Miedo, impunidad y resistencias: disputas por las memorias sociales del conflicto armado en el departamento Risaralda, Colombia (1948-2023)

Fear, impunity and resistances: disputes over social memories of the armed conflict in the department of Risaralda, Colombia (1948-2023)

en los márgenes de la dualidad entre la guerra y la paz en Colombia se tejen las disputas por las memorias sociales del conflicto armado y sus secuelas. Tal disputa encuentra en Risaralda un agravante adicional: el discurso negacionista del conflicto armado acompañado de una representación oficial del pasado matizado por el civismo y el progreso a escala regional. En ese marco, este artículo de corte sociohistórico apeló a la historia oral y al estudio de caso para interpretar las tensiones por las memorias sociales del conflicto armado interno en el departamento colombiano de Risaralda, tomando el concepto de lugares de memoria del historiador Pierre Nora. Así, fue posible identificar y describir tres dispositivos de las memorias sociales del conflicto armado en Risaralda representados por lugares de memoria objetivados en los siguientes casos: los hornos crematorios como memorias de impunidad (municipio de Santuario); en las prácticas de gobernanza triétnica como memorias de resistencia (municipio de Pueblo Rico); y en las luchas sociales urbanas y las críticas a los relatos hegemónicos del civismo como expresiones de memorias sociales en tensión (ciudad de Pereira). Así, se concluyó que las disputas por el pasado perfilan en la actualidad los insumos para la memoria histórica y para las pretensiones de justicia y verdad en el tiempo del posacuerdo, en una región abocada al negacionismo del conflicto y sus complejas secuelas.

on the margins of the duality between war and peace in Colombia, disputes over the social memories of the armed conflict and its aftereffects are woven. In Risaralda, this dispute finds an additional aggravating factor: the negationist discourse of the armed conflict accompanied by an official representation of the past nuanced by civility and progress on a regional scale. Within this framework, this sociohistorical-natured article appealed to oral history and case study to interpret the tensions over the social memories of the internal armed conflict in the Colombian department of Risaralda, taking as its basis the concept of places of memory of the historian Pierre Nora. Thus, it was possible to identify and describe three devices of social memories of the armed conflict in Risaralda represented by places of memory objectified in the following cases: in crematorium ovens as memories of impunity (county of Santuario); in tri-ethnic governance practices as memories of resistance (county of Pueblo Rico); and in urban social struggles and critiques of hegemonic narratives of civility as expressions of social memories in tension (city of Pereira). Hence, it was concluded that the disputes over the past are currently shaping the elements for historical memory and for the claims for justice and truth in the post-agreement period, in a region that is doomed to conflict negationism and its complex aftermath.

à margem da dualidade entre guerra e paz na Colômbia, tecem-se disputas em torno das memórias sociais do conflito armado e das suas sequelas. Em Risaralda, essa disputa encontra um agravante adicional: o discurso negacionista do conflito armado acompanhado de uma representação oficial do passado matizada de civismo e progresso à escala regional. Neste contexto, este artigo sócio-histórico recorreu à história oral e a estudos de caso para interpretar as tensões sobre as memórias sociais do conflito armado interno no departamento colombiano de Risaralda, utilizando o conceito de lugares de memória do historiador Pierre Nora. Assim, foi possível identificar e descrever três dispositivos de memórias sociais do conflito armado em Risaralda representados por lugares de memória objetivados nos seguintes casos: os fornos crematórios como memórias de impunidade (município de Santuario); as práticas de governação tri-étnica como memórias de resistência (município de Pueblo Rico); e nas lutas sociais urbanas e críticas às narrativas hegemônicas de civilidade como expressões de memórias sociais em tensão (cidade de Pereira). Concluiu-se, assim, que as disputas pelo passado configuram hoje os contributos para a memória histórica e para as reivindicações de justiça e verdade no período pós-acordo, em uma região empenhada na negação do conflito e das suas complexas sequelas.