Tinta y libertad: prensa de Quito, gacetas de gobierno y voces de esclavos en la construcción de la manumisión (1830-1850)

Ink and Freedom: How Quito’s Press, Government Gazettes, and Slave Voices Helped Shape Manumission (1830-1850)

este artículo pretendió entender cómo la prensa quiteña de inicios del siglo XIX participó del proceso de manumisión de esclavos de la ciudad, en una época en que las libertades ciudadanas eran una prioridad política para la sociedad criolla de los incipientes países latinoamericanos. Con base en la información de periódicos quiteños se mostró cómo desde el inicio del siglo hasta la llegada del movimiento marcista —que puso fin a la esclavitud en la ciudad— los periódicos independientes y las gacetas de los gobiernos de turno se pronunciaron sobre la esclavitud, los subalternos y la situación que vivían. Se evidenció que los productores de periódicos independientes dieron distintos usos semánticos al término esclavitud y se reveló que sus discursos tuvieron significativas similitudes con alegatos de esclavos quiteños que buscaron su libertad mediante solicitudes de manumisión elaboradas por amanuenses. Esto sugiere una imbricación ideológica de varios sectores a favor del proceso, en detrimento de sectores contrarios a la manumisión. Se constató que las reformas en las normativas sobre la esclavitud contribuyeron al avance gradual del proceso de manumisión y que los esclavos, en sus solicitudes de manumisión, lucharon activamente contra la lentitud del proceso.

this article examined the contribution of Quito’s early XIX century press to the process of slave manumission in the city, in a context where civil liberties were a political priority for the Creole society of the newly formed Latin American nations. Drawing on information from Quito’s newspapers, the article showed that from the beginning of the century up to the arrival of the March Revolution —which ended slavery in the city— independent newspapers and the official gazettes of successive governments addressed the subject of slavery, the subordinate classes, and their living conditions. It was shown that independent newspaper publishers gave different meanings to the term slavery, and it was revealed that their discourses closely resembled the pleas of Quito’s slaves, who sought freedom through manumission petitions drafted by scribes. This suggests an ideological intertwining of various sectors in favor of the process, to the detriment of groups opposing manumission. It was found that reforms in slavery regulations helped gradually advance the manumission process, and that enslaved people, through their petitions, actively resisted the drawn-out nature of that process.

este artigo procurou entender de como a imprensa quitenha de começos do século XIX participou do processo de alforria dos escravos da cidade, em uma época na que as liberdades cidadãs eram uma prioridade política para a sociedade crioula dos incipientes países latino-americanos. Em base na informação de jornais quitenhos mostrou-se como desde o começo do século até a chegada do movimento marxista – que colocou fim à escravidão na cidade – os jornais independentes e as gazetas dos governos em funções, pronunciaram-se sobre a escravidão, os subalternos e a situação que viviam. Evidenciou-se que os produtores de jornais independentes deram distintos usos semânticos ao termo escravidão e se revelou que os seus discursos tiveram significativas semelhanças com argumentos de escravos quitenhos que procuraram sua liberdade pelo meio de solicitudes de alforria realizadas por roteiristas. Isto sugere uma imbricação ideológica de vários setores a favor do processo, em detrimento de setores contrários à alforria. Se verificou que as reformas nas normativas sobre a escravidão contribuíram ao avanço progressivo do proceso de alforria e que os escravos, nas suas solicitudes de alforria, lutaram ativamente contra a lentidão do processo.