Revista Trabajo Social 27(2) - Historias y epistemologías del Trabajo Social - Convocatoria
Volumen 27, número 2. Historias y epistemologías del Trabajo Social
Os estudos disciplinares são interpelados por pensamentos complexos e decoloniais, pois segmentam os conhecimentos produzidos atendendo aos requisitos de "validade, racionalidade, objetividade, verificabilidade, sistematicidade e precisão". Por exemplo, no pensamento complexo, a ciência moderna fragmentou a vida e, consequentemente, a nova ciência implica em uma "unidade complexa" trans ou indisciplinar. Por sua vez, no pensamento decolonial, as ciências sociais devem ser construídas com um caráter trans ou indisciplinar, situando questões disciplinares como parte dos diálogos a serem impulsionados em vastos campos do saber.
No entanto, explicitar reflexões disciplinares do Serviço Social é uma questão atual, assim como visualizar deliberações inter, trans e indisciplinares é um tema chave. Por isso, convidamos vocês a expor pesquisas sobre questões históricas e epistemológicas do Serviço Social, destacando seus acervos de noções, postulados, agendas, experiências e projeções, na mesma medida que seus acumulados de preferências, tendências, controvérsias, tensões, complementaridades e concorrências.
Desde o final do século XIX, no mundo ocidental, o Serviço Social revela devires nos quais sua comunidade acadêmica, por meio de pesquisas e intervenções situadas, materializa referências que surgem, mutam, subjugam, predominam e coexistem em seus próprios campos e, igualmente, em outras disciplinas. Isso contribui para sustentar, reformar ou transformar os contextos nos quais amplos setores da sociedade estão localizados.
Considerando essas teias disciplinares, é fundamental visibilizar participações que permitam esclarecer contextos, horizontes, diretrizes, trajetórias, resultados e aprendizados desse Serviço Social. Portanto, esperamos receber contribuições que respondam a: quais características sociais, ambientais, econômicas, políticas e culturais condicionaram os desdobramentos do Serviço Social? Como os ciclos de gestão do conhecimento do Serviço Social têm sido ativados em suas espacialidades e temporalidades? Quais são as características da produção, circulação e aplicação de conhecimentos do Serviço Social em tempos e espaços específicos? Quais atributos evidenciam a relação entre pesquisa, intervenção e transformação nos desenvolvimentos do Serviço Social? Isso reflete conflitos? Se sim, de que tipos? Como foram resolvidos? Quais lições, conquistas e desafios essa relação deixa?
No presente número da revista, damos atenção específica à pesquisa sobre intervenção, uma vez que no Serviço Social esta última tem sido um componente de legitimidade social e, com mais obstáculos, de legitimidade acadêmica.
Vale lembrar que, no início do século XX, essas legitimidades começaram a se enraizar em uma espécie de "conhecimento de base comum" fundamentado nas obras pioneiras do Serviço Social. Por exemplo, Mary Richmond em Diagnóstico Social (1917) explicou aos praticantes os métodos que foram úteis às suas antecessoras. Neste livro, ela estabeleceu a relevância de se inspirar na prática profissional para entendê-la, criticando o imediatismo da prática e o excessivo ênfase dado ao método científico, pelas emergentes ciências sociais, como parâmetro de sua confiabilidade. Ou seja, Richmond rejeitou a inspiração imediata das situações abordadas, assim como o estrito cumprimento de normas e fórmulas teóricas como guias exclusivos. Desde então, a pesquisa sobre intervenção é assumida como terreno com substratos férteis na construção e extensão de conhecimentos relativos ao Serviço Social.
No entanto, o pluralismo que encoraja este número do Serviço Social alude às imbricações bioéticas, políticas, ontológicas, epistemológicas, contextuais, teóricas ou metodológicas dos trabalhadores sociais com atores sociais, estatais e comerciais em condições difusas ou complicadas, bem como transbordantes de opções. Portanto, aspiramos reunir contribuições até configurar um mosaico histórico e epistemológico do Serviço Social que nos una e, ao mesmo tempo, reconheça nossas diferenças.
Maira Judith Contreras Santos
Directora-Editora
Revista Trabajo Social
Recepção de manuscritos e resenhas: até 15 de junho de 2024.