do Monumento a Castelo Branco como uma “memória do capitalismo” (Porto Alegre, Brasil, 1979)
Commemorating the dictatorship, celebrating the capital: an interpretation of the monument to Castelo Branco as “memory of capitalism” (Porto Alegre, Brazil, 1979)
Conmemorando la dictadura, celebrando el capital: una interpretación del Monumento a Castelo Branco como “memoria del capitalismo” (Porto Alegre, Brasil, 1979)
DOI:
https://doi.org/10.15446/hys.n47.112397Keywords:
cumplicidade empresarial, ditadura civil-militar brasileira, justiça de transição, memória coletiva, memória do capitalismo, monumentos históricos, Brasil, século XX (pt)business complicity, Brazilian civil-military dictatorship, transitional justice, collective memory, memory of capitalism, historical monuments, Brazil, 20th century (en)
complicidad empresarial, dictadura cívico-militar brasileña, justicia transicional, memoria colectiva, memoria del capitalismo, monumentos históricos, Brasil, siglo XX (es)
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o envolvimento de empresários nas ditaduras implementadas no Cone Sul na América Latina nos anos 1960 e 1970 vem sendo pesquisado multidisciplinarmente, com predileção para os temas da colaboração e do financiamento com os órgãos da repressão. Iniciativas do campo da justiça de transição têm reconhecido a responsabilidade empresarial por essas violações de direitos humanos, contribuindo para a elaboração de medidas de reparação e políticas de memória. Este artigo propõe um estudo sobre um tipo específico de cumplicidade entre o capital e o Estado: a construção de homenagens às ditaduras nos espaços públicos. Mobilizando um arcabouço teórico do qual se destacam as categorias de dádiva e contra-dádiva, e utilizando documentos oficiais e periódicos de diversas procedências, analisa o Monumento a Castelo Branco, construído em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1979, por iniciativa de um grupo de empresários sul-rio-grandenses. Argumenta-se que o monumento pode ser considerado uma “memória do capitalismo”, porque a homenagem selou relações entre o empresariado e a ditadura durante a conjuntura de transição política. Desta forma, explica-se a importância da ressignificação dessas homenagens e de repensar as formas de reparação e responsabilização no escopo da justiça de transição
the participation of businesspeople in the dictatorships of the 1960s and 1970s in the Southern Cone in Latin America has been investigated in a multidisciplinary manner, with a preference for the issues regarding business complicity in the functioning of the repressive apparatus. Initiatives in the field of transitional justice have recognized the corporate responsibility for those human rights violations, contributing to the development of reparation measures and memory policies. This article proposes a study on a specific type of complicity between the capital and the state: constructing tributes to dictatorships in public spaces. For this purpose, a theoretical framework was applied highlighting the categories of gift and counter-gift and using official documents and newspapers to analyze the monument to Castelo Branco, built in Porto Alegre, capital of the province of Rio Grande do Sul, Brazil, in 1979, at the initiative of a group of businesspeople. It is argued that the monument can be considered a “memory of capitalism”, since the tribute sealed relations between business and dictatorship during the political transition. Hence, it explains the importance of reconsidering these tributes and rethinking the forms of reparation and accountability within the transitional justice area.
la participación de empresarios en las dictaduras de las décadas de 1960 y 1970 en el Cono Sur de América Latina ha sido investigada de manera multidisciplinaria, con preferencia por los temas de la complicidad empresarial en el funcionamiento del aparato represivo. Iniciativas en el campo de la justicia transicional han reconocido la responsabilidad empresarial por esas violaciones a los derechos humanos, contribuyendo al desarrollo de medidas de reparación y políticas de memoria. Este artículo propone un estudio sobre un tipo específico de complicidad entre el capital y el Estado: la construcción de homenajes a las dictaduras en los espacios públicos. Para ello, aplicó un marco teórico en que se destacan las categorías de donación y contradonación y se utilizaron documentos oficiales y periódicos para analizar el Monumento a Castelo Branco, construido en Porto Alegre, capital de la provincia de Rio Grande do Sul, Brasil, en 1979, por iniciativa de un grupo de empresarios. Se sostiene que el monumento puede considerarse una “memoria del capitalismo”, porque el homenaje ha sellado las relaciones entre el empresariado y la dictadura durante la transición política. De esta manera, se explica la importancia de replantearse estos homenajes y repensar las formas de reparación y rendición de cuentas en el ámbito de la justicia transicional.
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